O maior dos vômitos (desculpem a grosseria)
Um grande turbilhão de sentimentos e sensações tenho sido jogado a cada dia, as vezes desfruto de mares calmos e quentes mas, na maior parte das vezes, me torno joguete nas furiosas ondas que batem nas pedras, e eu bato junto.
O pensamento emocional (se é que posso chamar assim) gentilmente vem dando espaço a linhas racionais e mais frias de pensamento, porem, antes de se retirar por completo o coração abraçou o cérebro deixando sobre este seu cheiro, fez um caminho de argolas douradas para facilitar a volta caso precisasse.
Agora abandonando a imagem do poetinha sem rimas e assumindo o par de óculos e a capa de doutor advogado, frio, com uma passagem só de ida para o inferno tento, honestamente, dar o que esperam de mim.
Esperam mais das coisas que me faltam e menos das que me abundam, tento me adaptar a esta expectativa (sem criar as minhas), mas sem me desfigurar, não seria honesto “vender” um eu que não existe, seria um boneco e não sou ator para representar. Exagerar no que passaria batido a olhos como os meus e fingir não ver o que antes era gritante, um exercício que pode ser muito difícil mas também tende a ser recompensador.
Já cansei de gente burra (que, por benção dos céus, deram um tempo) mas também canso de gente esperta, porque não ser simplesmente gente? Existe a rede de informação que corre em qualquer grupo de seres humanos e ignorar a existência dela é um pecado tão grande quanto valer-se da mesma para algum beneficio “oculto”. Eu cansei, eu me retiro de todas essas redes e a partir de agora só saberei de x se falado por x, só falarei de y se for para y.
Errei feio ao jogar um jogo sozinho, acreditando que tinha rivais. Ver como jogo facilitou a observação de um plano geral das coisas, porem, o tempo me mostrou que mais da metade de tudo que via e suspeitava não passava de ilusão ou historia mal contada, concreto só minha fúria, nem as palavras que dedicava a cada movimento tinham a força que precisavam ter.
Não há mais necessidade de jogar mas a alma do jogador ainda que mover pinos e rolar dados numa esquizofrenia sem limites, por rótulos em cada figura sobre o tabuleiro, criar o bobo, o esperto, o mentiroso, o tapado... hoje percebo que todos esses rótulos podem estar (e provavelmente estão) acumulados no mesmo jogador, em todos os jogadores!
Agora é me desgarrar de idéias, desgarrar de pessoas, mas sem deixar de me preocupar. É da minha natureza, eu me preocupo, eu quero saber. Acabo sendo invasivo, é verdade, as vezes beirando o fofoqueiro mas minha única garantia é minha palavra e costumo me prender a ela mesmo quando a consciência me escapa pelos dedos, o que eu penso, posso reformar, o que eu disse, não. Se faço o que faço, é pensando numa melhor maneira de resolver os problemas ou, se não tiver jeito, ajudar a suportar o peso sobre os ombros.
Estamos todos conhecendo um eu que vem soltando das correntes que prendiam meus pulsos por tanto tempo, um eu que ainda escreve mas agora também fala. Escreve menos lúdico para falar mais concreto, falar o que é do jeito que tem que ser dito e deixar as flores pra depois.
Vêm sendo destruída a sensação de viver numa época errada, querer viver num passado romanticozinho de novela e filme de amor. Não voltarei (se é que um dia estive lá) aos tempos medievais onde poetas recitavam obras de amor sob as janelas das amadas que ouviam lindas e belas enquanto mexiam em seus longos cabelos pretos... e se estivesse lá, talvez reclamaria da falta de objetividade dessa gente. O negocio é reclamar.
O negocio era reclamar! Adaptação é a palavra da vez e, buscando o grau zero tento ser um cara legal e não dado a exageros bons ou ruins. O velho já se foi a muito tempo mas acredito que nunca chegarei a ser considerado o novo, o bobo talvez. Voltando aos rótulos, este talvez seja interessante cultivar, ninguém leva muito a sério um bobo.
Aos que não me vêem a um tempo espero não mudar minha “nova” postura e também dar a eles um pouco do novo eu, não tenho do que reclamar, falando honestamente. Evidente que o conflito existe, não se muda da noite pro dia mas um prédio vem a baixo de uma hora pra outra, é um principio parecido, mas a construção é um processo mais lento e gradativo. Eu estou construindo.
Eu não disse tudo, eu nunca digo tudo. Não por querer salvaguardar informação que julgo importante, o que mais tenho feito nos últimos tempos é me expor a julgamentos de outros e meus próprios (que costumam ser muito cruéis), o cérebro com aroma de coração perde a linha de raciocínio.
Obrigado a todos que ajudaram (ou forçaram) neste processo de esfriamento, vocês sabem quem são (e nem todos me lêem). Continuarei me importando exageradamente com todos vocês, mas não cultivem minha indiferença. Nestes dois pontos, eu pretendo ser fanático.