Liberdade
Liberdade, eis algo que se tornou objeto de discussões, conversas e debates, sendo tão defendida quanto vilipendiada. Em todo lugar que observamos, vemos conceitos e pontos de vista serem defendidos, cada um dando uma visão, a sua visão, sobre o que seria liberdade e como usufrui-la.
Mas o que seria a liberdade? Seria deixar cada um fazer o que bem entender, defendendo a idéia de que a liberdade de um indivíduo termina quando começa a liberdade de seu próximo? Essa idéia é equivocada, na mesma medida que superficial. Equivocada porque não consegue expressar o que seria liberdade. Superficial, pois do ponto central do que é liberdade. Por isso, até que ponto vai a nossa liberdade? Ou até mesmo, até que ponto somos livres?
Dessas questões, podemos perceber que liberdade não pode ser confundida com ausência total de limitação dos desejos de cada um. Aliás, a ausência dessa limitação poderia ser vista como privação da liberdade, o que, efetivamente, não é. Analisar a liberdade pela visão de que podemos fazer o que bem entendermos sem compromisso, é deturpar o real significado dela. É, em síntese, confundi-la com libertinagem, que nada mais é do que agir alheio à responsabilidade.
E é exatamente neste ponto que a liberdade se manifesta com maior intensidade. Ser livre é ter consciência de suas limitações, sem que, para tanto, haja qualquer imposição. Ser livre é saber como e quando agir, antevendo a responsabilidade de seus atos.
Para ser livre faz-se necessário o reconhecimento de suas potencialidades, aplicando-as conforme a compreensão que aquele ser tem do meio que o circunda. Ser livre é ser responsável, pois reconhece a importância de seus atos e não se prende a imposições ou determinações exteriores.
Estar em liberdade é um estado alcançado pelo ser que reconhece a sua responsabilidade e age ciente dessa situação, ou seja, de que suas ações, omissões, palavras e pensamentos geram um movimento que é refletido em todo o Universo.
Ser livre, pois, requer um ato de coragem. Coragem de assumir sua própria responsabilidade perante si próprio, seus semelhantes e tudo o mais que o circunda. Ser livre é perceber a importância da sua ação e assumir as rédeas delas, não sofrendo influências externas, mas assumindo sim, o reconhecimento de tudo aquilo que o cerca.
Por isso, a liberdade de um ser não é limitada pela liberdade do outro, mas sim o reconhecimento de sua responsabilidade e a coragem de agir.
Piracicaba, 02 de março de 2.004.