Sentido da minha Vida

Acordei às seis horas naquela manhã de sábado, o dia já estava bem claro, a luz solar já inundava todo o meu quarto. Caminhei levemente até o banheiro, quando olhei no espelho coloquei a me refletir todas as minhas ações até aquele dia, olhei a minha volta e percebi que tinha conseguido tudo que sempre lutei, tinha um apartamento muito luxuoso, dois carros esportes, um excelente emprego, com um salário invejado por muitos. Mas o que estava acontecendo comigo naquela manhã? Senti que estava faltando algo na minha vida.

Logo depois do meu café da manhã, resolvi dar folga para o meu empregado. Fui fazer minha caminhada que sempre faço aos redores do bairro. Às oito horas e trinta minutos volto ao meu apartamento e tomo um banho, continuo a refletir o que estava faltando na minha vida. Tinha uma reunião marcada às onze horas com um publicitário, até aquele horário tinha duas horas livres.

Peguei um táxi, e resolvi conhecer alguns lugares da cidade por onde nunca passei. Eu estava procurando uma razão por todo aquele vazio que estava sentindo. O motorista era um homem de expressão muito feliz. Eu não entendo isto, ele aparentava ter uma vida sofrida, trabalhadora e muito simples, mas continha um brilho nos olhos que eu havia perdido há muito tempo. Com um sorriso muito amigável perguntou – me onde queria ir, lhe pedi para me levar aos lugares que ele tinha certa admiração, mas que sejam simples também; ele me encarou com uma expressão muito duvidosa por alguns segundos, mas logo se dirigiu ao sul.

Fiquei olhando pela janela do carro, ele passou perto de um jardim muito bonito, a rua estava tranqüila, havia muitas crianças correndo em volta de uma enorme árvore, mas vi uma outra sentada em um banco com uma expressão muito triste, e perguntei a mim mesmo: “Será que ela esta sentindo o mesmo que eu?” ou “Estamos destinados a viver na solidão!”.

Continuamos seguindo em frente onde passamos perto de um lago maravilhoso, com alguns animais ao seu redor. Eu desci do carro para me aproximar dos animais, mas eles sairão todos de perto, ficou somente um cachorrinho muito pequeno, ele ficou abanando o rabo pra mim. Pensei comigo mesmo: “Ele deve estar se sentido só no meio de tantos outros”. Deixei-o lá e continuamos seguindo ao sul, já estava quase na hora da minha reunião, pedi para o motorista me levar até meu escritório. Passamos por um bairro muito sombrio, com um péssimo calçamento, casas mal construídas e intermináveis, percebi uma bela mulher de cabelos longos e ruivos, um corpo muito bem malhado e sua pele era branca como a neve. Esta mulher estava com uma expressão muito preocupada e até mesmo com um pressentimento de medo, meu coração vai molemente dentro do táxi acompanhando cada passo seu, me senti dentro de uma enorme solidão, aquela mulher me fez sentir algo que não sentia há muito tempo. Vi um homem de grande suspeita a se aproximar dela, ele passou a mão na bolsa dela e saiu correndo, ela ficou apavorada, eu desci do carro e persegui o bandido até uma pequena travessa sem saída onde se encontrava somente ele e eu, tentei a convence – lo a me entregar a bolsa, mas ele sacou uma arma e sem mais nenhuma palavra minha ele atirou no meio do meu peito. Depois daquela cena eu estava caído no chão todo ensangüentado, e só então naqueles últimos minutos de vida percebi que estava completando naquele dia cinco anos após a morte da minha esposa e agora eu estava indo ao seu encontro lentamente. Finalmente descobri o que estava faltando para me completar, infelizmente descobri quando já era tarde demais.

Pablo Roberto Souza
Enviado por Pablo Roberto Souza em 26/12/2006
Reeditado em 26/12/2006
Código do texto: T328199
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