BELOS TEXTOS ALHEIOS: POESIA & PROSA - I
Em uma banda de papel ofício, sem data, fazia anos e anos que guardava o soneto que lhes segue. Gravados em letra miúda e boazinha, que nem mais tenho hoje, os versos do poeta anônimo, sempre que os relia, me botavam grande emoção.
Sem dúvida que o poema é de uma perfeição muito singular e, conforme o ponto de vista de que “poesia é, antes de tudo, emoção”, este texto tem um potencial inesgotável para nos emocionar, vez que dirigido à melhor das mulheres terrenas.
Quem acha feio o homem chorar? Pois, ao longo de tanto tempo, sempre que o quase roto papel me voltava às mãos eu ficava tremendamente emotivo e choroso. Nem sempre verti lágrimas, ao relê-lo, mas – não minto – a carga emocional que sentia à leitura de “Ama tua mãe” me deixava inexplicavelmente macambúzio, muito taciturno.
Talvez por ter tido duas mães – e hoje nenhuma, cá, neste plano terreno – é que o soneto do exímio anônimo, ainda agora, neste instante, me põe um caco, sob o ângulo do fator emocional.
Foi o soneto seguinte, durante tantos anos posto de lado, que me inspira a pôr, aqui, de público, mais uma seção nos meus pobres rabiscos, com o título BELOS TEXTOS ALHEIOS: POESIA & PROSA.
Começo a nova seção com o poema de um anônimo, porém se qualquer amigo, por aí, souber de quem se trata a autoria dele, volverei a estas mal traçadas linhas e, com o maior prazer, citarei o nome do verdadeiro autor, e ainda, por cima, lhe tirarei o chapéu.
Um abraço em todos, e me desculpem as atuais faltas de tempo para fazer comentários à obra dos amigos do RECANTO DAS LETRAS e também a fim de poder trabalhar o próprio labor, mas principalmente e deveras me desculpem a ausência de inspiração, daí a meter-me à recorrência de destacados escritos alheios.
1. 'AMA TUA MÃE
(Anônimo)
Ama a tua mãe; enquanto a tens e enquanto
O teu sorriso é o seu deslumbramento,
Porque nunca acharás quem te ame tanto
Assim, quem tanto sinta o teu tormento.
Que nunca a deixes ao esquecimento...
Lembra-te sempre, na existência, o quanto
Ela chora contigo este teu pranto,
E sofre muito mais teu sofrimento!
Ama-a, que um dia sentirás, por certo,
A ausência dela e, de saudade mudo,
Sofrerás na aflição deste deserto...
E chamarás, em vão, na estrada agreste
A quem te deu seu sangue, a vida, tudo,
Em troca dos trabalhos que lhe deste! '
Fort., 05/10/2011.