Uma cara nova
Suspeitar esta longe de ser saber a verdade, de ter todo o conhecimento, as vezes não suspeitar de nada te coloca mais próximo do que realmente é do que a criação das teorias mirabolantes e lunáticas que vem justificando a suspeita...
Eu suspeitava, sinceramente, da existência daquela dentro dela, mas Cristo! Quando a conheci achei por um momento que não suportaria tamanha intensidade, não tive espaço pra pensar nada, sem qualquer raciocínio perdi a cabeça e só tive uma escolha, libertar o que estava aprisionado também.
Foi como se os limites do mundo tivessem ficado pequenos, não suportariam tamanha explosão, na verdade erro em ocultar o plural, foram explosões que tomavam fôlego entre carinhos e, quando tornavam a capacidade máxima não havia respeito a qualquer barreira, a física de Newton que afirma que dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo foi fortemente desafiada naquele dia.
Essas duas figuras por trás de rostos conhecidos não se enfrentavam, se entendiam perfeitamente entre negativas verbais (talvez um grito desesperado da racionalidade que ia morrendo) e afirmativas gestuais, dizer “afaste-se” enquanto se puxa com a mão, naquele momento, não tinham nada de errado, nada de contraditório.
E o fôlego vinha novamente, o tempo parecia parar, não havia qualquer necessidade que os eventos do mundo continuassem correndo, por que o sol teria que nascer se a noite estava tão boa? O mínimo de movimentos trazia um maximo de sabor e sentido a tudo.
Unhas e dedos se encontraram mais de uma vez com costas e rostos, apertaram-se, puxaram um contra o outro, em silencio, eram predadores e preza ao mesmo tempo e ambos gostavam muito do perigo que corriam.
Eles tentaram parar algumas vezes, mas não conseguiram, havia uma espécie de dependência pelo toque continuo e pelo toque novo e o ciclo reiniciava, com certo nível de fúria esqueciam-se dos deveres do amanhã, do tempo que teimava em correr, do resto do mundo ao redor e voltavam ao “enfrentamento”, um contra o outro, um a favor do outro.
Por fim, a racionalidade voltou, fez seu ultimo esforço auxiliada pela hora do relógio e pelos primeiros raios do sol que apareciam na janela, as duas novas velhas pessoas foram guardadas em suas caixas e as antigas retornaram, porem, marcadas pela cicatrizes deixadas, deram as mãos e fizeram o que deviam ter feito numa noite comum, dormiram.