Nem achado nem perdido
Resolveu se levantar mas continuou de pé. Pé ante pé,tomou rapé,calçou as meias e deixou as inteiras. Sentou no sopá completamente ensofado por uma chuva seca que havia caído de propósito. Procurou um pente para despentear os cabelos mas lembrou que havia perdido a cabeça quando a mulher lhe pôs galhos e bugalhos.Olhou-se no espelho de sua alma e viu os olhos remelentos e lacrimogênitos.Pegou uma toalha para enxugar o chorar do seu rosto e achou foi uma cueca que havia trocado por uma cuíca no último carnaval. Calçou uma camisa e encamisou uma calça.Procurou umas meias e só achou umas inteiras.Em frações de segundos e terceiros. Procurou os seus documentos e viu que não se identificava consigo mesmo. Seu retrato falado era mudo. E surdo. Chegando á porta de saída verificou que era a mesa de entrada de um beco sem ambas.Na rua, caiam gotas dagua da chuva e como não portava guarda-sol deixou que a agua se perdesse. Entre pingos e respingos achou-se na calçada das perdidas e não foi procurado por ninguém, embora fosse em período eleitoral e era um homem de voto. E não tendo nada o que fazer encaminhou-se ao setor de achados e perdidos.