A Caixa de Pandora
A Caixa de Pandora
“Vó, o que é esperança?”
“É um sentimento.”
“É bom ter esperança, vó?”
“Penso que sim, Beto, sabe por quê? Porque é uma forma da gente sentir que vale fazer o que estamos fazendo agora, pois sabemos que no futuro tem algo de bom nos esperando. É uma força, sei lá, que nos empurra para frente, para nos tirar da tristeza, do desespero, da falta de fé, de todo e qualquer sentimento ruim.”
“Como será que surgiu esse sentimento, né, vó?”
“Ora, sentimento não se explica, se sente. Bom, mas cada povo tem sua cultura e... os gregos, por exemplo, tinham uma história muito interessante para contar sobre a origem da esperança na Terra ou, ou melhor, como esse sentimento conseguiu permanecer nos corações de cada ser humano.”
“Que história é essa, vó?”
“Era a história de uma caixa...”
“De uma caixa? O que isso tem a ver com a esperança?”
“Calma, menino apressado! Alguns dizem que essa caixa foi um presente de um deus chamado Prometeu a seu irmão Epimeteu. Outros dizem que foi Zeus que presenteou Epimeteu por vingança. Epimeteu, como significa seu próprio nome, só compreendeu tarde demais o que deveria ter feito. Ele não sabia que dentro daquela caixa continha todos os males que podiam enlouquecer a humanidade. Prometeu fez os homens da argila e roubou o fogo do deus Hélio para ajudar a Deusa Gáia, a Terra. Foi por esse motivo que ele foi preso. Antes de ser levado ao seu castigo, entregou a caixa e avisou ao irmão que ninguém, mas ninguém mesmo poderia abri-la. Epimeteu cumpriu a promessa até o dia em que fora seduzido por uma linda mulher chamada Pandora. Conta-se que ela fora a primeira mulher da face da Terra e que fora feita pelos deuses. Cada deus do Olímpio presenteou-a com uma qualidade: Vênus deu-lhe a beleza; Mercúrio, a persuasão; Apolo, a música, etc., assim pareceria perfeita aos olhos de Epimeteu.”
“Ah, vó, mas aí até eu cairia na história... Um mulherão desses dando mole!”
“É, são os olhos da paixão que nos cegam e nos fazem ver só as qualidades! Então, posso continuar? Depois que seduziu Epimeteu, os dois se amaram. Ele caiu em sono profundo. Naquele momento, Pandora, muito curiosa, se aproximou da caixa e a abriu! Você nem imagina o que aconteceu depois! Foi algo muito terrível... Lá de dentro daquela caixa saíram males como doenças, mentira, velhice, inveja, guerra, morte! Foi tão assustador que a própria Pandora teve medo e fechou a caixa antes que saísse o último dos males (o mal que acabaria com a esperança). Assim, sejam quais forem os males que nos ameacem, a esperança não nos deixa inteiramente; e, enquanto a tivermos, Beto, nenhum mal nos torna inteiramente desgraçados. Deu para entender a história?”
“Nossa, vó, é bem estranho o jeito dos gregos contarem sobre as coisas do mundo!! Mas vá lá, acho que nem nós, hoje em dia, teríamos uma história tão imaginativa assim pra explicar como a esperança ainda sobrevive apesar de tanta desgraças.”
“Bem, Beto, na verdade os mitos falam do comportamento humano em forma de histórias com seres fabulosos. É só ler e perceber de que ou até de quem realmente cada história está falando. Agora, menino, está na hora de você fazer aquele texto que a professora pediu, não é mesmo? Já pensou no que vai escrever?”
“Claro, vó! Vou contar sobre a caixa de Pandora! Pra que história melhor?Beijo, vó. Fui!”
"Esse menino..."
Autora: Luciane Mari Deschamps