NÓS TRABALHADORES E OS DIAS DE CARNAVAL EM BETIM NO ANO 2011
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS - COREU
NÓS TRABALHADORES E OS DIAS DE CARNAVAL EM BETIM NO
ANO 2011
TEORIA ANTROPOLOGICA: CULTURA E HISTORIA
PROFESSOR JOSE MARCIO BARROS
ALUNO Eder Costa
SEXTA FEIRA, 4 de Março de 2011
Eu mudei para Betim em maio de 1988 em busca de um cantinho onde pudesse colocar minhas coisinhas, já que estava divorciado e só aqui encontrei minha companheira eterna que gerou dois filhos saudáveis hoje adolescentes que me trouxeram muita alegria. Mas este é tema para um outro trabalho e durante estes próximos dias em que o povo brasileiro se diverte na festa conhecida como carnaval eu e mais um bom grupo de betinenses, mineiros e brasileiros continuaremos em nossa rotina normal de vida porque estaremos trabalhando. Devo ressaltar que durante estes 23 anos em que aqui habito muitas coisas aconteceram em meu entorno nesta época de carnaval, muitas coisas em minha vida porém, nunca parei para observar a cidade como o farei nestes próximos dias. Este é o resultado de um momento mágico em minha vida, quando inicio os meus estudos na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e no curso de Ciências Sociais estarei sendo preparado para compreender o comportamento humano e principalmente o meu próprio comportamento já que existe uma mudança plena em meu viver. Meu objetivo é observar os acontecimentos ao meu redor como se estivesse vigiando uma criança de forma que seja compreensível a todos que desta narrativa venham tomar conhecimento.
Uma chuva fina cai aqui no centro de Betim. Chuva manhosa que molha muito e umedece a terra e o meu corpo, já que saí sem a proteção do guarda chuva. Está começando o período momesco. Na Rua Rio Doce onde resido no n° 105, nada mudou. É uma rua asfaltada que tem um afunilamento devido a barracões que foram construídos por invasores e passa apenas um carro por vez, que se ajudam para descer ou subir ao passar naquele espaço de 50 metros aproximadamente. Tem luz nos postes dando segurança as nossas noites, mas tenho uma vizinhança bem tranquila e não posso dizer que conheço todos. A uns duzentos metros abaixo tem uma bela pedreira desativada, onde as pedras eram quebradas à base da marreta e se produziam paralelepípedos que eram usados em pavimentação e vendidos a todas as prefeituras e construtoras da região. Um velho funcionário da pedreira morava num pobre barracão no terreno da pedreira. Era conhecido como “Zé do brejo”” e sinceramente nunca soube seu nome verdadeiro, bebia muito e a turma ficava caçoando dele com esse apelido e ele xingava todo mundo e após a desativação da empresa ficou sem trabalho; já era um pouco idoso e ficava jogado pelas ruas bêbado dias e noites acompanhado de seu cachorro que o seguia todo o tempo. Algum tempo depois foi acometido de tuberculose que se agravou com uma pneumonia e causou a sua morte. Meu jovem vizinho da direita continua ouvindo seu “rap” no som alto do seu fiat marea preto bem rebaixado. O som é daqueles que são instalados no porta malas, com dois auto falantes enormes quatro cornetas e altíssimo e ele ouve sua musica como se todos nós ao seu redor fossemos apaixonados por esse ritmo. Mais adiante tem um sanfoneiro chamado Rafael. Cabeça branca, tem um chulé muito forte já que fica calçado o tempo todo com aquelas botas de plástico brancas e tem mau cheiro até quando ele esta em pé ao lado da gente. Ele mora na casa que se encontra no meio da rua. Durante o dia sai com sua carroça e faz ponto lá no Ceabe (Mercado Central de Betim) e á noite pendura seu acordeon azul daqueles de cento e vinte baixos no ombro e fica cantando as velhas musicas caipiras que ele executa nos bailes na roça que ainda acontecem em nossa região. À frente passa o Rio Betim com uma ainda bela cachoeira, hoje recebendo as águas poluídas do rio mas a quarenta anos atrás era ponto turístico de acordo com uma foto que vi no hall de entrada da loja do Superluna Supermercados que possui varias fotos da velha Betim dentre as quais nossa bela cachoeira. Em minha casa o barulho das águas se mistura com o som do “rap”e também com o som dos alto- fornos da Metalúrgica Metalsider que está do outro lado do rio e funciona 24 horas ininterruptamente. A metalúrgica é bem antiga no Município e ocupa um enorme terreno e claro, quando ela foi instalada ali estava bem longe do centro da cidade, mas hoje encontra-se ao redor de nossas casas. São muitos os operários em cada turno de serviço. De minha janela tenho uma vista panorâmica da empresa embora muitos pés de eucalipto estejam plantados na divisa da mesma com o rio. Lá não tem carnaval, os sons são os mesmos e os metalúrgicos também. Se revezam na troca dos turnos cujos horários são 6, 14 e 22 horas. Carretas especiais que transportam o ferro gusa em seu teor máximo de caloria seguem de meia em meia hora com seu batedor um Fiat Uno que com suas luzes amarelas e bandeiras vermelhas nos quatro cantos dos pára-choques abrem passagem para a livre circulação da carga que é de emergência e perigosa e circulam na rodovia 381/262 em torno de 15 quilômetros levando este material para a Tecsid (outra metalúrgica que funciona em sistema de turnos) que o coloca em seu forno e em outra corrida produz cabeçotes e bloco de motores para todas as montadoras do Brasil e Países do Mercosul onde se destaca a Argentina, além e principalmente da Fiat Automóveis que fica a 10 minutos da referida empresa. Hoje tem 23 caminhões de carvão vegetal com o qual são alimentados os alto-fornos da Metalsider e ficam estacionados ao longo da Av.Marco Túlio Isaac, via esta que faz uma segunda opção de ligação entre Betim e Belo Horizonte desaguando os carros na Via Expressa. Estes caminhões de carvão chegam a todo momento dos mais diversos grotões de nossa Minas Gerais. Não é o nosso tema, mas quantas arvores se foram e estão ensacadas em cada um desses caminhões. É o desastre ecológico que assola a vida da terra.
