Leitor do Silêncio
Dizem que para bom entendedor, meia palavra basta, ela esta me fazendo ser o melhor entendedor do mundo.
Mulher silenciosa envolta de todo mistério do mundo, mulher que diz sem falar e ai daquele que não entender os seus sinais, seus recados, suas oportunidades. Venho me tornando um leitor do silencio dela, capaz de perceber seus desejos e medos através da falta de som que produz, do olhar que me lança.
É bom, é interessante estar sempre alerta ao que ela esta tentando me dizer, aprendo muito, aprendi que ligar para dizer onde esta também é uma forma de dizer que me ama, antes eu era preso as palavras exatamente como são, se me ama, diga “eu te amo”.
Silenciosa até na hora de amar, a noite, seus suspiros baixos, gemidinhos me dizem se gosta ou não, mãos que apertam e arranham com medo de machucar, mesmo quando digo que não se preocupe, um sorriso depois de um beijo bem dado... Tenho que ler tudo isso.
Mas não é toda silenciosa, também fala, fala muito, quando não gosta de alguma coisa e, confesso, me causa certa estranheza e confusão sair do silencio cheio de sinais a uma falação alta e nervosa, esta segunda parte eu ainda estou aprendendo a lidar.
Esta dualidade, este paradoxo, estar sempre o mistério de uma mulher e a verdade cuspida na cara quando contrariada é que me seduz cada vez mais, estar sempre na corda bamba... Mas digo que aos poucos vou desvendando-a, lentamente, sem pressa de descobrir todos seus segredos, seus “macetes”, mas o tempo tem sido um forte aliado.
As vezes gostaria que ela falasse mais, que dissesse com palavras se gostou, que respondesse certas perguntas, mas me questiono se eu gostaria realmente que fosse desfeito todo esse jogo de desvendar o que se passa naquela cabeça olhando seus lindos olhos... Acredito que não, no fim, é melhor deixar como está.
Só lamento não ter oportunidade de sempre poder ler os olhos dela, o jogo seria mais fácil se, todos os dias, eu pudesse olhá-los uma vez ao menos, por enquanto vou tentando ler silêncios em texto, em voz, em respiração no fone...
Mas eu aprendo... Com o tempo, eu aprendo.