A Velha Escrita
Como já desconfiava, agora fiquei mais certo de que o ato de escrever usando o lápis e papel faz bem à saúde .
Li recentemente, na Revista Veja, edição 2227, de 27 de Julho último, excelente reportagem sobre a importância da escrita cursiva (aquela em que as letras são ligadas umas nas outras). Recentemente, uma decisão tomada no estado America de Indiana, desobrigou as escolas de ensinar a escrita cursiva, recomendando que elas passagem a dedicar-se à digitação em teclados de computador. Decisão esta que deverá ser seguida pelo resto dos estados americanos. Ou seja, cada vez mais tem se tornado oficial tal prática pelo mundo inteiro.
O especialista americano Mark Warschauer, professor da Universidade da Califórnia, afirmou que “ter destreza no computador tornou-se um bem infinitamente mais valioso do que produzir uma boa letra.” Embora isto pareça ser o senso comum, recentes pesquisas na área da neurociência sugere uma reflexão acerca dos efeitos devastadores do computador sobre a tradição da escrita em papel.
A observação de cérebros de crianças e adultos tem mostrado claramente que a escrita de próprio punho provoca uma atividade significativamente mais intensa que a digitalização na região dedicada ao processamento das informações armazenadas na memória, o que tem ligação direta com a elaboração e expressão de idéias. Está provado que o ato de escrever desencadeia ligações entre os neurônios naquela parte do cérebro que faz o reconhecimento visual das palavras, contribuindo assim assim para a fluidez da leitura.
A neurocientista Elvira Sousa Lima explica que “pelas habilidades que requer, o exercício da escrita manual é mais sofisticado, por isso põe o cérebro para trabalhar com mais vigor.”
É importante lembrar que no Brasil, a caligrafia era importante matéria exigida nos exames de admissão no antigo Ginásio, até os anos 70. Depois disto, começou a haver uma decadência em caligrafia, problema este que tomou mais força com o advento do computador.
Eis um grande problema para as escolas da atualidade. Embora tenha sido relevante para a educação o uso do computador, não se pode desprestigiar a prática da escrita de próprio punho.
Alcimar D Dias