Solidão

Subitamente aparece alguém e sorrateiramente me agarra pela cintura, sussurra no meu ouvido, diz coisas que me arrepiam inteira e me arremessa ao mar de prazeres sem fim.

Depois me joga brutalmente no chão, me fuzila com os olhos e num momento de raiva me insulta como se eu fosse a pior das mulheres.

Horrorizada com o que ouvia e via naquele momento fiquei no mais absurdo silêncio tentando encontrar uma razão pelo qual aquele homem que antes me tocara e havia me deixado ardente de desejo sentia ódio por mim.

Intimamente olhava-o e tinha a impressão de conhecê-lo, mas por mais que me esforçasse não lembrava. De repente esse mesmo homem ajoelhou-se colocou as mãos no rosto e começou a chorar como uma criança pedindo o colo de sua mãe, e eu ainda em silêncio não entendendo o que se passava diante dos meus olhos vasculhando as lembranças do passado atrás de um sinal que me fizesse lembrar de onde o conhecia.

Fiquei mergulhada nos meus pensamentos por um tempo sem me preocupar com as horas e este homem que tanto me intrigava também ficou na minha frente parado com o olhar distante... De repente ele se levantou, me olhou tristemente, deu as costas e foi embora. Vendo aquela cena não tive forças para impedi-lo, minha voz não saia... Em pânico comecei a chorar copiosamente como se aquele homem significasse muito pra mim.

Cansada adormeci... Quando acordei estava no chão da sala de casa e na mais completa solidão como companhia o tic tac do relógio, a goteira da torneira da cozinha, e a dúvida se realmente aquela cena havia acontecido ou se havia sido apenas um sonho.

Valerie
Enviado por Valerie em 31/10/2011
Reeditado em 16/12/2011
Código do texto: T3309372
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