EM CARTAZ: UM DESCANSO DA MORAL
Universidade Unigranrio
Campus Caxias
Licenciatura em Letras
Aluno: David Marcos Silva dos Santos.
Pseudônimo: Marcos Antoine
Matrícula: 3303935
Disciplina: Estudo e Produção de Textos.
Proposta: Esquema de dissertação argumentativa.
Tema: Conflitos morais.
EM CARTAZ: UM DESCANSO DA MORAL
Sabemos que dentre todos os seres da Terra, o ser humano é o único possuidor de consciência moral. É com base nela que definimos o que é certo ou errado, o que é bem ou o que é mal. Segundo observa Nietsche em seu livro A Genealogia da Moral, apesar de sermos seres morais não deixamos de ser instintivos. Isso é um problema porque nem sempre instinto e moral caminham juntos. Então podemos observar algo sutil, mas que certamente qualquer pessoa pode se identificar: Não somos tão morais quanto pensamos ser. O que você faria se ninguém pudesse te ver? Essa pergunta pode levar a mente humana a lugares e momentos sobre os quais se sentiria vergonha de verbalizar.
Por mais rígida ou conservadora que seja a moral não é difícil encontrar situações em que nossos instintos se sobrepõem a ela. Como exemplo, nossa moral hoje repudia o massacre nazista sobre o povo judeu. Mas se, a partir disso, pudéssemos ver judeus massacrando alguns nazistas, teríamos a mesma ojeriza pelos judeus? Foi o que fez o diretor Quentin Tarantino em “Bastardos Inglorios”. Resumidamente, o filme nos mostra um grupo paramilitar de judeus-americanos que decide ir à caça aos nazistas. E como é de praxe nos filmes de Tarantino, a violência é explícita. A extrema crueldade dos nazistas retratada em filmes como “A Lista de Shcindler” e “O Pianista”, vem na mesma medida praticada pelos judeus contra os nazistas em “Bastardos Inglorios”. No entanto, após décadas de filmes sob a ótica dos vitimados judeus, a experiência catártica do público é bem diferente quando estamos diante do anti-herói vivido por Brad Pit massacrando nazistas. Numa analogia com o cinema brasileiro, podemos compará-lo ao Capitão Nascimento no filme Tropa de Elite de José Padilha. Tanto em Tropa de Elite quanto em “Bastardos Inglorios” podemos observar o relaxamento da moral quando passamos a admirar estes personagens. A violência extrema praticada por eles e seus soldados passa a ser moralmente justificada. Uma vez que eles lutam contra o “mal”, torna-se legítima a crueldade; torna-se legítimo abrir mão do politicamente correto e dar vazão aos instintos mais primitivos. O que você seria capaz de fazer com alguém que assassinasse seu filho? Provavelmente não seria algo dentro da moral cristã: “Se alguém lhe ferir a face esquerda, oferece-lhe a direita” ou “Perdoai seus inimigos”.
Contudo, podemos concluir que, o ideal mesmo seria encontrar um ponto de equilíbrio entre instinto e moral. Tudo em demasia é prejudicial e isto se aplica também aqui. Moral demais: corremos o risco de sufocar o “espírito” e serem raros os momentos de prazer e felicidade; instinto demais: certamente teremos sérios problemas vivendo numa sociedade possuidora de moral. Mas já que encontrar este ponto e nele permanecer perenemente seria utopia, só nos resta mesmo tentar aproveitar ao máximo da melhor maneira possível essa perigosa odisséia que é a vida.