Ultimo Ato
Estou a caminho de um momento que não desejei nem nos momentos de raiva, pensei, mas não desejei verdadeiramente. Só que chega uma hora que alguém tem que dizer que o cachorro está morto e não fingir que ele está só dormindo, mesmo quando as moscas já pousam em seu corpo.
Só me pergunto porque tinha que ser eu, seria bem mais fácil ser simplesmente avisado, fazer cara de surpresa, sentir uma ou outra lagrima sincera e pronto. Mas não é assim que quer o destino (ou o que quer que seja que defina essas coisas). Cabe a mim a chamada e cabe a mim o aviso. Estou indo assinar um mero termo de termino. Declarar o que já está na cara.
Que palavras eu uso? Normalmente quem é obrigado a este tipo de postura acaba taxado de vilão. Mas eu não fui o vilão, não dessa vez. Minha vilania é justificada, é motivada, se eu tenho que acertar uma apunhalada em alguém nesse dia, minha mão esta sendo forçada.
Já fiz alguns planos e confesso até que ensaiei uma ou outra palavra pra dizer, quero ser extremamente racional mas só de tentar me antecipar às reações que terei de enfrentar, me deixa aflito e muito emocional. Não vai ser fácil.
Vou tentar ser o mais direto possível, esse tipo de assunto não pede introduções muito longas, alem do mais, enquanto eu estiver dando as razões do assunto, abro espaço pra que pensem, teorizem e isso é a ultima coisa que quero. Quero chegar, dizer, resolver e ir embora, com minha capa preta.
O caminho hoje se tornou especialmente curto, sinceramente gostaria que ele se alongasse o maximo que desse, só pra adiar alguns minutos este momento difícil. Eu estou indo de encontro ao fim, mas sinto não ser um caminho para frente, estou apenas olhando pra trás e percebendo que o fim já passou.