Conversei com um grupo de motoristas sentados numa praça em frente à portaria de caminhões da metalúrgica. Na verdade é uma grande rotatória que faz a ligação entre a Av. Marco Túlio Isaac que traz o fluxo de trafego de Belo Horizonte e do Centro de Betim no sentido da Br 050 que faz a rota do sul de Minas, além de bairros rurais de Betim como Vianópolis, Santo Afonso, Icaivera e as cidades de Juatuba, Mateus Leme, Itauna, Divinópolis e região, além de Caio Martins, Esmeraldas e até mesmo Contagem, Mg em outra rodovia municipal. Esta rotatória organizou este entroncamento que era bastante perigoso e palco de alguns acidentes no passado. Como formou uma grande praça parte dela foi aproveitada para a montagem de um academia ao ar livre, com aparelhos manuais que coordenam exercícios em todas os músculos do corpo. Todas as terças e quintas monitores especiais acompanham os usuários em sua maioria da terceira idade, que fazem os exercícios e realizam uma caminhada nas pistas de caminhada previamente postadas na avenida citada. Um dos motoristas, conhecido como “Bolão” cujo nome verdadeiro é Júlio Marciano de Oliveira, possui um caminhão Mercedes Benz, 1313 azul todo equipado, com forro vermelho no piso, sofa cama, cortinas azuis ao redor interno da cabine, dvd player, som no teto , bem limpinho considerando que o carvão possui um pó preto, placa GUV-5508 de Teixeiras, Mg, que fica na região de Ponte Nova, Mg, muito bem conservado e traz o carvão de uma fazenda chamada Pitangueira que fica na zona rural dessa região. Ele utiliza as rodovias Mg – 262 e Mg –356, e faz sua perigosa viagem de 240 Km em torno de 6 a 8 horas dependendo do tempo disse ele, com seus cinquenta e seis anos e muita experiência na profissão. Segundo ele quando chove muito é necessário puxar o caminhão com trator de esteira por três a cinco quilômetros. No caso ele é fretado e o trator é da fazenda. Outros motoristas pagam duzentos reais para serem rebocados o que as vezes não compensa pois torna-se prejuízo no frete. Ao chegar na portaria um funcionário da metalúrgica colhe uma amostra de material para tal ele usa uma escadinha e sobe na lateral da carroceria do caminhão, e a mesma passará por uma pesquisa laboratorial antes de ser recebido e queimado; em seguida estaciona e fica dependendo da quantidade de caminhões aguardando às vezes por mais de três dias para descarregar. Ele costuma ir para a casa de uma filha que mora em Sete Lagoas de ônibus, e contando com o apoio dos que por aqui permanecem, através de ligação telefônica celular, fica sabendo o momento de retornar para descarregar seu veículo.
O destaque na cidade e onde um grande grupo de pessoas trabalha os cinco dias sendo em sua maioria voluntários de todas as idades, está sendo realizado no Ginásio Poliesportivo Divino Ferreira Braga utilizado para os grandes eventos esportivos do Município, em todas as modalidades esportivas e atléticas com jogos da Liga de Nacional de Vôlei Masculino e Feminino, Torneio Nacional e Internacional de Judô, Liga Nacional de Futebol de Salão e torneios municipais. É um grande ginásio poliesportivo que ocupa um grande quarteirão no Bairro angola, Ele encontra-se na Rua Redelvim Andrade, 300 além da R. Quatro e Av. Bias Fortes situadas no Bairro Angola. Tem um grande estacionamento para uns 500 veículos e acomoda 6000 pessoas em suas arquibancadas. Possui quatro entradas, duas laterais e as duas principais à frente com seis bilheterias e três roletas, além de uma entrada pelos fundos onde com segurança entram os atletas que serão os astros do espetáculo.
O 26º Rebanhão do Senhor este ano com o tema “por onde esta água passar haverá vida...” (Ezequiel 47:9, p.794, A Bíblia Viva, 7ª edição, 1994) tem a responsabilidade da Renovação Carismática Católica através da Arquidiocese de Belo Horizonte, Forania Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora da Conceição, quando todos são convidados a permanecer ali durante a folia de momo, onde cantam musicas sacras cristãs, leitura e seminários com matérias de interesse publico e faz parte do calendário de atividades do Município.
Como é um evento de grande vulto conta com o patrocínio da Prefeitura Municipal de Betim, além do Super Sacolão Sapão ( nome de registro eleitoral de vereador na atual legislatura, Sapão), Liberdade Fm 92.9, Superluna Supermercados, TV Betim Canal 53, Cor & Arte Comunicação Visual e Impressão Digital, Eletro Betim, Supermercados BH, Hiperdrograria Souza Aguiar, Metalúrgica Betim, Mercado da Esquina, Vu Gramados (nome de registro eleitoral de vereador na atual legislatura, Vu), Edvan Automóveis, Emetur Turismo, Wilson Vidros, Raízes Farmacia Homeopática, Betim Parafusos, Zaza Flores e Plantas, Gessi Campos Imóveis, Moveis Brum e CDL- Betim.
