Príncipes encantados e novelas – Negra herança
Quando criança, as meninas são bombardeadas por livros de estórias de príncipes, princesas, bonecos e lindos castelos. Tudo isso seria muito bom se sua herança fosse apenas positiva, mas como toda situação tem dois lados, faço uma breve consideração do lado negro das estórias encantadas do “Era uma vez... um final feliz”.
Muitas mulheres carregam dentro de si a “síndrome do príncipe” por toda uma vida, algumas conseguem desmistificar, mas a custa de muito sofrimento. Esta síndrome gera preconceitos, falsas esperanças e muitos mitos.
Nos contos a princesa era sempre protegida por seu belo e poderoso príncipe, logo, elas eram frágeis. Ao longo da vida a mulher que se julgava fraca, demorou a perceber que era forte, e, em nome de uma imagem ansiosa por uma para ser atualizada, acaba hoje em alguns casos, se expondo a romances furtivos e vazios. Atitude que pode levar a um desapontamento tal, podendo desencadear em uma depressão, e quiçá em um suicídio.
Da mesma maneira agem as novelas, que em suas tramas reafirmam o mito do Conto de fadas, carregando de emoção e drama em suas ficções. Longe de mim, querer falar contra esta obra de arte, meu anseio e por um trabalho emocional paralelo para que tenhamos mulheres mais saudáveis emocionalmente.
Essas pessoas carregam os fracassos de seus relacionamentos e suas conseqüências. Deixando para trás valores especiais que poderíamos chamar de “Tesouros Escondidos”. Um tipo de jóia valiosa que não está nas cifras e nem muito menos na aparência.
Quando se consegue vencer os preconceitos enfrentando cara-a-cara os monstros embutidos dentro de si, vencem-se os medos, liberando aquilo que há de mais puro e sagrado, O AMOR. Através dele supera-se a baixo auto-estima, tornando-se livre para enxergar a auto-estima verdadeira(o valor real do ser humano) e se deixa levar pela vida na suave essência exalada por este sentimento tão nobre e tão raro.
Eu e muitas mulheres passamos pela vida dormindo, anestesiadas, tal e qual a “Bela adormecida”, esperando o “Gran Finale” onde Julieta se suicida “Romeu e Julieta” de Shakespeare, ou como queiram os mais intensos, equiparando-se a “Macabeia” de “A Hora da Estrela” (Clarice Linspector).
Decidi em minha vida pelo velho jargão do “Final feliz” e eles viveram felizes para sempre.... preferindo levar comigo a responsabilidade corajosa das palavras de Abran Lincon: "você é tão feliz quanto decida ser". Pois acredito que as mulheres têm a força da “Fênix” e se renovam a cada segundo na busca incessante da grandeza do amor. Pelos filhos, trabalho, pela vida, por si.
A águia será o norte dessa breve consideração, sua força transformadora é absurdamente dolorosa, mas infinitamente poderosa, e com um verdadeiro “Final Feliz” – nascer e renascer de si mesmo várias vezes, para mim esse é o real sentido do amor.