Meu Caruru dos Sete Poetas
A festa já é tradição e Cachoeira abraça aos visitantes com comida, poesia e muito carinho.
Por: Valdeck Almeida de Jesus
Sempre ouvi falar do Caruru dos Sete Poetas, evento cultural que celebra encontros poéticos, regado a dendê, caruru e vatapá. Sempre tive vontade de ir, mas a oportunidade não chegava. Tudo tem seu tempo, é o que aprendi com os mais velhos. E o tempo de minha ida chegou. Na oitava edição, acontecida dia 24 de setembro de 2011, um sábado, lá fui eu, todo espevitado, curioso, feliz, para conhecer mais um pedaço da cultura baiana, digna de aplausos e de abraços calorosos.
Saí de Salvador logo cedo, com a amiga Luíse Sousa, direto pra Santo Amaro, foi um pulo. Na casa de minha irmã Ivonete Almeida, tomei café, esperei almoço e, enquanto isso, devorava “Capitães da Areia”, de Jorge Amado. Emoção a cada capítulo, lágrimas nos olhos, que eu disfarçava. Meio livro eu li antes do meio dia. Almoço, descanso, mais Jorge Amado, ansiedade para ir logo a Cachoeira… Fim de tarde, mais da metade do livro degustado, alma repleta de boa literatura, barriga cheia, não dava mais pra esperar.
A viagem foi contada em minutos. A cada quilômetro percorrido, o olho batia no relógio do painel do carro. Parecia que eu não conseguiria chegar a tempo. Luíse e Nete conversando feito matracas e eu não ouvia nem prestava atenção a nada. Só pensava em chegar atrasado, ter que procurar o local da festa e não ter tempo de falar ao vivo com Luísa ou João, da organização do evento, com quem eu entrei em contato por telefone antes de viajar. Eu levava livros para distribuir e não queria ser inconveniente nem atravessar a programação. Afinal, eu era apenas um visitante e não tinha o direito de interferir numa comemoração que já dura oito anos e que celebra poesia e orixás. Havia de ter respeito.
Finalmente cheguei e, após rodar algumas quadras, perguntar aqui e ali, me indicaram o local exato onde ficava o Largo D’Ajuda. Encontrei Luísa, troquei umas palavras e esperei a hora. A ansiedade me fazia achar que não ia ser lá grande coisa, pois demorou uma meia hora o atraso. Que nada! O show foi espetacular, magnífico, emocionante! Os convidados, todos especiais, deram shows de declamação, leituras, performances, recitais, além das atrações com dança, música afro, shows de palhaços e muita alegria no ar, uma energia que inebriava, entranhava nos poros e se multiplicava em risos, afagos no ego, sensação de paz e de segurança. A festa, inteira, foi só festa mesmo. Não tinha cara feia, nariz torcido ou empinado, sentimentos de superioridade. Todos, irmanados, comungavam a mesma emoção: poesia! E a poesia transpirava, inspirava, expirava e emocionava convidados e assistência. Tudo era magia e alegria pura.
Acompanhei cada palavra e cada gesto dos sete poetas, das sete entidades sagradas do reino da poesia: Gustavo Tatis e Pedro Blás Julio Romero (Cartagena – Colômbia), José Geraldo Neres (Santo André-SP), Karina Rabinovitz, Manuela Barreto e Marcos Peralta (Salvador-BA). Este último eu já conhecia o talento e o merecimento de estar ali. Vi, também, Douglas de Almeida e Cleberton Santos, com quem troquei uns minutos de alegria e confraternização. Aproveitei para distribuir mais de cem livros de vários autores, o que não deu para quem queria. Nete e Luíse me ajudando em tudo. A Cia Pé na Terra dos Palhaços, “Dança Recôncavo”, Roda de Samba Dona Dalva e mais um mar de emoções completaram meu caruru, que degustei com cerveja, o friozinho da cidade e o calor do sentimento de já pertencer àquela comunidade de pessoas do bem! Virão outros carurus, outras emoções e eu já estou arrumando a mala para a próxima edição!
Valdeck Almeida de Jesus é poeta, jornalista e escritor. Membro da Academia de Letras de Jequié, de Teófilo Otoni e Academia de Cultura da Bahia.
