Estado de Espírito

Muitas vezes, em nossos diálogos, ao conceituarmos algo, empregamos uma palavra com o significado de outra. E a conseqüência é um certo truncamento na comunicação. A intenção do comunicador é uma, mas a mensagem recebida soa diferente devido a essa troca de conceitos. E nada melhor do que citar um exemplo; qual a diferença entre os termos alegria e tristeza, felicidade e infelicidade?

Primeiramente, percebemos que são antônimas, ou seja, alegria e felicidade têm nas palavras tristeza e infelicidade significação oposta. Por outro lado percebemos que alegria não se confunde com felicidade, bem como tristeza não é sinônima de infelicidade.

Alegria e tristeza são estados que o indivíduo vive, sente. Encontra-se alegre ou triste dependendo do estímulo que recebe, seja qual for, originado numa música, numa visão, num sentimento, numa percepção. Diante disso, já notamos que tanto a alegria como a tristeza são passageiras, pois, exaurido o estímulo, vivida a experiência, absorvido o sentimento advindo dessa situação, o ser humano recomeça sua caminhada, buscando novo estímulo, para uma nova experiência que lhe trará sentimentos de alegria ou tristeza, conforme suas experiências de vida.

Mas com relação à felicidade e à infelicidade, a conceituação é diversa. Não são somente estados de espírito vividos num tempo delimitado por experiências subseqüentes, mas sim o reconhecimento que o indivíduo faz do seu papel, sua importância, tendo como resultante uma ação originária desse reconhecimento ou não.

Fica claro, pois, que um ser infeliz pode se mostrar alegre, porém continuará infeliz, pois não reconheceu seu papel, nem mesmo reconheceu as diferenças, que teria como conseqüência o respeito. Sua atitude será sempre egoísta, querendo tudo para si, pois julga que o mundo deve girar em torno de sua limitação de compreensão. É infeliz e leva esse sentimento a todos que estão a sua volta. Uma grande característica da infelicidade é o desrespeito.

É evidente que haverá momentos que a discordância de pensamentos, pontos de vista aparecerão. No entanto, tais percepções do mundo deverão ser respeitados, pois cada um é diferente, com experiências diferentes, criando cada qual sua forma de valorar os aspectos da vida. A multiplicidade de assuntos, estudos e preferências mostram bem isso.

Por outro lado, um indivíduo feliz consegue sentir a tristeza alheia, e dado a esse sentimento, procura ajudá-la, mostrando o seu exemplo através de sua ação. Irá ajudá-la nas suas necessidades primordiais, mas jamais deixará de ser feliz, mesmo que lágrimas surjam devido ao sentimento de respeito que nutre pela vida e ao reconhecimento da importância de cada experiência, de cada diferença, de cada ser.

É evidente que a infelicidade surge da ignorância, entendendo a ignorância como o desconhecimento da importância das diferenças. E está claro que pessoas infelizes podem se transformar e passar a serem felizes na medida que mudam seus pensamentos, reconhecem as diferenças, compreende a importância de cada experiência. Sentirá mais e buscará dar exemplo da sua felicidade com ações dignas de respeito que tem perante tudo o que existe. Saberá que o importante é compreender e que através de cada experiência é possível crescer e evoluir.

A felicidade é, pois, permanente naquele que se reconhece e reconhece a importância de tudo o que existe.

Piracicaba, 3 de novembro de 2.005.

julianopd
Enviado por julianopd em 17/12/2011
Código do texto: T3393849
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