o texto a seguir foi feito em manifestação a pobre cultura cinematográfica do Estado de Santa Catarina, Brasil, por este autor, Presidente do Centro Acadêmico de uma das 2 faculdades de Cinema desse Estado.


a vergonha do CATAVÍDEO 2006.


eu nem ia tocar no assunto da vergonha que foi o festival CATAVIDEO desse ano, mas me dei por vencido em meus pensamentos e não pude me abster de falar.
Inadmissível parar pra pensar que a média de publico noturno era de 20 a 30 pessoas, tendo em alguns dias um publico próximo a 50 pessoas, mais ou menos.
No dia da estréia, um domingo a noite, da unisul só havia eu, (exceto a pati, uma das curadoras da mostra.)
Segunda feira, a mesma coisa...e isso se sucedeu pela terça, quarta, quinta e assim foi indo ate o final do evento.
Sendo sincero, o dia em que eu mais vi alunos da unisul, foi quando exibiram um curta em película da 4 fase, de pouco mais de 2 minutos, nem isso creio eu.
E foi isso. Nos outros dias, apenas um dos realizadores de cada vídeo, e em muitos casos nem os próprios diretores estavam lá.
Vou porque vou ver MEU, vídeo...vou porque quero que minha família e amigos vejam...
Entre documentários e animações, infelizmente poucas discussões puderam rolar ao final de cada dia, haja visto que os realizadores ou se esquivavam como garotos da 3 série em dia de apresentação de trabalho “lá na frente”, ou muitos nem estavam lá presentes mesmo.
Triste, deprimente.
Grande merda meter o vídeo em um festival, mandar todo cheio de lero-lero em dvd só para ter o gosto de ver as nóias e psicoses pessoais expostas em telas gigantes para todo mundo
te ver!
O fato do festival esse ano ter se dado bem no centro de Florianópolis não impediria um publico maior e representativo, lotando seus 300 lugares.
Antigamente, no MIS, CIC, enchia, com pessoas sentadas ao chão logo ás 19 horas da noite...e isso que esse ano o numero de trabalhos inscritos foi superior ao dos anos passados.
Será distância, o problema, Agronômica X Centro? Não...impossível.
Tinha muita coisa ruim lá sendo exibida, mas logicamente que não era culpa da atenta e estimada curadoria, mas, sendo assim, se hoje em dia qualquer chimpanzé pega uma câmera ridícula, faz um vídeo e mete no YOU TUBE escroto da vida e (ou) manda pra tudo que é festival, logicamente teríamos mais pessoas por lá...mas não...não o teve.
Não acompanhei de perto as oficinas que rolaram, mas creio terem tido um público bom.
Lamento muito pelos realizadores, por alguns professores que no auge de seu ego não permitiram que os alunos saíssem, pelos organizadores da mostra que poderiam ter um publico bem mais do que realmente colheram.
Fico pensando a quantas andas a nosso cinema estadual.
Não importa se você é de São Paulo ou da Macedônia, como cidadão vivente aqui deviam todos ter o dever de comparecer nesses eventos importantes pra gente.
“eu vim pra cá só pra estudar, ai eu termino e vou embora!”- pensamento ignorante seria esse.
Não se vive mais o cinema, não se partilha, não se alimenta nada com nada.
Não prego a afobação típica de primeiras e segundas fases, ou de formandos esnobes com seus tormentos psicológicos de grandeza desenfreada, mas que sim, que se seja feito um cinema contemporâneo, (inclui-se lógico o vídeo e seus videastas), um cinema de partilha e união, de criticas e cooperações, e não de meras medições de recursos ou outras medições nerd-pop alternativas de intelectualidades vazias e pobres, que só mata essa sétima arte, carente de povo e realizadores.
Há estilos e gêneros, públicos e pessoas-alvo, pode-se fazer o que quiser é claro, até mesmo cair no desgosto de fazer coisas que poucos entendam, mas, ainda assim, poderia muito bem ser popularizado. Ora, a Filosofia não é algo presente nas aulas? Um cinema filosófico cult-nerd da vida ai poderia muito bem ter o povão comentando e vendo.
Mas não. nem isso. mera utopia.
Se se gastam tempo, dinheiro e pessoal, (boquiabertos puxando o saco de uns trouxas que querem brincar de cinema), para depois meia dúzia de cabeças bater palminhas pro amiguinho realizador, se praticamente o diretor é invisível e tem vergonha de mostrar a cara ou prefere se esquivar, se se paga sapo a bancarrota durante o processo de produção, alardeando aos 4 ventos esse ou aquele novo curta que esta sendo rodado, e que dizem ser a sensação da temporada e na hora você vê que tudo é um grande lixo construído sob (sob mesmo), honrarias pessoais artísticas, se isso é cinema e vídeo, e nisso se da a produção audiovisual, por favor, me enforquem com um rolo de película ou batam minha cabeça na moviola porque eu quero morrer!
acadêmicos da UFSC mesmo...existem? não os vi lá!
2 faculdades...personagens fantasmas inexpressivos.
Larguem seus Adobe Premiere´s de 30 Reais e comecem a olhar para os lados!
A vIda é bem mais estimulante se vivida assim.
Até porque você adquire experiência, é claro, e na hora do tcc, não corre o risco de ter convulsões nervosas ou largar a cachaça tamanha preocupação e guerra de nervos geradas...

Sinceramente ai, pro povo que comparece a festivais arranjados e perfumados, (com todo o cheiro de chulé do teatro do CIC), em detrimento de marcar sua presença em eventos como o CATAVIDEO, lamento. Vocês não fazem cinema por amor.
Porque o que eu vi, (e não vi), foi terrificante.


Rônaldy Lemos
Rônaldy Lemos
Enviado por Rônaldy Lemos em 27/12/2006
Código do texto: T328811