BILINGUISMO x ALZHEIMER
Texto enviado por: AMENIKOVA THYSTINEVA
Embaixatriz do reino de Gorobixaba no Canada
O estudo do bilinguismo ainda é considerado bastante recente no campo das Ciências Cognitivas. O seu conceito é bastante complexo podendo envolver varias dimensoes, pois neste campo a ciência ainda nao esta conforme ao que diz respeito a sua definiçao.
Assim sendo, conservemos uma das definiçoes na qual ja é do nosso conhecimento: a de que ser bilingüe é ter a capacidade de se comunicar fluentemente em dois idiomas.
É também do nosso conhecimento que, para se ter um nivel proficiente da lingua estrangeira, a pessoa devera estar numa exposiçao sistematica e diaria com este idioma, pois assim, ela estara integrando mais facilmente as quatro habilidades lingüisticas, tais como: fala, escrita, compreensao leitora e auditiva.Mas, qual a melhor idade para se aprender uma lingua estrangeira?
A literatura cientifica nos mostra que existe um periodo critico, a partir do qual a aprendizagem se torna mais facil. Observa-se que existe uma facilidade maior nas crianças e que esta vai reduzindo à medida que sua idade vai avançando. Vale salientar que esta facilidade na criança ocorre graças a laterizaçao em seu cérebro, isto é, no cérebro de uma criança, os hemisférios direito e esquerdo sao bem mais interligados do que no cérebro de um adulto.
Lembremos que cada um desses hemisférios exerce uma funçao diferente. O lado direito é responsavel pela imaginaçao, criatividade, é mais sensivel à musica e ao ritmo, o que nos leva a dizer que este lado é mais artistico, tornando-se também responsavel por nossas emoçoes. O lado esquerdo, por sua vez, é responsavel pela linguagem (area de Broca) e a fala, sendo considerado também o lado lógico e analitico.
Outro aspecto relevante se refere a questao da estrutura lingüistica da lingua materna, visto que esta ainda nao esta totalmente formada na criança. Pelo fato desta estrutura se encontrar ainda prematura, a criança esta mais apta a integrar o novo idioma sem se preocupar com as regras gramaticais, conjugaçoes de verbos e pronuncia.
Ainda merece destaque o aparelho fonador da criança. Esta possui uma maior flexibilidade muscular em seu aparelho, como também uma maior acuidade auditiva. Estas são algumas das razoes pelas quais uma criança bilingüe é capaz de absorver mais facilmente uma lingua estrangeira, o seu sotaque e de pronunciar devidamente as palavras como as de um nativo, ou seja, elas adquirem rapidamente e eficazmente todas as habilidades sociais do novo idioma, bem como as maneiras que elas necessitam para se expressarem.
Aqui no Canada, muitos estudos estao sendo realizados nesse campo e, atualmente, muitas escolas canadenses de nivel primario e secundario estao apostando deveras no bilingüismo, pois estudos revelam que os alunos bilingües possuem também uma atençao e memoria mais aprimoradas.
Mas logo nos perguntamos: falar mais de uma lingua nao gera uma confusao no cérebro como, por exemplo, as interferências lingüisticas com a lingua materna? O Prof. Fred Genesee da McGill University – Montréal/Québec afirma que a ‘’mistura de linguas é um aspecto natural e normal da aquisiçao bilingüe nos primeiros anos, até mesmo entre os adultos’’.
Como bem pudemos ver, as vantagens do bilingüismo sao inumeras, mas estas parecem nao se limitar apenas no periodo da infância. Seus beneficios se estendem à vida adulta até à idade bem mais avançada. Também sabemos que dominar uma lingua estrangeira traz varios beneficios, como: uma oportunidade de trabalho no futuro, conhecer varias culturas, ter uma maior facilidade em aprender um terceiro idioma e, recentemente, pesquisas afirmam que o bilingüismo pode contribuir para a criaçao de reservas cognitivas no cérebro que podem retardar a doença de Alzheimer.
Lendo ha pouco tempo a revista cientifica Neurology, a Profa de Psicologia Ellen Bialystok da Universidade de York – Toronto, nos mostra que pessoas que dominam dois idiomas podem retardar até dez anos o surgimento dos sintomas do mal de Alzheimer. Tendo em vista o Canada ser um pais bilingüe contando com uma naçao de dois grupos étnicos (anglofonos e francofonos), a Profa Bialystok reuniu pacientes portadores desta doença degenerativa e formou dois grupos: monolingües e bilingües.
Em sua pesquisa, os pacientes bilingües, mesmo aqueles que apresentavam maiores perdas cerebrais que os monolingües, apresentavam menos sintomas desta doença, o que nos leva a constatar que as mudanças cerebrais ocorridas na assimilação e na pratica diaria do bilingüismo sao suficientes para contrabalancear a deteriorizaçao cerebral que esta doença acarreta.
Para concluir, no campo fisiologico, aprender uma lingua estrangeira acarreta na formaçao de uma membrana protetora das habilidades cognitivas do cérebro. Se expressar num outro idioma é como se exercitar fazendo ginastica ou mesmo musculaçao, ou seja, é estar preparando e desenvolvendo diariamente a area especifica da linguagem situada no hemisfério esquerdo do cérebro.
Claro que nao devemos esquecer que outros fatores, tais como, uma alimentaçao saudavel e exercicios fisicos contribuem para que nosso cérebro possa reagir de maneira eficaz perante o declinio de suas capacidades cognitivas.