BELOS TEXTOS ALHEIOS: POESIA & PROSA - II

2. SONETO

(Francisco Rodrigues Lobo, poeta

português)

Formoso Tejo meu, quão diferente

Te vejo e vi, me vês agora e viste:

Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,

Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente

A quem teu largo campo não resiste;

A mim trocou-me a vista em que consiste

O meu viver contente ou descontente!

Já que somos no mal participantes,

Sejamo-lo no bem. Oh quem me dera

Que fôssemos em tudo semelhantes!

Lá v’irá então a fresca primavera,

Tu tornarás a ser quem eras dantes:

Eu não sei se serei quem dantes era.

[Apud “As cem melhores poesias da

língua portuguesa”, por Michaelis de

Vasconcelos – 1910]

Fort., 18/10/2011.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 18/10/2011
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