A abertura das atividades foi precedida de uma grande carreata e muitos fogos para atrair a atenção do grande publico e daqueles que por uma razão ou outra não lêem os outdoors espalhados pela cidade convidando a todos para participar desse grande evento que já é tradicional na cidade. O piso do estádio foi forrado com carpete, e foi também montado um grande palco para as missas e apresentações musicais. As famílias abrem seus colchonetes, suas lancheiras ocupam toda a quadra e arquibancadas do recinto e ali juntos participam das missas e atividades espirituais com grupos musicais rendendo louvores ao Salvador Jesus Cristo. Párocos conhecidos do grande publico e Missionários Pregadores cuidam do ensinamento e catequese dos fieis presentes. Existe um livro de hinos de louvor de capa azul que é vendido por R$1,50 njuma loja dentro do ginásio e ao redor do mesmo foi montada uma praça de alimentação bem farta com dez barracas de 3x3metros onde se encontra desde o marmitex, até sanduíches, pasteis e refrigerantes( não é permitida a venda de bebidas alcóolicas), seguem –se os produtos liturgicos, bijuterias, CDs de artistas gospel como o Padre Marcelo e outros e vejo então a marca forte do consumismo arraigado na multidão e vítimas dos capitalistas especuladores. Também foram convidados a participar os artesãos do Município dentre os quais me incluo porem devido ao trabalho de plantão não pude participar mas temos a bijuteria, calçados, roupas, presentes de biscuit ao todo mais 16 barracas. Então encontramos aí mais quarenta pessoas empenhadas no trabalho. O estacionamento está cheio também com carros em sua maioria com placas de Betim e Contagem além de municípios da região metropolitana como Mateus Leme, Juatuba, Ibirité, Igarapé e outros. Algumas caravanas vieram com seus ônibus de cidades vizinhas abrilhantando mais ainda a atividade religiosa. Vemos pessoas de todas as classes sociais e raças sem distinção, jovens, crianças que brincam com bolas de plástico multicoloridas distribuídas pelos coordenadores e um bom numero de pessoas da terceira idade. Entretanto não é um movimento que mantém todos os participantes em tempo integral no recinto. As atividades encerram as 19hs, todos vão para os seus lares e retornam no outro dia as 6hs da manhã para a primeira missa. Alguns estão hospedados em casa de obreiros e voluntários num belo trabalho de integração. A acústica do ginásio não é boa e a musica fica incompreendida já que fica comprometida a qualidade do som que é muito alto com muitas caixas fixas ao redor do palco mas que se confunde de acordo com a posição que o ouvinte se encontrar, principalmente se nas arquibancadas atrás do palco. Foi também montado um palco menor no lado externo do ginásio na região das barraquinhas onde acontecem shows após a realização da última missa e ali permanecem ate as 23hs quando a platéia, agora formada pela juventude, alguns acompanhados dos pais vibram com as músicas de grupos musicais gospel e exaltações de louvor. Os voluntários cuidam da limpeza e conservação dos banheiros, área de circulação, atendimento e apoio aos participantes enfim ficam prontos para qualquer eventualidade. Conversei com o Sr. Nilo um voluntário que além de trazer sua esposa para o evento fica à disposição para auxiliar no evento. Ele me afirma que existem trezentas pessoas trabalhando cada dia deste grandioso evento religioso. Foi solicitado que as pessoas trouxessem donativos tais como roupas, agasalhos e alimentos não perecíveis e posso ver que tem uma sala com muitos donativos. Acompanhei o Sr Nilo e até ajudei a fazer a separação desse material em peças mais ou menos iguais, eliminando aqueles que não são muito úteis, (pude ver que algumas pessoas doam não o que têm sobrando mas sim roupas por exemplo que eles não usam mais, o que não é donativo nem tem a menor utilidade.) A quantidade é expressiva e esse material é enviado para asilos e creches que recebem o apoio de paróquias da arquidiocese.
As 17 hs acompanhado da Mariane minha filha caçula com seus doze anos fomos realizar nossa compra de alimentos para este mês de março. O transito esta bem congestionado, tal como em toda véspera de feriado prolongado. O supermercado fica no Bairro Bueno Franco a 10 minutos da região central. Chama-se Produtos Alimentícios Betinense Ltda. da Rede Smart e fica situado na R. Uberlândia, 446. É uma loja de porte médio ou seja um galpão construído num lote de 360 mts. É bem completo em sua oferta e tem até um pequeno açougue em seu interior. Pude observar que tinha ali trabalhando dois balconistas no açougue, duas funcionárias na sessão de padaria, um padeiro, um confeiteiro, dois repositores, três caixas e dois embaladores, uma funcionaria na sessão de perfumaria além da gerente de loja. O supermercado tem em seu interior um caixa do Banco 24 Horas que presta um serviço importante de utilidade pública à comunidade. Tem também uma kombi que faz entrega a domicilio em toda a região central da cidade e arredores do mercado. Estava bem cheio, muitos carrinhos e até colegas de trabalho já que temos um cartão denominado Cesta Servidor, que nos permite fazer compras de alimentos ou remédios no valor de até R$132.00 tendo um pequeno desconto no contracheque de R$ 5,73. Nossa compra ficou em R$115,31 somente com produtos básicos , arroz, feijão, açúcar, etc. Feita esta primeira compra fomos complementá-la no maior supermercado da cidade o Superluna que possui três mega lojas na área central e estava muito cheio também, mas possui uma maior oferta de variedades para alimentar nosso instinto consumista. Neste supermercado que é muito grande mais de cinquenta funcionários em atividade. São duas portarias com 10 caixas para atendimento geral, 04 para até 10 volumes e 01 caixa para idosos, gestantes etc, em cada portaria, todos com os respectivos caixas e embaladores, um açougue com 6 balconistas, um açougue menor para frango e salsicharia com três balconistas, um setor de frios (presunto, queijo e mussarela) e doces com três funcionarias. Um caixa externo porem dentro do supermercado para pagamento de contas da Cemig( Centrais Elétricas de Minas Gerais e da Copasa - Companhia de Saneamento de Minas Gerais, duas funcionarias para receber os cartões de debito, credito e convênios, repositores, funcionarias da limpeza, e quatro seguranças armados dois em cada setor de caixas alem dos funcionários dos depósitos de recebimento de mercadoria e as 04 funcionárias do setor de padaria. Ao anoitecer a cidade vai se acalmando limitando seu movimento aos estudantes das faculdades Pitágoras, Unipac e Unis além dos cursinhos Centro Educacional Genoma, e Luziana Lana todos na região ao entorno da Av. JK onde os alunos estacionam seus carros usando as principais vias centrais já que estas unidades estudantis não possuem estacionamento próprio. É um grande movimento que vai ate as 23hr quando aqueles que não ficam ali pelos barzinhos retornam aos seus lares.
