Vai ter revolução
 

Escrevo poesia de fácil compreensão
Escrevo versos que causam reflexão
Escrevo poesia informal, escrevo poesia marginal
Minha escrita é ancestral
Faço uma revolução verbal
Uma confusão mental
Uma explosão de insatisfação com o racismo e alienação.
Minha escrita é real, feita pra abalar seu emocional
Pra dizimar seu preconceito racial
Programada pra abalar seu sistema nervoso central
Fabricada pra sabotar sua estrutura social
Pra contestar sua doutrina racista e colonial
Não utilizo nenhum tipo de arma letal
Apenas papel, caneta e uma mente anormal
Minha poesia é de um preto que já está cansado de sofrer abordagem policial
É poesia racial, consistente e sagaz.
Feita pra derrubar suas normais, leis e muito mais.
Minha poesia é linha de frente, só quem é sente
Descarrego um pente de palavras na cara da burguesia racista
Escrevo pra que casos como o da Vila Moisés, de Joel, Geovane e Eduardo não se repita
Minha poesia é explícita
Não é ficção, não tem ilusão
Meus versos são realistas
Escrevo pra contrariar a estatística
Não escrevo pra burguês elitista
Se não gosta dos versos, sai da pista
Minha poesia é pra favela
É pra causar reflexão
Pra libertar uma nação
E se ela te incomoda
Sinto muito lhe dizer, mas vai acontecer uma revolução!


- Jhonata Azevedo (foto), poeta e militante negro, um dos componentes do coletivo Resistência Poética, de Salvador-BA.

Jhonata Azevedo
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 04/12/2011
Reeditado em 13/03/2016
Código do texto: T3371833
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