Refletindo sobre a liberdade

Liberdade não é apenas uma palavra e sobre ela não repousa um mero significado filosófico. Liberdade é um sonho que a muito alimenta a mente e o desejo humano, mas quando se conquista raras vezes se sabe o que realmente fazer com ela.

Ao retroagimos no tempo e no espaço, alcançando o período monárquico brasileiro, encontraremos a figura da então Princesa Isabel, filha de D.Pedro II que após, se sentir ameaçada política e socialmente, viu-se obrigada a assinar a Lei Áurea, promovendo uma suposta liberdade condicional. No entanto, após desejarem, lutarem e morrerem por ela, ao conquistá-las, muitos se perguntaram o que fazer com ela?

Não obstante, filhos, nas mais diversas famílias sociais, gritam, esperneiam, negam e renegam conselhos, em busca de uma pseudo liberdade. Ao tê-la, muitas vezes ignoram as conseqüências e praticam todo tipo de ações. O resultado aparece nos veículos de comunicação de massa: jovens envolvidos com o mundo das drogas, da prostituição e da violência.

Não estou dizendo que a liberdade não vale apena e que tampouco não se deva lutar por ela, ao contrário, deve-se. Todavia, liberdade sem responsabilidade é certeza de fracasso, conflitos e contendas. A liberdade de uns não pode anular a liberdade de outrem. Do contrário não é liberdade é libertinagem. O X da questão está em compreender que do ponto de vista da liberdade se pode fazer de tudo, mas nem tudo convém fazer, se houver insistência é libertinagem, rebeldia egocêntrica e inconseqüente, cujo resultado ecoa para além do praticante.

A liberdade de não fazer é um direito. No entanto, impedir o outro de fazer é libertinagem. A liberdade de um termina quando começa a liberdade do outro e vice versa. É o conceito básico do direito.

A lei preceitua que temos liberdade para ensinar, divulgar o pensamento a arte e o fazer, de mesmo modo que também versa que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Todavia, essa liberdade não pode ser usada para mascará a falta de compromisso de uns no livre e pleno exercício da docência e tampouco para não realizar as suas competências, entre ela, a liberdade para construir a proposta pedagógica da escola, a liberdade para estudar, liberdade para proporcionar ao aluno, metodologias diferenciadas de construção do conhecimento e de sua cidadania.

Para o Professor essa é uma liberdade, para o aluno um direito. Sabe que há muito tempo, a palavra liberdade tem sido pregada nos mais diversos cantos desta cidade. Liberdade de escolha e participação nas decisões políticas, pedagógicas e administrativas. Todavia, os discursos para a falta de participação se restringem muitas vezes as falácias de que tais medidas são competências exclusivas da mantenedora, do executivo e não do servidor. Encontram-se mil justificativas para não participar, o que é no mínimo contraditório, principalmente por trata-se de reivindicação da própria coletividade.

O fato é que quando é para falar, várias vozes são ouvidas. Várias ideologias propagadas. No entanto, na hora de fazer, de colocar a mão na massa, de buscar melhorias para todos, todos mesmos, inclusive para o aluno, poucos assumem o compromisso e participam.

Parece que mais uma vez, se valida o dito popular. Faça o que digo e não que faço.

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