No Sábado, dia 5 de Março de 2011, amanheceu chovendo fino, bem leve mas constante que se manteve por toda a noite. Levantei cedo para levar meus filhos Juliano com 18 anos e Mariane com 12 anos para a capela de onde irão para o chamado acampamento de carnaval, quando os rapazes de 12 a 17 anos da chamada Organização dos Rapazes, as moças também de 12 a17 anos da Organização das Moças, vão para sítios separados não exatamente na mesma região sendo que estes possuem uma completa infra-estrutura de alojamento, campos de futebol e vôlei e uma boa piscina e um outro grupo este sem divisão de sexo e com a idade de 18 a 30 anos ou mais os chamados Adultos Solteiros aí incluindo os viúvos e divorciados que desejarem participar dessa atividade. Durante os dias carnavalescos irão dividir momentos de lazer e reuniões de estudo e espirituais, alem de realizarem uma caminhada ecológica na região do sitio onde estiverem, todos guiados por líderes, pessoas capacitadas e responsáveis pelo sucesso destes projetos dos quais participei por mais de 10 anos, sempre liderando jovens em carnavais e outros acampamentos para instrução, desenvolvimento e aprendizado. Aqui encontrei três motoristas que levantaram cedo para pegar os ônibus na empresa São Gonçalo, e aqui estão para transportar todos estes jovens aos seus respectivos sítios. Agora estou na Feirart – Feira de Arte e Artesanato de Betim, localizada na Praça do Ceabe – Central de Abastecimento de Betim onde exerço a atividade de artesão e produzo em meu período de folga brinquedos pedagógicos em madeira que exponho e comercializo em uma barraca já a cinco anos. O Ceabe é o mais antigo e único mercado de nossa cidade. Foi construído pela Prefeitura Municipal de Betim e foi por muitos anos uma oportunidade do gestor municipal colocar ali um cargo de confiança que assumia a gerencia e coordenação do mercado. Entretanto os usuários decidiram se desligar desse vinculo e fundaram uma cooperativa à qual deram o nome de Cooperativa de Prestação de Serviços dos Concessionários do Ceabe Betim, cercaram o estacionamento e terceirizaram o mesmo passando a cobrar a utilização com desconto para os clientes que estiverem no mercado em compras e apresentando a nota fiscal. Tem quatro entradas e unidos em cooperativa encontram –se. O primeiro setor com de bancas abertas de verduras. A primeira banca vende água de coco, milho cozido, cuias de abóbora seca, produtos artesanais como balaios, cestos de vime e ovos e galinhas da roça. Tem um balconista. A Banca do João que também vende balaios, produtos artesanais como carrinhos de boi, cuias e outros com um funcionário, a banca do Juca Brotas que vende produtos dietéticos, plantas e ervas medicinais, aveia, arroz integral, pimentas feijão e fubá da roça, batata, cebola, alho em cabeça e descascado, enfim tudo que um cliente interiorano gosta. Possui dois balconistas. A banca do Sr José que vende frutas legumes e verduras com produtos de qualidades colhidos em sua própria fazenda nas imediações da cidade e possui dois balconistas geralmente familiares e a última banca um pouco menor conhecida como o cantinho da roça com pinga, farinha, fubá de moinho d’água, polvilho, rapadura e funciona com um balconista. Encontramos também nesse setor as lojas, como a Mercearia do Juca uma loja compacta mas bem sortida com produtos essenciais e de primeira necessidade com um caixa, um embalador e repositor, a filha dele que gerencia a loja e cuida das compras para reposição do estoque. Ao lado a seguir temos um salão de beleza com duas cadeiras, uma lavadora de cabelos com três funcionarias sendo uma manicura e pedicura e duas cabeleireiras. Em seguida temos a loja da Detinha Perfumaria, que vende produtos de beleza, shampoos, esmaltes, batons enfim um variado estoque com três balconistas nesta loja. Do outro lado do corredor ela possui mais uma loja de cosméticos e variado estoque de perfumaria e beleza também com o nome Detinha Perfumaria. Esta loja pertencia à Gloria Perfumaria que possui mais duas lojas no centro comercial da cidade que lhe passou o ponto. Temos também a Detinha Confecções com roupas para adultos e crianças de todas as idades e um completo armarinho. Para completar este setor temos o Restaurante Vovó Joana onde uma família composta de pai, mãe, três filhos e uma cozinheira que prepara pratos variados e sortidos atendendo a uma boa clientela em dez mesas assim dispostas quatro dentro da loja e seis no corredor. Por fim temos uma loja de roupas variadas com especialidade em vestidos coloridos e estampados como seu alvo principal de vendas com o proprietário como balconista e a sua frente uma loja dividida em dois setores, um onde se encontra aquele famoso fumo de rolo e o rapé e botinas, sapatos e chinelos em couro, cintos e carteiras onde os proprietários, marido e mulher são os balconistas cada qual em seu setor. A loja é dividida com uma divisória com uma porta interna que lhes dá a oportunidade de estarem juntos. No segundo setor temos quatro bares, o Bar Kara de Pau, tem um excelente torresmo e uma deliciosa porção de carne cozida com aquela pimentinha básica, Bar Espaço Fino, um feijão tropeiro com torresmo, Bar dos Pescadores que tem várias cabeças de peixe pregadas na parede tais como surubim, traíra, bagre, dourado, uma tartaruga e um couro de tatu o que lhe dá um destaque especial com aquele peixinho frito na hora ao gosto do freguês, e o Bar do Juninho que serve um mexido bem temperadinho com ovo alem de uma boa porção de moela de frango e aquele cupim assado na panela de se fazer lamber os beiços. Existe ali naquele setor um espaço democrático onde todos clientes e proprietários convivem amigavelmente com suas mesas externas isto sem falar da cachacinha, a cerveja gelada as bebidas quentes que todos possuem apenas com variações da marca um é Brahma, outro Antártica, outro Skol, outro Skin mas quem continua faturando alto é a Ambev – Companhia de Bebidas das Américas que distribui todas. Entre a clientela encontramos umas “moçoilas”, famílias e também a turma do bom papo, e a turma do futebol. Ao lado uma pequena lanhouse com oito computadores onde a turma vai se revezando em seus sites sociais; mais a frente uma loja onde se encontra tudo para caça e pesca, a loja do Renato Caça e Pesca Ltda. que vende também instrumentos musicais roceiros como sanfona, violão e se precisar de um rabeca ela dá um “jeitinho” e te arruma, tem botina rangedeira da roça, facão, canivete para preparar o fumo de rolo e até a palha de milho bem embladinha o Renato tem para oferecer; “ importante é o cliente sair daqui “sastisfeito” diz ele com seu jeito caipira. Tem dois rapazinhos que trabalham com ele que não dá conta mais de ficar subindo as escadas para pegar “as coisas” nas estantes. No terceiro setor temos duas lojas de queijos a Biscobet que vende biscoitos de todas as qualidades no atacado e varejo e a Frios Delicia que vende só queijos mesmo, parmesão, canastra, minas, mussarela, ralado e um docinho de leite, figo, mamão, laranja da terra tudo vendido a granel. Mais a frente temos uma loja que vende vasos de jardim, gaiolas, rações, peixes ornamentais e miudezas dessa área de casa e jardim, tem o Aviário Betim que vende produtos veterinários para cães, gatos, equinos e bovinos, patos, gansos, perus, gatos, cachorrinhos, codornas, galos de raça, galinha d’angola e rações. Temos o setor dos banheiros onde se paga R$ 0,30 centavos para utilização com três funcionários, dois cuidando da higiene dos banheiros um no banheiro masculino e outro no feminino e o caixa que fica no corredor em sua cabine, alem do escritório central da Cooperativa que oferece total apoio aos usuários com uma seção de achados e perdidos um quadro de avisos com toda espécie de ofertas de produtos para negociar, carros, fundo de bar, casas, lotes, chácaras, sítios além de cuidar de todo assunto burocrático do mercado se trata com uma secretaria e os diretores da Cooperativa. No corredor final que pode ser o inicial também, vai depender em qual das quatro grandes portas o cliente entrar, encontramos o Sacolão Horticenter, bem sortido com frutas e legumes frescos e duas funcionarias em caixas que acumulam a função de embaladoras também e um