Cirurgia plástica...
Quando eu era muito mais jovem eu tinha uma amiga, que já tinha família, possuía um bom cargo no serviço publico, o marido era empresário e ela tinha dois filhos, um menino de cinco e uma menina de quatro anos.
Ela era morena, tinha os cabelos cor de ébano, lindos olhos azulados ou esverdeados conforme seu humor e um corpo escultural.
Uma novidade havia surgido no mundo das plásticas, uma tal “LIPO”, o seu medico fez a recomendação e encaminhou-a para um especialista nos Estados Unidos, afinal de contas dinheiro não era o problema.
Eu lhe disse a mesma frase que ainda hoje digo as minhas filhas: “_ Você está gorda aonde? No cérebro!”
Eu a conheci por causa de suas crianças que iam na igreja e queriam ficar na aula de primeira comunhão e eu as deixava entrar sempre e assistir a aula.
Ela se dizia incomodada com uma barriguinha, para todas as mulheres está era o nosso sonho de consumo, para ela um desespero.
Não adiantou as recomendações de sua mãe, nem as minhas, o que realmente pesou foram as recomendações do espelho e o apelo de uma sociedade de ilusões.
Ela foi para os Estados Unidos acompanhada por um médico, voltou e ficou internada uns dois dias em São Paulo e depois de quase uma semana retornou a Cuiabá.
Eu só conseguia ver as marquinhas dos furos, mas ela via uma barriga nova e linda.
Ela passou a sentir muitas dores e começou a ter febre e então o marido a levou ao médico da família, um senhor bem velhinho, ele a examinou e recomendou uma cirurgia, assim que abriu o seu abdômen o cheiro fétido invadiu o centro cirúrgico, ela tinha uma pequena perfuração no intestino, foi feita a limpeza, mas infelizmente uma parte de seu intestino estava podre e para salvar-lhe a vida ou para lhe dar esperança de vida o médico fez uma colostomia (um saquinho para as fezes). Ela permaneceu três meses internada recebendo antibióticos, o marido se descabelava em remorso por ter permitido tal coisa, a mãe permanecia confiante que tudo daria certo no final e eu esperava o mesmo, afinal existiam duas crianças em questão.
O tempo passou, ela voltou para casa cheia de limitações e morreu três anos depois de depressão.
Eu sou chata quando vejo uma mulher bonita desejar se submeter a uma cirurgia dessa natureza, e vou continuar chata até morrer, por achar que a vida é muito mais importante que um corpo perfeito.
Não quero com isso que as pessoas deixem de se arrumar ou de se cuidar, pois o corpo é o grande instrumento de nossa jornada, mas existem belezas que devemos buscar muito mais que a das aparências.
O nome da minha amiga não importa, ela pode se chamar: Ana, Maria, Antonia, Julia, Claudia, Fernanda, Paty, Lídia, Carina, Lucia, Vitória, ela pode ter o nome de todas as mulheres que morreram em busca de uma melhoria visual passageira.
Pense nisso e tenha um excelente dia!