Oito, quarenta, oitenta

Me considero um homem radical em opiniões e atitudes, como se diz “oito ou oitenta”, mas venho notando e aprendendo a duras penas que preciso estar mais no meio que nas extremidades...

Percebi que não posso impor minhas resoluções aos outros nem exigir que tenham as mesmas atitudes (ou falta delas) que eu para determinados tópicos, não tem sido fácil abandonar uma postura de uma vida (curta ainda) e trilhar o caminho da aceitação de que as pessoas são diferentes e o olhar direcionado a cada uma delas deve ser assim também.

Sempre me portei como homem apaixonado, meu coração pouquíssimas vezes esteve vazio, o amor a alguém sempre esteve presente, mesmo que não fosse declarado e, achava que quem fosse me querer, iria querer (e ter de aceitar) um homem apaixonado, romântico durante 100% do tempo. Vejo que não.

Hoje noto que há momentos em que o romantismo poético de um escritor de pequenos textos de amor precisa dormir, precisa se restringir aos textos de amor e, durante aquelas situações onde não há espaço as palavras escritas, o romântico morre, deixando apenas o homem carnal, que enxerga carne, não alma.

Posso enfiar uma espada no peito e cortar parte do meu coração, ver o sangue que escorre da lamina todo o romance e beleza que busquei para aqueles momentos pingar no chão, mas se há momento em que o romance atrapalha, que ele sangre, que sangremos juntos, haverá a hora dele voltar ao coração e o corte se fechar. É uma questão bastante simples de buscar a harmonia, nem oito, nem oitenta... Quarenta.

No fim, sei que haverá espaço para ambas as “faces”, um pouco do mais e um pouco do menos, cada um na sua hora e lugar, sem qualquer dificuldade pela presença deste no lugar daquele, equilíbrio é a fonte da segurança e do sucesso.

Já escrevi certa vez sobre a busca do meio termo e, me parece, ainda não consegui encontrá-lo, mas estou bem mais próximo, ao menos agora não caminho sozinho no meio da estrada por onde passam carros e caminhões, tudo que preciso fazer é caminhar seguro na faixa amarela que separa as duas mãos.

Quando conseguir, é certo que escreverei sobre isso novamente, mas é certo também que escreverei mais uma ou duas vezes sobre isso, minha forma de renegar o meio termo, minha birra de criança é vir aqui e escrever tudo ao contrario do que tento fazer, de um jeito ou de outro, também é uma forma de equilíbrio...