repositor de mercadorias que faz o serviço braçal e mais pesado. Um espaço que é tratado como uma pequena praça que é vista como uma vitrine aberta onde, monta-se o presépio no período natalino com o papai noel tirando fotos com as crianças, o coelho na época da páscoa e assim cada festividade na sua ocasião. s Neste setor temos ainda as lojas Xá de Panela, Laiane Presentes e a Embalar Presentes que vendem importados, brinquedos, jogos, flores artificiais, artigos para presente em geral todas no mesmo segmento e todas com uma bela balconista em seu interior assim como o Murilo Games com seus computadores, maquinas fotográficas, os importados de áudio e vídeo a Embrasil Condimentos que vende pimentas, canela em pó, colorau, cravo alem de produtos para embalagens em geral, a Antagônica uma loja no padrão shopping center com roupas de marca tipo Nike, Adidas, Lewis todas também com um balconista apenas e por fim o setor dos açougues sendo dois denominados Frigorífico Serradão um numa ponta outro na outra do corredor colocam umas gôndolas com as ofertas do dia como costelão gaúcho, frango resfriado, sardinha congelada de acordo com a necessidade de concorrência com o objetivo de chamar a atenção do cliente com oito açougueiros balconistas quatro em cada loja, alem do motociclista que faz as entregas a restaurantes e clientes especiais, o Açougue e Peixaria do Basílio e o Açougue Silva Lara e como em toda cidade do interior todos vendem, todos tem sua clientela fiel e seus pontos de entregas especiais.. Tudo aqui acontece como em qualquer sábado do ano ,com uma grande movimentação procurando oferecer uma ampla variedade de produtos num só espaço sem tumulto e temos para cuidar de todo esse espaço um vigilante apenas que reveza com outro dia sim dia não, e ambos são conhecidos e muito queridos dos freqüentadores que são quase sempre os mesmos e claro os turistas e moradores de outras regiões. Em vista disso podemos observar um transito confuso e lento no entorno já que o numero de vagas de estacionamento é menor que a quantidade de veículos circulantes. O Ceabe como já citei tem uma área fechada que acomoda cerca de cento e cinquenta carros, o Superluna tem também duas áreas fechadas que acomodam cerca de 200 carros, temos ainda na area externa com faixa azul mais umas 100 vagas. Completando o setor comercial temos alem do Ceabe e do Superluna o Frigonema que vende carnes e peixes a preços populares e o Frigo Seleta que entra na disputa pelos consumidores ambos com dois motociclistas um de cada que circulam com suas motos apresentando suas ofertas em alto e bom tom em suas caixas de som somente ali no entorno, indo e vindo durante todo o dia e repetindo sempre a mesma coisa com aquela musiquinha chata e a poluição sonora sem controle ambiental, poluição sonora que é completada com o locutor do Serradão que faz sua festinha a parte, conhece todo mundo, canta uma musica à capela, mexe com uma criança aqui, uma morena bonita acolá fala da oferta da carne, tem o locutor dos Sacolões ABC e Preço Baixo que colocam musica o tempo todo falam das ofertas do sacolão com as caixas lado de fora de suas respectivas lojas e o povo vai passando nem ouve preocupado com os carros passando ao largo e eu lá sentadinho na minha barraca só observando o movimento. A razão disso é a área onde temos a já citada loja do Superluna Supermercados, o Mapim Materiais de Construção um depósito de materiais no centro nervoso do comercio com três balconistas, Auto Escola Betim com duas funcionarias, Bike Shop acessórios de bicicletas com três balconistas, Floricultura Betim com suas flores cheirosas e cada espécie mais maravilhosa que a outra com belas atendentes em numero de três, a Casa Mil, um deposito de material de construção de menor porte oferecendo tintas residenciais e material de acabamento, a Stillus Modas e a Opulência lojas de padrão mais fino, em moda masculina e feminina com duas balconistas e por fim o camelódromo, onde a Prefeitura conseguiu acabar com os camelôs dos passeios que já ocupavam quase todo o centro da cidade, foram cadastrados para dar oportunidade somente aos betinenses, cedeu um espaço hoje composto por 115 pequenas lojas pré fabricadas com metalon uma chapa metálica ou seja padronizadas, onde o cliente encontra tudo desde o simples cd, dvd, produtos de caça e pesca, relógios, brinquedos, bijuteria, roupas, tênis, óculos de todos os estilos e graus enfim, uma gama variada de produtos conhecidos como “do Paraguai” e claro tudo “politicamente correto”, enfim, um Centro Comercial de apoio ao consumidor de todas as classes e suas mais variadas necessidades. Numa praça oposta ao camelódromo está montada a Feirart – Feira de arte e Artesanato de Betim, coordenada pela FUNARBE – Fundação de Arte de Betim, órgão da Prefeitura que coordena feiras e eventos populares, Somos 60 feirantes todos cadastrados, moradores no Município e comprometidos em fazer produtos manuais e artesanais o que já não é uma realidade em todas as barracas, com produtos variados e alguns nem precisa olhar de forma mais apurada para verificar que é de produção industrial. . A praça em que nossas barracas estão montadas é bem movimentada As barracas são montadas na Quarta-feira e desmontadas no Sábado á tarde. Somos oitenta artesãos e temos trinta barracas de roupas em geral, uniformes esportivos, bermudas, roupa intima, roupa indiana, quatro de bolsas femininas, mochilas, pequenas bolsas, cinco com calçados de todos os tipos sendo em sua maioria sandálias femininas das mais variadas cores e modelos, três barracas de bonecas de pano artesanais, uma de brinquedos ou melhor dizendo bichos de pelúcia, quatro barracas com uma grande variedade de produtos em biscuit que conta com o talento de cada artesão onde acontece o destaque, uma barraca de brinquedo pedagógico em madeira desse cidadão que vos escreve. Somos uma família que trabalha com o artesanato em madeira conhecidos como Artesanato em Família quando busco manter essa cultura do brinquedo pedagógico, com jogos como torre de Hanói, resta um, jogo da velha, casa de boneca, trenzinho, caminhões , carros tipo fórmula um mas tenho como concorrente direto os brinquedos de plástico produzidos industrialmente e vendidos à R$1,00 ou R$1,99; prosseguindo a narrativa temos vinte barracas com bijuteria que tem uma variedade imensa de artefatos, anéis, colares, pulseiras, cintos, cordões em prata material nobre ou marcassita . ( ¹A Marcassita é o nome popular dado ao minério de sulfeto de ferro, ou pirita. Com dureza 6,1/4 e com peso específico de 5.0. sua cristalização é rômbica com brilho metálico e opaco. É lapidado não como pedra preciosa de adorno, mas principalmente para pequenas pedras de cercaduras e, como tal, destinada a produzir efeitos especiais de destaque nas cravações de outras pedras graças ao brilho metálico que apresentam. De modo geral a Marcassita tem a cor amarelada-latão, pálida, por vezes bastante escurecida, ou negras que são as mais empregadas na joalheira. A sua lapidação em grande escala, para cercaduras concentra-se na região de Turnau na Boêmia. Presente em jóias de prata, indianas ou de estilo vitoriano). Aí também se destaca a criatividade do artesão que vai fazer o seu produto que pode ser comum a todas as barracas, diferenciado; uma barraca cujo artesão utiliza como matéria prima sabonetes e faz presentes maravilhosos e uma barraca de decopage cujo artesão usa cola e papel e decora os mais variados objetos tais como vidro, caixa de madeira, tecidos em suas mais variadas formas. Hoje somos 65 artesãos presentes e alguns foram viver o carnaval fora de Minas outros foram para retiros espirituais mas vemos que a maioria aqui estão totalmente alheios ao carnaval. Esta praça que é a maior praça pública nesta região tem entre os seus frequentadores comuns que se misturam aos clientes na feira. moradores de rua que dormem na praça às vezes alcoolizados, prostitutas e gays todos misturados nesse vai e vem do dia a dia. Vemos a presença da segurança publica com Guardas Municipais responsáveis pelo patrimônio publico, circulação de viaturas policiais além de duplas policiais e a cavalaria todos cuidando do bem estar da população e tranquilidade dos feirantes.
