Já me senti Presidente...
A festa da colação de grau já havia ‘quase’ atingido seu clímax em matéria de emoção com entrega da rosa recebida juntamente com o ‘canudo’, pelos formandos do curso de Direito às suas mães! Na visão dos organizadores do evento, esta entrega simbolizaria o agradecimento dos formandos por tudo que os pais fizeram durante sua graduação.
De forma especial, houve entrega de uma rosa para a avó de um formando, representando todas as mães que, de uma forma ou de outra não puderam estar fisicamente presentes. Coube a um dos formandos colega de classe do neto da homenageada (não sei precisar o porquê de não ter sido o próprio neto...) a entrega da flor a homenageada.
Aí, a emoção atingiu seu clímax total e, assim como eu, pude verificar que muitos presentes não conseguiram conter as lágrimas.
Com algum esforço consegui conter minhas lágrimas e ‘sai à cata’ de alguns formandos com os quais detinha maior aproximação para um cumprimento mais pessoal e, de forma especial um senhor, meu contemporâneo, que à revelia da doença que o acometeu durante a vigência do último ano e de seus 75 anos de vida, lá estava ‘firme e forte’ também usufruindo dos louros da formatura e da conseqüente confraternização.
Não foi muito difícil localizá-lo pois sua cadeira de rodas, cercada por vários amigos e familiares, facilitou minha busca.
Aproximei-me e fui logo encontrando a esposa do ‘homenageado’, por quem fui entusiasticamente recepcionado.
Aproximei-me do ‘cadeirante’ e não pude esconder a emoção ao dar-lhe um caloroso abraço e um ósculo na face, parabenizando-o efusivamente. Lágrimas afloraram-me e rolaram pelas faces e não fiz questão nenhuma para oculta-las deixando que rolassem ‘carimbando’ este momento de emoção.
Em meio a uma visão ‘turvada pelas lágrimas’, vi o semblante também choroso do jovem que havia representado o neto na homenagem a vovó, que a me ver, forçou um sorriso e me abraçou sussurrando acerca da emoção que havia sentido ao ‘defrontar-se’ com seu ex-companheiro de classe, que há muito não via.
Cumprimentei-o pela vitória alcançada e desejei-lhe muito boa sorte nesta nova fase de sua vida, agora no âmbito profissional.
Tomando-me pelo braço, o garoto virou-me para um casal que nos observava e fez as apresentações:
--- Papai, mamãe! Este é o senhor Venerando, que estuda direito aqui
também na Universidade!
Enquanto eu cumprimentava seus pais, prosseguiu argüindo:
--- Daqui a dois anos também estará colando grau por aqui...
Sorri e retruquei:
--- Não, não! Se tudo correr como espero, estarei colando grau
somente daqui a três anos... No ano em que estiver sendo
realizada a copa do mundo aqui no Brasil!
Como se não houvesse ouvido minha argumentação, o rapaz prosseguiu:
--- Este é ‘o cara’! É um grande cara também!
Como por encanto, como uma vertigem, me veio à mente o dito do Presidente norteamericano acerca do, à época nosso Presidente, quando o encontrou em visita que fez ao nosso país:
--- That’s my man right here... I Love this Guy!
E, sem falsa modéstia, senti-me Presidente por um breve momento.