Maquina do Tempo
Eu vou construir uma maquina do tempo, só não decidi ainda o estilo, posso copiar o carro do filme De Volta Para o Futuro, apesar de não saber dirigir, ou uma das engenhocas malucas cheias de engrenagens e luzes, ou um relógio maluco... Enfim, eu sei que não vou ficar aqui esperando amanhã chegar.
Certos dias não precisariam ser vividos, não por nada mas por serem só mais do mesmo, por que eu devo ficar e viver mais uma segunda-feira igual a todas as outras sabendo que, mês que vem, vou ter uma excelente Sexta e um ótimo Sábado?
Por isso vou construir a maquina, vou poder passar os dias e viver logo tudo de especial que me reserva o futuro, quando sentir saudades poderei reviver momentos passados, três, quatro vezes até cansar (se é que vou cansar), poderia tirar fotos de momentos que não tirei ou dizer o que devia mas não disse.
Prometo que não vou ao futuro só dar uma olhada pra ver como as coisas estão, irei ao futuro pra vivê-lo, vou para sentir na pele os dias que espero ansiosamente, vou aos dias em que a distancia intermunicipal será reduzida ao alcance dos braços e ainda sim iremos encurtá-la nos abraçando apertado.
Se eu já tivesse construído, não veria passar essa semana e sim voltaria ao passado todos os dias, para vê-la novamente colada a mim, para vê-la novamente de cima, de baixo, ao momento em que nosso mundo estava reduzido a eu, ela e a parede atrás dela.
Mas eu ainda não iniciei meu projeto e todos os dias tenho que sentir cada quilometro que nos separa, e são centenas, a cada noite eu tenho que comemorar por estar um dia mais próximo dos grandes dias que vem vindo a passos lentos... os sete dias da semana parecem meses quando separados e os dias juntos, soam como minutos.
Talvez eu pause o tempo para fazer aquele abraço de cinco minutos se transformarem em coisa de cinco horas ou mais, talvez eu nunca mais a solte.
Faço um pacto de não mudar o passado quando estiver lá, farei as mesmas coisas que fiz, viverei os mesmos momentos, cada um deles, bons e ruins. Todos os momentos ruins, a idade da dor, valeram a pena com a recompensa que tive.
O primeiro momento que voltarei quando terminar a construção é o do dia que a conheci, a forma com que aconteceu anunciou o jeito especial da relação que teríamos, naquele momento eu não tive a noção exata da importância que tinha, mas, agora, eu viveria a experiência de ver aqueles olhos pela primeira vez.