RELIGIÃO É CULTURA?
A concepção da divindade é o ponto máximo do problema religioso. Ao lado desta, caminham as indagações individuais sobre nossas origens e destino, e todas as conseqüências extraíveis disso tudo.
Todas as principais questões apresentadas pelas religiões em geral não nasceram, em sua maioria, de dentro da religião em si, mas estão já contextualizadas na sociedade em geral, onde a percepção religiosa não é senão um artefato cultural que reúne didaticamente tais questionamentos, quais sejam a moral, e em outras a filosofia e as ciências.
A concepção de Deus vai igualmente nesta torrente, porque longe de acusar aqui a veracidade ou falsidade de qualquer ideia religiosa, evidencia-se todo esse aparato como a conseqüência de uma necessidade humana de explicar o que lhe foge às capacidades intelectuais de criação e entendimento. Com efeito, tudo o que o homem não fez e não o pôde executar, com certeza será obra de outra coisa distinta do homem.
Se julgarmos de um ponto de observação externo, todas as religiões ou maneiras de se expressar as questões espirituais e sociais não são senão uma forma de disciplinar os instintos humanos através da cultura, pois que, bem sabemos, mesmo os que não aceitam ou professam qualquer denominação religiosa trazem em si os conceitos de moralidade e ordem exigidos para o convívio social, enquanto que nem sempre os indivíduos ditos espiritualizados concebem as mesmas ideias. Tal que isto prova a presença de valores que são universais, independentemente de quaisquer sistemas que criamos para organizá-los.