Aqui nesta praça encontra-se também na região um ponto principal de ônibus que fica bem central onde pessoas descem de seus bairros ou embarcam com suas muitas sacolas multicoloridas. O transporte coletivo é gerenciado pela Transbetim – Empresa de Transporte e Transito, que identifica seus coletivos com as cores amarelo e verde e as vans do transporte alternativo nas cores branco e azul que alem da ligação bairro a bairro passam pelo Hospital Publico Regional Prof. Osvaldo Franco alem de Ubs`s ( Unidade Básica de Saúde) especializadas no atendimento primário embora não funcionem nos finais de semana, mas possuem também as UAIS (Unidade de Atendimento Imediato) com atendimento em tempo integral todos com o transporte alternativo ou normal na porta. Temos um ponto de mototaxi com 16 motos que também transportam aqueles que desejam um deslocamento mais rápido na região central, e quero dar um destaque especial para uma passagem de nível onde passa o trem da FCA - Ferrovia Centro Atlântica, antiga Rede Mineira de Viação cuja estação onde em outras décadas parava o trem conhecido como subúrbio e cuja estação foi tombada pelo Patrimônio Público Municipal. O trem agora só cargueiro passa bem no centro da cidade, com seus vagões de minério que quando cheios circulam no sentido de Vitoria, ES,onde fica o porto de tubarão destino dessa matéria prima com três locomotivas e 42 vagões e costumam acoplar duas ou três composições na mesma viagem, alem de cargas de soja, combustível, cimento e varias outras matérias primas como por exemplo blocos enormes de pedra na forma retangular ou quadrada. A demora no passar de 80 a 160 vagões ou mais quando ligam duas ou três composições com os vagões vazios, causa a retenção dos veículos por um período superior a vinte, trinta minutos e a cidade para, tanto pedestres quanto veículos o que provoca em conseqüência um grande congestionamento na região central de Betim, o que misturado com a falta de paciência dos condutores e o som dos veículos que trafegam com suas caixas de som em busca da clientela e oferecendo ofertas tentadoras diariamente faz a diferença tão falada do mineiro com seu tradicional “uai”. O detalhe interessante é que a linha do trem divide a cidade em duas e todas as lojas aqui citadas ficam na parte baixa da cidade entre a linha do trem e o Rio Betim que também contribui nesta divisão na cidade.
Hoje é meu dia de plantão no trabalho. Sou funcionário publico da saúde onde sou efetivado como Guarda Patrimonial responsável pelos bens materiais do Centro de Convivência Estação dos Sonhos. Este Centro de Convivência onde trabalho não é uma sede própria. Foi inaugurado em 2001 no Bairro Decamão em outra chácara bem menor que a atual. Estamos na Rua Santa Cruz, 400, Centro temos um pomar com as arvores frutíferas básicas, banana, goiabas vermelha e branca, lichia que é uma fruta incomum que só produz no mês de dezembro e é deliciosa, abacate, manga, jabuticaba, amora, uma horta com couve, alface e cebolinha e muitas plantas ornamentais de um lado e outro de um caminho cimentado por onde se circula ate o varandão da casa que fica no fundo do terreno. A casa tem dois pavimentos sendo que em baixo temos uma sala/copa bem grande do tipo 6x6, um banheiro social a cozinha, área de serviço e a velha e tradicional dependência de empregada um espaço de 3x3 com quarto e banheiro. No pavimento superior temos três quartos um com “closet” e a banheira de hidromassagem tão tradicional na casa dos ricos em décadas passadas e outro banheiro social, tudo muito bem dividido com um hall para poltrona e televisão ou som, piso em taboa corrida cujas paredes guardam a historia de uma família tradicional da cidade. Minha função é cuidar desse patrimônio e principalmente dos computadores atrativo de ladrões invasores de casas alheias. Um dos vizinhos é um barzinho chamado Dona Rosa que apresenta musica ao vivo as terças quintas e nos fins de semana mas que agora tem uma faixa dizendo que “estamos em recesso neste carnaval”. O outro vizinho é um outro barzinho chamado “Lendas” que também tem musica ao vivo e um telão onde os clientes assistem a jogos nos fins de semana. Ao fundo temos uma grande confeitaria ponto nobre da cidade. Isto significa que algumas noites são bem barulhentas por aqui mas neste período de carnaval até o transito de veículos torna-se quase zero. Neste Centro de Convivência temos uma excelente equipe de profissionais tais como Ronaldo Zenha, Psiquiatra e Gerente da unidade, Ana Lúcia, Professora P-1, Eder, Edmilson, Manoel Fernandes, Guardas Patrimoniais, Marilia Magela, Apoio Administrativo e Guarda Patrimonial, Natacha Augusta, Apoio Administrativo, Francisca de Oliveira e Elizabeth Vieira, Agentes de Higienização, Eunir, Enfermeiro, responsável pela oficina de artesanato, Lionilda Nogueira e Camila Morais estagiarias de Serviço Social, Patrícia e Carolina estagiarias de Psicologia que cuidam do setor de saúde e vida além do acolhimento, Laureane, estagiaria de Ciências Biológicas, Neide Aparecida, Psicóloga, Noemi Assunção, Auxiliar de Enfermagem atuando nas oficinas de aprendizado, Petronilha Assunção, Oficineira , Rubia Mara, Terapeuta Ocupacional, Taciana Santos, Recepcionista da Saúde, Valmir Braz, Psicólogo responsável pelas oficinas de cerâmica, mosaico, cinema na estação e atividades culturais externas, Patrícia Vianna , Estagiaria de Biologia e Oficineira de Artes, profissionais, que realizam atividades laborativas com pacientes de saúde mental utilizando seu potencial criativo em arte manual, geração de trabalho e renda, alfabetização, oficinas terapêuticas, costura, culinária, dança, teatro e cerâmica entre outros como cultivo de hortas e jardinagem com as muitas árvores frutíferas que existem no espaço, assim procurando participar com uma política publica a responsabilidade que a saúde do Município tem de resgatar a cidadania através de atividades do cotidiano com a inclusão ou em alguns casos reinclusão desses pacientes na sociedade. Curioso é que temos algumas galinhas também cuidadas por eles, cuja razão foi a presença de escorpiões no terreno da clinica durante o período quente e prolongado que temos vivido nos últimos anos. Sem atividade carnavalesca a cidade entra a noite com sua rotina normal de bares, pizzarias e sorveterias, e a circulação dos muitos trabalhadores noturnos e plantonistas. O comércio em geral fechou as 12 hs e o centro comercial segue esta definição do acordo feito no Sindicato dos Comerciários que possui suas regras e são diferentes pelo que percebo do Sindicato dos Panificadores que mantém suas padarias abertas nos feriados, fins de semana e em horários diferenciados do comércio.
