Reação em uma atroz descoberta!

Possuindo enormes braços para açambarcar com desgostos os atos e os lapsos dos ventosos enigmas que a cada novo dia subleva-se da pele cansada e intricada de objeções ao sistema falido retrógrado, que mais captura do ser, toda a vossa força e alegria necessária para a difícil sobrevivência neste imperfeito sistema de ratazanas e espíritos presos e soltos neste longo espaço dos anos.

Deixo que os desbravadores ou mesmo os esquerdas, os justos, os amorosos, enfim, todos os de genuína boa intenção penetrem na casca dura da minha fábrica de sangue e vida, alojada fugazmente no meu peito tendo como terra natal a compreensão dos outros. Duramente as situações que venho velozmente passando, como sendo pregado sob a minhas palavras, prendendo-se – como todos – nos meus próprios ideais, nas minhas pequenas e fundamentais esperanças, sinto ter adquirido na aparência uma certa rigidez inócua, também chamada dureza de alma e um ser de pouco sentimento.

Tranqüilizem-se, é só meu designer que está mal desenhado, dentro das veias e do verdadeiro pensamento – e nem tão longe – do meu sentimento há com certeza muito amor e beleza. Muito embora eu já ter criado uma certa redoma, dura como uma inimizade, ela pode ser quebrada, eu também dou espaço para que ela seja quebrada por quem possuir o amor real. Não irei poupar esforços para que essa asselvajada vida não infunda nos meus olhos uma visão selvática das coisas e de todos os circunstantes pormenores que desfilam nesta passarela de abnuências psíquicas e pseudonímicas, desejo de tudo um abraço acalorado e simples.

No alto da colina, portador duma silhueta completa e sem entranhas no lado nefasto do ambiente, do cálido e ordinário ambiente bárbaro. Com um chapéu sincronizando sua face, mastiga vagarosamente um pedaço de mato seco, louvando a uma espécie de pássaro solto nos ares em voou rasante e profundo numa sinfonia atenuante e lenta no infinito da longevidade e rápida no seu real estado de alada criatura vista – por este homem – nas suas aproximações à terra.

Esta imagem completa, de melancólica paz, entrou nos meus pensamentos desde de alguns dias, e confesso, não pretendo esquecê-la, por muito tempo. Num mundo tão atribulado e esquecido, ter tais imagens permeando o foco do meu pensamento relativo à paz, torna-se não um deslize do ritmo reflexivo, mas sim um privilégio de grande categoria e obrigatoriedade.

Noto também que os homens de boas intenções nunca possuem o desprazer da impaciência, digo da completa boa intenção, e este cavalheiro montado no seu cavalo, com suas mãos toldadas sob os olhos para uma análise completa e romântica do pássaro, perde grande tempo por analisar aquele leve período de simplicidade e alegria. Oh! Como posso dizer que ele estava feliz sem ferir ninguém? A infelicidade é comum e tão modesta, estão em todas as classes de vida, creio vagamente. Olha, ele não era tão feliz, ele na verdade era bem mais equilibrado que feliz, e isso sustinha seus devaneios e suas anciosas tendências a entristecer-se.

Como, numa frase só dizer?

Devo deixar este sentimento do pensamento dizer duma vez e livre, liberto dos ameaçadores dentes e salivosos desejos de introspecção, peço-lhes permissão e atenção total! Pode ser simples, mas é meu. Sim, isto é meu. Ah, é isso! Descobri? Libertei-me das rédeas fajutas do ordinário sítio da alma? Não! É outra coisa.

Algo mais palpável e gozoso. Sim, é uma liberdade para possuir a substancia carnal do pensamento brilhante, da mão que alcança o objeto no alto. Da felicidade de ser uma normalidade sobreposta na complexidade, de ser o ápice do começo trilhando muito sem sair do lugar, mas feliz por isso. De poder dizer que um mundo quer corromper-me, mas o mundo sou eu e eu posso decidir com tempo e certeza. Totalmente livre para sonhar e redargüir.

Desfoco algumas coisas e analiso o centro do átomo, o intrínseco da alegria, como um caubói qualquer degustando suas puritanas teorias empíricas. Irmãos, não deixem este farpado ambiente, destruidor de seres, penetrar-lhe a pele e nem nos vossos inculpes e salubres pensamentos, amém.

Paulo Fonseca
Enviado por Paulo Fonseca em 18/01/2012
Reeditado em 18/01/2012
Código do texto: T3447497
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