Um Café em Boicucanga.
O sábado sempre era prazeroso por poder estar na praia,em manhãs de muito sol, em verões passados. A viagem era curta. De SP descia-se a Serra do Mar,com sua verdura exuberante e árvores sempre em flor,mesmo no inverno,quando os ipês davam o tom roxo,branco e amarelo à mata.Pela estrada ia-se até próximo ao Guarujá e entrava=se à esquerda,rumo ao litoral norte,pela Rio/Santos. Docura de viagem,praticamente uma reta até Boicucanga,ponto de pousada e pousadas. Ao redor,praias várias. Habitualmente chegava-se às 6as.f. à tarde/noite. No sábado seguinte,a primeira coisa a fazer era ir ao *Café-da-Manhâ*,tomar um verdadeiro almoco de nome café.O local prazerosíssimo! Era uma casa enorme,tipo casa-de-fazenda.O telhado abaulado com musgos verdes a mostrar a umidade junto ao serrão de verde. Em frente,um mar a perder de vista... O quintal imenso,cheio de árvores e sombras,cheio de passarinhos,cheio de paz e alegria. Nas pranchas de madeira,cheias de pedacos de frutas,junto às árvores,brincavam saíras,sanhacos,bem-te-vis,cardeais,até maritacas em algazarra nos coqueiros. O sabiá passeava altivo pela grama e,para fazer demanda,um joão-de-barro estufava o peito como se o terreiro fosse só dele. As mesas grandes,de madeira bruta, se distribuiam na sala enorme e no pátio.Não havia cadeiras,só bancos. Era um café-de-fazenda junto ao mar!!! Broas,coalhadas,pão,pão-de-ló,tudo caseiro,e cereais ,doces,queijos e um cheiro divino de café coado na hora! A brisa trazia a presenca do mar próximo na maresia cheirosa a peixe e mariscos. O dia se tornava mais contente depois de um café tão salutar e de visão paradisíaca. Creio que o *Café-da-Manhâ* não exista mais,como o restaurante do Neno. Mas...Boicucanga continua lá e a gente aqui para contar histórias.
BOICUCANGA ( m*boi acu canga) Cobra da cabeca grande.