O traficante e o Estado...
Vi a prisão do traficante “Nem” e ouvi um pouco de sua história e fiquei pensando: Como eu teria agido no lugar dele?
Ele era um trabalhador, que um dia descobriu que o seu bem mais precioso estava doente, o tratamento caro, banco emprestando pra favelado – era uma lenda urbana; a saúde pública não iria pagar mesmo sendo ele e sua filha cidadãos desta nação, então: O que fazer?
Ele recorreu ao traficante da favela que lhe emprestou o dinheiro, mas cobrou para isso sua alma.
O trafico é assim: “Uma vez dentro, só há um jeito de deixá-lo: MORTO!”
Ele fez sua escolha e é responsável por ela, mas o ESTADO também é culpado, também é cúmplice em todos os crimes praticados por esse homem, a ausência e a omissão do Estado na vida dos cidadãos mais pobres de nossa nação mata mais que o trafico, porque eles tiram vidas e esperanças de dias melhores.
Eu tive um momento difícil em minha vida, uma escolha dura; eu estava grávida, sem condições financeiras de manter aquela gravidez, durante dias chorei e rezei, pedindo a Deus uma solução, o médico sentenciou: “_ Vamos fazer um aborto terapêutico!”
_ Não!!! Berrei.
Ele disse que não havia outro jeito então busquei outro médico que me perguntou:
“_ O que quer fazer?”
_ Ter meu filho...
Ele me deu uma ficha para levar a Saúde Publica, quando eu lá cheguei a atendente fez corpo mole, dizendo que não havia o medicamento, eu era cidadã, pagava meus impostos e o salário daquela mulher que não estava nem aí com a minha dor, briguei, chorei e finalmente chamei a atenção de uma outra funcionária que me atendeu e pegou os papéis e os encaminhou... Três longos meses se passaram até a chegada do tal medicamento, mas o meu caso não podia esperar então eu encontrei anjos que fizeram a diferença em minha escolha, eles fizeram rifas, preces e meu médico pagou de seu próprio bolso 100 injeções, amigos venderam pra receber parcelado, foram dias difíceis, com escolhas cruéis, mas com amigos lutando juntos eu venci, e eu me pergunto: Como terá sido para o Nem decidir? Será que ele acredita em Deus? Será que ele teve alguém para se compadecer dele e de sua dor?
A omissão do Estado, a indiferença do poder público constituído, do judiciário, do legislativo cria todos os dias monstros a partir de criaturas carentes, muitas vezes sem nenhuma noção de Deus, de sua condição de filho e herdeiro do Pai Maior.
Toda vez que um corrupto lesa o bem publico, ele rouba do cidadão o direito de sonhar, de ter saúde, educação, trabalho, dignidade, lazer, alegria e paz!
“_ Esse homem é um monstro!” Declarou um jornalista. Mas ele se esqueceu de dizer que é um monstro fabricado pelo: ESTADO em suas três instancias de poder LEGISLATIVO (com a presença de Jaqueline (s) – que pega caixa dois; e Blairo Maggi (s) – que permite a compra superfaturada de máquinas, máquinas até sem motor, pasmem vocês; de todos os políticos que votam secretamente pela absolvição de seus companheiros,...), JUDICIARIO (com sua norosidade e sua benevolência para com o crime) e o EXECUTIVO (com seus administradores corruptos e com funcionário omissos).
Qual seria a sua escolha se estivesse no lugar dele?
Somos todos responsáveis pelo mal que prospera a nossa volta, pense nisso!
Um imenso abraço fraterno!