Meu plantão foi bem tranqüilo e pude observar que choveu durante toda a noite. Aproveitei para ler o texto “O Brasil é aqui” que é um modelo para aprendizado de trabalhos antropológicos, de fácil leitura e de forma tão clara que me senti dentro da escola Acre, que embora tenha esse nome é uma escola pública no Rio de Janeiro conforme citada pela autora Raquel Freire Zangrandi.
Sai do trabalho as 7hs ainda embaixo de chuva e observando ao redor no meu retorno para casa pude ver que a padaria está aberta e o sacolão também. Neste horário o sacolão tinha dois repositores organizando os legumes nas gôndolas, duas funcionarias no caixa aguardando os clientes que levam os legumes e frutas para pesar e pagar, entretanto só haviam dois clientes na loja. A padaria tinha um movimento melhor já que dos sete clientes que estavam comprando produtos para o café matinal como leite e pão a maioria chega de carro. O ônibus demorou bastante já que por ser domingo os horários são muito reduzidos em todas as linhas. mas sua condutora, uma motorista me alertou para o crescimento da participação da mulher nas atividades antes consideradas masculinas nestes últimos tempos. Nenhuma diferença em sua maneira de conduzir o veiculo em comparação com o homem, mas uma grande diferença de comportamento no relacionamento social ao me receber com um belo sorriso quando entrei no veiculo. A cidade está vazia. Betim é conhecida como cidade dormitório, já que boa parte de seus moradores trabalha e estuda em Belo Horizonte e outros Municípios da Região Metropolitana. Alguns produtos de uso pessoal são comprados também lá porque o morador Betinense passa a maior parte de seu tempo no trabalho ou estudo e como vive fora de Betim faz as suas compras também fora da cidade, além de partilhar uma maior e melhor concorrência preços mais acessíveis.
Em dias assim quase não passa carro em minha rua e as vias centrais da cidade também estão com muito pouco movimento. Devo destacar um ponto comercial específico, uma pequena lanchonete que vende pastel frito na hora, de carne queijo e frango, vitaminas de abacate, frutas e aveia ou amendoim e suco de laranja natural ou não com dois funcionários, o proprietário que é bem jovem cuida do caixa e das vitaminas e seu irmão que é o pasteleiro. Eles são membros de uma Igreja Adventista de Sétimo Dia e assim, ele fecha sua loja aos sábados mas funciona nos demais dias da semana de sete as dezoito horas e no Domingo até o meio dia.
A chuva continuou no decorrer do dia mas por volta das três horas permitiu que o sol desse um sinal de vida por algum tempo sobre nós. Aproveitei dei uma circulada pelo centro da cidade mas não notei nada que fosse diferente do que já citei. A cidade está vazia. Não posso esquecer dos anônimos policiais militares que também estão presentes todo o tempo e passando ao largo em suas viaturas na maioria das vezes nem são percebidos pela multidão; os efetivos e voluntários da Defesa Civil Municipal que em virtude da chuva incessante destes dias estão sempre em alerta e prontos para qualquer emergência. As equipes do SAMU e dos bombeiros sempre atentos aos chamados no 193 ou 194 e prontos para servir ao seu semelhante sempre em momentos de dor e angustia.
Hoje é Segunda feira, 7 de Março de 2011. Como os bancos não funcionaram o comércio se dividiu e nem todos abriram suas lojas que foram fechadas ao meio dia permanecendo apenas as padarias, sacolões e supermercados que fecharam as 14hs. A cidade tem um movimento muito pequeno as ruas com um volume maior de carros porém sem intensidade. A chuva cai constantemente com raros momentos de ausência no entardecer, permitindo a entrada do sol por algumas poucas horas. Saí apenas para observar estas coisas e realizar este registro. O Rebanhão prossegue com sua programação pré fixada e sempre com um bom numero de fiéis com seus familiares que vão e retornam a cada dia de atividades e assim vai se cumprindo o objetivo principal de vida e luz espiritual retirando aquele grupo de fiéis do profano e voltando seus corações para o sacro. A Prefeitura decretou ponto facultativo o que significa que nos Postos de Saúde trabalha-se com escala mínima, as escolas só retornam na Quinta feira mas eu que trabalho de plantão 12/36 não tenho folga e fui cumprir minha jornada noturna.
