“... e o forasteiro encontrou o seu lar ...

Houve um homem que desejava encontrar uma cidade para construir sua vida. E para tanto saiu em busca dessa cidade. No seu percurso achou cidades ricamente enfeitadas, repletas de riquezas materiais. Por outro lado, encontrou cidades carentes dessa mesma riqueza material. Não se encantou com as primeiras, pois sabia que seria fácil viver em cidades cheias de luxo. Também não se alojou nas outras, pois a carência dos mais elementares bens materiais não deixava o coração do povo aberto para ver e sentir a presença desse homem.

Continuou procurando e igualmente encontrou cidades repletas de riqueza espiritual, mas sabia que não seria ali onde deveria aportar; sua vida ali seria muito tranqüila. Em outras, viu a total falta dessa riqueza espiritual, de tal forma que ninguém conseguiria notá-lo.

Chegou a outras que tinham apenas uma cultura. A população acostumou-se a ver e ouvir as mesmas coisas através de gerações. Não estariam preparados para a chegada de um forasteiro.

Mas enfim encontrou uma cidade. Localizada próxima ao Trópico de Capricórnio, esta cidade apresentava uma característica singular; alguns muito possuíam, outros nada tinham. Os primeiros ansiavam por achar um amigo, os demais desejosos de aprender a lutar. Seja material, seja espiritual, nesta cidade havia os dois opostos, aqueles que muito tinham e outros que nada podiam demonstrar. Nessa cidade ele viu a multiplicidade de culturas. Nessa cidade pode perceber que todos eram acolhidos, como se aquela cidade representasse o mundo todo, com toda sua cultura, toda sua forma, toda sua beleza. Foi nela que percebeu que havia espaço para a manifestação de toda forma de vida sem que houvesse a censura, pois no coração dessa cidade sempre há espaço para quem chega e é acolhido.

E nesse recanto cresceu, nessa cidade fez amigos, nessa cidade construiu sua vida. Em sua garoa deixou germinar sua semente, no seu sol deixou-se iluminar e continuar fazendo dessa cidade, sua casa. Forasteiro como era, viu-se acolhido por seu povo e soube que ali poderia manifestar-se livremente. Reconheceu o meio em que estava e começou a construir sua vida.

Inicialmente, ela pode assustar por causa de seu tamanho e de sua vida corrida, mas em pouco tempo todos são cativados e passam a chamá-la de minha cidade, minha casa, meu lar, minha São Paulo.

E assim é São Paulo, refúgio de todos. É nesta cidade de grande coração que cada recanto do planeta consegue deixar sua marca. Cada cultura, cada povo manifesta-se com a certeza de que aqui será sempre acolhido. Não haverá censura nem repreensão, pois a manifestação cultural nova é sempre bem-vinda e sempre trará maior riqueza para essa cidade.

Essa é São Paulo, cidade que, com suas peculiaridades vem, a cada dia, atraindo e acolhendo mais cidadãos. Cidadãos do mundo que reconhecem em São Paulo a sua terra. Cidadãos paulistanos que muito bem poderiam ser chamados de cidadãos do mundo paulistano. O mundo São Paulo de muitos encantos.

Piracicaba, 3 de novembro de 2.003.

julianopd
Enviado por julianopd em 03/12/2011
Código do texto: T3370431
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