A Educação na Sociedade feudal

A sociedade Feudal começa a surgir com o fim do Império Romano, aliada às constantes invasões bárbaras. A escravidão, portanto, foi se extinguindo no continente europeu, por não necessitarem de uma produção excedente dentro das propriedades rurais que se tornaram auto-suficientes. Os grupos dominantes, com a diminuição do comércio, não podiam mais consumir produtos diversos, já que a moeda tinha perdido sua função básica: servir de meio de troca.

Os latifúndios se formaram sem a interferência do poder centralizador de Roma, e os nobres, baseados na propriedade da terra, tornaram-se autoridade máxima em seus domínios. Houve muitas guerras, motivos de alianças entre senhores fracos e fortes, na tentativa de protegerem suas terras. A vassalagem garantia proteção aos vassalos em forma de serviço, de renda ou de proteção por parte dos seus senhores.

A sociedade feudal era dividida em três classes: Os servos, camponeses e artesãos, o Clero, representado pela Igreja Católica, e a Nobreza, dona das propriedades rurais.

Os servos trabalhavam nas propriedades dos Senhores, para conseguirem sobreviver e conseguirem proteção. Em troca, produziam riquezas aos senhores, mas também pagavam taxas.

A Igreja Católica estende, aos poucos, seu domínio cultural sobre a Europa e se torna por um bom tempo, o principal centro irradiador de cultura, em detrimento da ignorância dos invasores bárbaros.

A Escola clássica dá lugar à Escola católica, empobrecendo ainda mais a cultura. A literatura clássica Greco-Romana cede lugar à leitura de textos bíblicos, e as artes se voltam para a exaltação do divino e não mais do homem, e a Igreja se colocou como detentora da verdade de todas as coisas, a partir dos seus textos oficiais. Estava instituído o monopólio da instrução pela Igreja.

Para a leitura dos textos bíblicos, foram criados dois níveis de ensino: trivium (gramática, retórica e dialética ), e o quadrivium ( aritmética, geometria, astronomia e música). As artes liberais Greco-Latinas, que iniciavam as pessoas na Teologia, foram o conhecimento supremo na fase feudal.

Não era dada importância à educação fora dos grupos religiosos. Nem os Nobres valorizavam tanto a Educação de seus filhos, por conta da vida voltada à terra, às guerras, e nem os servos, que não tinham acesso a nada escrito.

Apesar de as Escolas serem gratuitas, poucos jovens Nobres seguiam o estágio até o final, e só os servos que queriam seguir carreira eclesiástica, o que garantiria abrigo e alimentação, seguiam essa carreira.

O Renascimento acontece no século XI, com o fim das invasões bárbaras, e a retomada de contato com os povos mediterrâneos, que propiciaram o retorno de atividades comerciais, surgimento de cidades que se tornaram pólos comerciais e culturais.

Os novos tempos propiciam a mudança na Educação, avalizada pela riqueza dos comerciantes e artesãos, donde surgem os médicos, arquitetos, artistas e advogados.

Surgem as Universidades neste cenário, financiadas pelos alunos, que se juntavam em corporação de pessoas. Inicialmente comandada pela Igreja, aos poucos foi dando lugar a outros ramos da ciência, como, o ensino jurídico, médico, e as ciências naturais.

As corporações de ofícios, formadas por comerciantes e artesãos, organizavam seus negócios e ampliavam seus lucros, através da melhora e garantia da qualidade do que era produzido. Surge, então, a Educação profissionalizante, que formava jovens para o trabalho remunerado. Estes, vinculados ainda aos mestres, só se tornavam um deles quando demonstrassem habilidades de criação.

A grande quantidade de informações técnicas que surgiu, propiciou o surgimento da mão-de-obra tecnicista, voltada para inovação da agricultura e pecuária, principalmente.

A cultura nas sociedades Europeias dos séculos XV e XVI foi influenciada pela riqueza dos comerciantes e artesãos, que passou apenas da valorização da vida celestial, para a exaltação dos prazeres da vida terrena: O homem se via dotado de uma capacidade criadora e transformadora do mundo, retratada pelo Renascimento.

As classes dominantes, que antes cultuavam o ócio, começam então a encarar o trabalho de forma positiva. Os Católicos, movidos pelo desejo de conforto e pelo prazer que o dinheiro podia proporcionar, vislumbraram a possibilidade de encontrar o céu na Terra.

Conclusão:

Criticamente, podemos dizer que a descentralização de poder das classes dominantes, gera a ruptura com os compromissos formais estipulados por estas. A Educação e a produção de cultura não podem viver sob o domínio das Classes elitistas, sob pena da perda do poder criativo e transformador da sociedade e do homem individual. Todo o progresso material conseguido através dos tempos se deu com o trabalho aliado às necessidades humanas de sobrevivência, conforto e manutenção do prazer.

Ainda hoje, existe uma tentativa de domínio do saber por parte de algumas classes, mas a democratização se faz presente a cada dia, restando ao Estado, apenas a normatização dessa conduta educativa, coerente com as necessidades Sociais contemporâneas.

A estratificação do saber ainda permeia o mundo da Educação, mas com o advento da comunicação globalizada, e com o risco da perda do conforto e da manutenção da sobrevivência do homem por causa da concorrência, torna-se necessária a construção de um saber cada vez mais multidisciplinar, capaz de produzir as respostas eficazes para a produção de riqueza e bem estar das sociedades em todo o mundo.

Convém ressaltar que as normas de propagação dos saberes devem ser revistas, reformuladas, substituídas, mas nunca abandonadas. O Homem Social ainda não é capaz de administrar o conhecimento humano sozinho, pois o resultado dessa produção deve trazer benefícios para toda a humanidade, e não só para si. Trata-se, portanto, da democratização do saber universal, bem como, da democratização da produção de riquezas que atendam as necessidades de todos.

Antonio Marques de O Santos
Enviado por Antonio Marques de O Santos em 21/11/2011
Reeditado em 28/11/2013
Código do texto: T3347526
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