Revoluções nas Nações e Evolução do Ser Humano

A história da humanidade é repleta de rebeliões, algumas delas consideradas como insurreição de alguns perante o domínio exercido por outros. Outras denominadas revoluções por tirarem o poder temporal de uns e entregando-o a outros.

E qual é a diferença entre essas rebeliões? Ambas são a disputa de uns que desejam alcançar o poder e, como a história é contada pelos vencedores, a insurreição é a história de uma rebelião causada por aqueles que desejaram chegar ao poder, usurpando-os dos seus detentores, mas não conseguiram, seja pelos mais variados motivos. Já a revolução é o inverso, ou seja, a rebelião onde o poder foi efetivamente tirado de uns e entregue a outros, muitas vezes sem nenhuma alteração significativa para os subordinados a esse poder.

E de insurreições e revoluções, a história caminhou sempre demarcada pelas lutas em busca do poder por aqueles que se sentiam prejudicados e queriam ter o poder. E apenas isso, ter o poder.

No entanto, apesar dessa longa disputa perpetrada pela raça humana, o fato é que nenhuma alteração considerável ocorreu no curso dos acontecimentos no que se refere, especificamente, à evolução do ser humano. É verdade que mudanças radicais surgiram no sistema de governo, outras tantas no progresso científico, outras na tecnologia e assim por diante. Porém, mesmo com essas conquistas, o ser humano continuou insatisfeito por não reconhecer-se no planeta, muito menos por visualizar qual a sua responsabilidade perante esse mesmo planeta.

Diante disso cabe a pergunta: para quem as rebeliões foram feitas? Quem se beneficiou? E mesmo que as alterações fossem consideráveis, elas justificariam o derramamento de sangue, a destruição e a morte?

É fácil notar que da guerra não se chega à paz. Da mesma forma que através das revoluções não se consegue a evolução, pois esta pressupõe uma mudança interna, dentro do próprio ser humano que reconhece a importância de se respeitar os seus semelhantes e que passa a entender ser desnecessário o derramamento de sangue. A revolução é apenas uma alteração externa da forma como se manipular com o poder, mas não é a exteriorização da evolução. Muito ao contrário, pois a busca pelo poder temporal é a necessidade de satisfação do próprio ego.

A evolução, na verdade é a conscientização do ser humano que passa a atuar no meio em que vive e nele age com vistas a melhorar. Se algo está desarmônico, ao ser evoluído cabe mostrar, sem matança, destruição ou sofrimento, um outro caminho, mais digno e melhor, àqueles que ainda não o localizaram. Por isso a evolução não é sinônimo de revolução, pois a revolução pressupõe a destruição do existente. A evolução é a transformação do ser humano que passa a reconhecer a grandiosidade do Todo e sabe da responsabilidade do seu trabalho nesse Todo.

Isto é um ser em evolução.

E mostra disso já tivemos na história. Ainda que em menor escala, foi visto também oportunidade em que os seres humanos entenderam a diferença entre revolução e evolução e começaram a evoluir. Sem o derramamento de sangue, sem aclamar a guerra e destruição, a Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal, em 25 de abril de 1.974, é a mostra de que podemos mudar, simplesmente entregando uma flor àqueles que carregavam uma arma. E qual não seria a força daquelas flores, pois elas triunfaram sobre as armas!

Isto é sinal de evolução, os portugueses mudaram o rumo da história da nação deles, simplesmente tendo a coragem de carregar nas mãos, executora direta do cérebro, no coração, reduto do sentimento e na cabeça, centro de comando do corpo, uma flor. E não estariam eles transformado em flores naquela data?

Da mesma forma que os portugueses agiram de forma coletiva, igualmente houveram Homens que reconheceram essa máxima e agiram com vistas a valorizar o ser humano e fizeram mudanças e marcas na humanidade, sem a necessidade de se derramar sangue. É o caso de São Francisco de Assis, Mahätma Gandhi, e outros.

É evidente que ainda é necessário percorrer um longo caminho para que toda a humanidade reconheça essa diferença, mas o certo é que mais que uma revolução, o caminho necessário para se alterar o meio em que vivemos é a evolução do próprio ser humano.

Piracicaba, 12 de setembro de 2.003.

julianopd
Enviado por julianopd em 01/12/2011
Código do texto: T3366195
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