Fotos: Clique Aqui.
Por: Valdeck Almeida de Jesus
Sempre ouvi falar do Caruru dos Sete Poetas, evento cultural que celebra encontros poéticos, regado a dendê, caruru e vatapá. Sempre tive vontade de ir, mas a oportunidade não chegava. Tudo tem seu tempo, é o que aprendi com os mais velhos. E o tempo de minha ida chegou. Na oitava edição, acontecida dia 24 de setembro de 2011, um sábado, lá fui eu, todo espevitado, curioso, feliz, para conhecer mais um pedaço da cultura baiana, digna de aplausos e de abraços calorosos.
Saí de Salvador logo cedo, com a amiga Luíse Sousa, direto pra Santo Amaro, foi um pulo. Na casa de minha irmã Ivonete Almeida, tomei café, esperei almoço e, enquanto isso, devorava “Capitães da Areia”, de Jorge Amado. Emoção a cada capítulo, lágrimas nos olhos, que eu disfarçava. Meio livro eu li antes do meio dia. Almoço, descanso, mais Jorge Amado, ansiedade para ir logo a Cachoeira… Fim de tarde, mais da metade do livro degustado, alma repleta de boa literatura, barriga cheia, não dava mais pra esperar.
A viagem foi contada em minutos. A cada quilômetro percorrido, o olho batia no relógio do painel do carro. Parecia que eu não conseguiria chegar a tempo. Luíse e Nete conversando feito matracas e eu não ouvia nem prestava atenção a nada. Só pensava em chegar atrasado, ter que procurar o local da festa e não ter tempo de falar ao vivo com Luísa ou João, da organização do evento, com quem eu entrei em contato por telefone antes de viajar. Eu levava livros para distribuir e não queria ser inconveniente nem atravessar a programação. Afinal, eu era apenas um visitante e não tinha o direito de interferir numa comemoração que já dura oito anos e que celebra poesia e orixás. Havia de ter respeito.
Finalmente cheguei e, após rodar algumas quadras, perguntar aqui e ali, me indicaram o local exato onde ficava o Largo D’Ajuda. Encontrei Luísa, troquei umas palavras e esperei a hora. A ansiedade me fazia achar que não ia ser lá grande coisa, pois demorou uma meia hora o atraso. Que nada! O show foi espetacular, magnífico, emocionante! Os convidados, todos especiais, deram shows de declamação, leituras, performances, recitais, além das atrações com dança, música afro, shows de palhaços e muita alegria no ar, uma energia que inebriava, entranhava nos poros e se multiplicava em risos, afagos no ego, sensação de paz e de segurança. A festa, inteira, foi só festa mesmo. Não tinha cara feia, nariz torcido ou empinado, sentimentos de superioridade. Todos, irmanados, comungavam a mesma emoção: poesia! E a poesia transpirava, inspirava, expirava e emocionava convidados e assistência. Tudo era magia e alegria pura.
Acompanhei cada palavra e cada gesto dos sete poetas, das sete entidades sagradas do reino da poesia: Gustavo Tatis e Pedro Blás Julio Romero (Cartagena – Colômbia), José Geraldo Neres (Santo André-SP), Karina Rabinovitz, Manuela Barreto e Marcos Peralta (Salvador-BA). Este último eu já conhecia o talento e o merecimento de estar ali. Vi, também, Douglas de Almeida e Cleberton Santos, com quem troquei uns minutos de alegria e confraternização. Aproveitei para distribuir mais de cem livros de vários autores, o que não deu para quem queria. Nete e Luíse me ajudando em tudo. A Cia Pé na Terra dos Palhaços, “Dança Recôncavo”, Roda de Samba Dona Dalva e mais um mar de emoções completaram meu caruru, que degustei com cerveja, o friozinho da cidade e o calor do sentimento de já pertencer àquela comunidade de pessoas do bem! Virão outros carurus, outras emoções e eu já estou arrumando a mala para a próxima edição!
Valdeck Almeida de Jesus é poeta, jornalista e escritor. Membro da Academia de Letras de Jequié, de Teófilo Otoni e Academia de Cultura da Bahia.
Fotos: Clique Aqui.