Cultura – um conceito antropológico.

Autor do livro: Roque de barros laraia.

Cultura – um conceito antropológico.

Autor da Analise da Obra: Joas Araujo Silva.

Introdução:

Uma introdução ao conceito antropológico de cultura, realizada de forma didática, clara e simples. A primeira parte do livro refere-se ao conceito de cultura a partir das manifestações iluministas até os autores modernos, enquanto a segunda procura demonstrar como a cultura influencia o comportamento social e diversifica enormemente a humanidade, apesar de sua comprovada unidade biológica.

APRESENTAÇÃO DO LIVRO:

A primeira parte é referente a natureza da cultura ou natureza à cultura.

A segunda parte é referente a situação de como opera a cultura.

O QUE É CULTURA:

Partindo da necessidade de compreender e refletir mais profundamente sobre a relação cultural do homem, mergulhei na leitura do livro “Cultura um conceito antropológico” buscando esclarecimentos sobre a seguinte inquietação: o homem é o produtor de sua cultura ou é o resultado dela?

Nessa perspectiva, Roque de Barros Laraia, o autor do referido material, investe na discussão com filósofos, antropólogos e outros cientistas da natureza humana, percorrendo uma trajetória cronológica do desenvolvimento do conceito de cultura, visando demonstrar como esta influencia o comportamento social e diversifica enormemente a humanidade, apesar de sua comprovada unidade biológica. Para tanto, divide sua obra em duas partes: na primeira, remonta o próprio desenvolvimento teórico da antropologia e, na segunda, trata de maneira mais prática a relação da cultura na vida do homem.

Com o intuito de instigar o leitor acerca deste movimento, o texto percorre experiências e relatos que tentam explicar as variantes responsáveis pelas diferenças de comportamento entre os homens; dentre elas, destacam-se hipóteses de determinismo geográfico e biológico, que acabam sendo desestabilizadas pela conclusão de que é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico e entre pessoas do mesmo sexo.

Ainda perseverando pela resposta da pergunta “o que é cultura?”, o autor visita, de forma bastante simplificada, o percurso das centenas de definições formuladas e esclarece que o universo conceitual atingiu uma dimensão tão grande ao longo do tempo que somente com uma contração dos diferentes conceitos foi possível à antropologia reconstruir suas investigações acerca do tema.

Reconhecida a complexidade da questão, o estudo pelo assunto ganhou nova concepção e elementos como: “escala de civilização”, “eventos históricos” e a própria “evolução cerebral do homem”, garantiram à ciência um olhar mais ampliado e processual da cultura. Desta forma, a convenção de regras e a capacidade de gerar símbolos foram vistas como marcos da iniciação cultural da humanidade; agora com uma aproximação da idéia de que a cultura desenvolveu-se simultaneamente com o próprio equipamento biológico do homem. Contudo, na perspectiva da antropologia moderna, as discussões ainda não terminaram, pois a compreensão exata do conceito de cultura significa a compreensão da própria natureza humana.

Considerando as devidas limitações conceituais, o material segue seu propósito apontando para a influência da cultura na vida das diferentes sociedades e, mais que isso, alerta para o fato de que homem vê o mundo através de sua cultura, tendendo, portanto, a considerar o seu modo de vida o mais correto e o mais natural. Como resultado dessa dinâmica social, evidenciamos os mais diversos tipos de conflitos etnocêntricos. O conflito “nós e os outros” tem como ponto fundamental a referência de grupo em detrimento a referência de humanidade, tão comum na sociedade moderna.

Ainda na abordagem de sua segunda parte, o livro exemplifica situações onde a cultura interfere no plano biológico dos indivíduos (acreditar que leite com manga fazem mal, por exemplo) e mostra também como os indivíduos participam diferentemente de sua cultura. Na visão de que toda cultura tem uma lógica, Roque de Barros Laraia chama a atenção para o fato de que cada sociedade ordena, a seu modo, o mundo que a circunscreve e que essa ordenação dá um sentido cultural à aparente confusão das coisas naturais. Nessa perspectiva, atribui também ao raciocínio humano a possibilidade de tornar a cultura dinâmica; em constante processo de mudança. È pela capacidade de questionar os próprios hábitos que o homem torna-se capaz de modificar a si próprio e a maneira de se relacionar com a vida.

Diante do paradoxo inicial que motivou minha leitura acerca deste material, devo garantir que o conteúdo do livro atendeu de forma satisfatória minhas necessidades, inclusive do ponto de vista de reiterar a complexidade que abraça a temática em questão. Esclareceu e reforçou a idéia de que o conceito de cultura vai muito além das definições que empacotam regras, costumes e heranças históricas das gerações anteriores e, com isso, simplificam de forma dolorosa um assunto merecedor de incontáveis reflexões e considerações.

Ainda desenvolvendo a abordagem conceitual, o livro me garantiu suficientes explicações que justificam a participação ativa e passiva do homem em seu processo sócio-cultural, ora como sujeito produtor de sua cultura e ora como objeto produzido por ela.

Merece destaque também a abordagem que é dada à questão da lógica cultural das sociedades, que releva as mais diversas atitudes do homem perante a vida. Isso sem contar com a forma bem humorada com que Roque de Barros Laraia conclui seu material, sugerindo que, apesar de toda identidade cultural, somos capazes de nos apropriar de elementos de outras sociedades e também contribuir para a mudança cultural delas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2001.

Autoria: A & S Sem limites... Araújo 62 9331-8013.

Joas Araújo Silva
Enviado por Joas Araújo Silva em 27/10/2011
Código do texto: T3300861
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