Hoje é Terça feira, 08 de Março de 2011, o Dia Internacional da Mulher. Este dia tão especial entretanto misturado com o ultimo dia de carnaval deve passar desapercebido por muitos. Entretanto não posso deixar de prestar minha homenagem a estas mulheres incansáveis e batalhadoras sem as quais não estaria eu fazendo neste instante este registro. A noite foi de chuva incessante, e por algum tempo ficamos sem luz . As sete horas encerrei meu plantao e retornei ao lar que esta bem vazio e silencioso sem os filhos. A rua com muito pouco movimento, a padaria como sempre aberta e com seu movimento particular de carros com os velhos clientes. A padaria chama-se La Torre a mais central e tradicional da cidade aquela que costuma-se dizer, tem o “melhor pão da cidade” e vejo três belas balconistas distribuindo sorrisos a todos os clientes. Tornam-se bem conhecidas e amadas.. O pasteleiro já citado também está aberto e os trabalhadores como eu que trabalharam na noite ou estão se deslocando agora ao trabalho passam por lá ou na padaria para fazerem o seu lanche matinal. Outra figura marcante é a menina que vende o tablóide Super Notícias” que mesmo sendo feriado lá esta presente com seu jornalzinho de R$0,25 cujas noticias são sempre sangrentas, tendo sempre estampada uma mulher semi nua que vende a primeira pagina mas que não acrescenta nada em nosso intelecto. O transporte coletivo é mais demorado com seus tradicionais horários reduzidos e fiquei um bom tempo ali no ponto que é o central. Ali perto fica o velho e tradicional ponto de taxi hoje com seis veículos para atender os turistas ou os que não conhecem a cidade, já que o ônibus vem direto da rodoviária até aqui, e que as vezes pegam um taxi para ir num local bem perto que poderia ser feito a pé, num coletivo ou van do transporte alternativo mas como não conhecem e o taxista fica bem caladinho deixa-o passageiro no local indicado e recebe o seu rico dinheirinho. Perto de minha casa a Metalúrgica Metalsider não para. Seu barulho já faz parte do meu dia a dia e assim como o som das águas na queda sobre as pedras nem o percebo mais. Os caminhões de carvão hoje estão bem reduzidos. Só vejo dois aqui na rua. Talvez seja a chuva constante que transforma em barro as estradas empoeiradas onde ficam as carvoarias diminuindo o fluxo de caminhões. Porém sabemos que o produto final dos alto- fornos e o compromisso do contrato com as montadoras continua e as carretas especiais que transportam o ferro gusa para a produção dos blocos de motores continuam a sair com o mesmo espaço de tempo e o carvão produto da destruição das arvores e do meio ambiente, é extremamente necessário.
Hoje é também o ultimo dia do 26º Rebanhão e o ginásio esta lotado com muitas famílias aprendendo mais a conhecer um Cristo para muitos uma novidade de vida. O tema de hoje é “Jesus a fonte maravilhosa que jorra do Templo” quando o pregador Ironi Spuldaro (Membro do Conselho Nacional da RCC, Arquidiocese Guarapuava,Pr), convidado de honra do evento irá destacar a “água como fonte de vida e sustento.” As 15:30hs aconteceu uma procissão com o Santíssimo Sacramento com a participação de todos, uma volta nas principais ruas ao redor do ginásio. Retornaram ao ponto de origem e aconteceu a missa de encerramento, quando o destaque foi “Senhor dai-me desta água viva” ( João 4:14-15 p.106, A Bíblia Viva,1994)
Paralelamente acontece o 9º Rebainho do Senhor quando ministros especiais geralmente moças e senhoras, cuidam do Ministério de Evangelização de Crianças de 04 a 12 anos, atividade realizada na Biblioteca Publica Municipal, localizada a um quarteirão do ginásio. Podemos observar que este trabalho com as crianças surgiu bem depois de outras edições do Rebanhão. Ele está em sua 26ª edição e o Rebainho na 9ª e tem o objetivo de melhorar a reverência já que nossos pequeninos possuem um tempo muito curto de concentração.
A chuva esta mais forte e preocupante, as ruas estão com suas corredeiras e as poucas pessoas circulantes se escondendo e se protegendo da forma mais adequada possível.
Hoje é Quarta feira, 9 de Março de 2011. A cidade vai lentamente voltando à sua rotina normal. Nem todas as empresas iniciaram suas atividades após o meio dia. Os ônibus circulam em horário normal, o comércio abre suas portas assim como os bancos e as repartições públicas. Meus filhos estão em casa e até a televisão percebe que isto aconteceu pois agora fica ligada o tempo todo. Onde aconteceu o Rebanhão o serviço de limpeza pública tem muito trabalho para varrer e recolher o lixo em todo o ambiente. As barracas estão sendo desmontadas as ruas ao redor liberadas e a cidade fica mais barulhenta. Muitos ainda não retornaram mas na verdade nem são muito perceptíveis
Eu vou encerrando minha narrativa e muito feliz por ter esta oportunidade de observar com mais detalhes os acontecimentos ao meu redor. Minha cidade mantém sua tradição da ausência das festas de momo. Em outra gestão estas festas aconteciam nas regionais, uma divisão feita no Município para facilitar o acompanhamento do Prefeito das obras e do crescimento da cidade mas a Prefeita atual alegando falta de verbas em virtude da crise passada não realizou tais festas em nenhum dos seus três anos de gestão e assim vamos vivendo numa pequena grande cidade do interior. Enquanto isso passei esses dias em meu lar, ao lado de minha esposa, relembrando outros momentos de nossas vidas e partilhando aqueles momentos registrados na música de Roberto Carlos, “quando as crianças saírem de férias, talvez a gente possa então se amar um pouco mais”( Quando as crianças saírem de férias – Musica de Roberto e Erasmo Carlos, Álbum Roberto Carlos, Ano 1972) É muito bom ter a oportunidade de realizar este trabalho. Sinto-me hoje muito mais útil na sociedade. Ver de perto as pessoas trabalhando e testemunhar o fato me fez perceber que existe uma multidão ao meu redor que também trabalha, que também sacrifica a si e a seus familiares e as vezes nem tem dinheiro para participar das festas quando o melhor é trabalhar e que talvez viva esta realidade todos os anos de sua vida. Este é o terceiro ano que estou no trabalho ou seja somente após passar no concurso da Prefeitura, trabalho em todos os períodos do ano sem nenhuma exceção a não ser que esteja de férias. Em outros momentos em meu passado eu estaria junto a algum grupo, fora do carnaval também em algum sitio distante. Vivi uma ótima experiência nestes dias e nunca imaginei que a cidade tivesse atividades tão em evidencia, onde muita coisa não para. Aliás até a Metalúrgica em minha vizinhança com todo o seu barulho não era visto ou ouvido por mim. Este foi mais um grande momento de aprendizado que acrescentou mais conhecimento a minha caminhada acadêmica.
¹ http://guia.mercadolivre.com.br/marcassita-macassita-29757-VGP, em 15/03/2011