O político evangélico, e o evangélico político
Segundo uma gaiatice da praça, “a ordem dos tratores não altera o viaduto”, porém, no presente caso altera tanto, que a elevada vira túnel. Vamos avaliar ambos os lados, para tentar fazer convincente essa afirmação.
O político evangélico é, antes de tudo, político. Por vocação, representatividade, profissão; ele é, sempre foi, e sempre será político; incidentalmente, é evangélico.
Pode ter se convertido depois de seu ingresso político, ou mesmo, nascido em lar evangélico, mas, sempre labutou na política, não obstante sua fé. Há muitos assim, e não vejo problema algum, pois, a política de per si, é amoral, apenas um trabalho. Como se executa o mesmo é outro assunto.
Na verdade, nossa chamada é para que sejamos, entre outras coisas, “luz do mundo”. Que melhor lugar para labutar que um emprego público, se nosso caráter é do tipo que pode ser exemplo? Contra o político evangélico, pois, “à priori”, nenhum reparo.
Já o evangélico político é um caso a parte. Geralmente um líder de rebanhos expressivos, convenções, pregador de massas, que, vendo no rebanho de Cristo algo “Seu”, decide usar a força que tem, para edificar o “O Reino de Deus”.
Alguns, safados de nascença, outros, deslumbrados eventuais, que fazem o negócio da China que fez Esaú; trocou sua primogenitura por um prato de lentilhas. Esses trocam um ministério de consequências eternas, (Os que os têm) por um quadriênio de poder terreal.
Alguns, grandes igrejários, prescindem desse viés, pois suas empresas rendem mais que as tetas de Brasília, por mais leite que vertam. Apesar de suas prédicas apontarem uma recompensa porvir, como convém, empenham-se para alcançar logo na terra; deve ser mais prático.
Não devemos nos espantar, pois, de ver tantos parlamentares “evangélicos” envolvidos em escândalos financeiros, investigados por essa ou aquela falcatrua.
Os safados de berço, apenas, manifestam sua “fé”, os que apostataram pelo brilho do “bezerro de ouro”, não podem mais, apregoar as “tábuas da lei”, pois, apesar dos ternos e gravatas, estão de cuecas.
O problema maior desse reverso upgrade, é que, quando meros pregadores, eram apenas inócuos no prisma da virtude; após, como “representantes” gospels, são eficazes, deveras, no aspecto de denegrir aos verdadeiros servos de Deus.
Afinal, sempre que aparece um escândalo de um desses, se diz em La prensa, que o pastor tal ou o bispo qual, fizeram a coisa. Quem vê de fora, não tem o dever nem a condição de separa cisco dos grãos; assim, a sujeira é inevitável.
Apesar das exortações bíblicas sempre apontarem em direção à humildade, Deus jamais chama, ministerialmente, “para baixo”.
Aquele que tem chamada e vocação pastoral, para viver e ensinar a Lei de Deus, não é instruído a largar isso, pela fugaz e imperfeita lei dos homens.
Paulo exortou ao Jovem Pastor Timóteo acerca da grandeza do que estava em jogo, em seu precoce ministério; “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra.” II Tim; 2; 4
Então, quando durante a campanha aparece um especialista em pontuar versículos oportunistas dizendo: “para deputado Pastor tal” eu penso: Se ele é pastor, estaria abandonando seu emprego e vocação com minha ajuda, sonegando o amor e cuidado devidos às suas ovelhas; acho que não vou ajudá-lo a fazer essa besteira...
Não gramaticalmente falando, mas falando, é incoerência conjugar o verbo 'amar' no passado.
Nani Soares