Curitiba, ao sul.

Curitiba, ao sul.

É sólita a paisagem de Curitiba, vendo-a do Sul, à noite;

quase nunca muda,

só às vezes, quando chove, ou nas fogosas noites de

Fevereiro.

É um caminho que gosto,

é caminho de chegada,

dá uma sensação que carrega a Alma,

é um ar de vida que enche o coração.

Dá para sentir isso, dá lá no peito.

De olhos bem abertos, a gente se enche dessa paisagem;

dá para notar um novo ar que se respira,

mesmo com uns carbonetos, denota-se um cheiro,

um certo perfume, de aroma encorpado.

É caminho que gosto,

quando venho do mais ao Sul;

primeiro tudo latente, já, já, tudo fica visível.

Ao se chegar já se vê alguns prédios,

alargam-se os caminhos,

dá um alivio no coração.

Ao tempo que parece que se está

chegando em casa, vêm uma sensação de surpresas;

é o que sempre se espera quando aportamos em algum lugar,

principalmente quando é uma volta ao lugar.

A paisagem tem momentos para acontecer:

antes do pôr do sol, um pouco antes,

vê-se uma espessa camada de nuvens, permeadas de vários tons de cinza;

o contraste quem faz são os automóveis e seus vários faróis,

os normais,

os metalicos,

as luzes digitais,

brancos, gelos, vermelhos, amarelos,

misturadas aos sinais todos, do trânsito, das torres.

E sendo tempo de chegada, pára-se.

Sente-se que já se viu aquelas misturas excitantes de cores,

ao passo que,

a brisa fria confunde-se entres os quadrantes;

venta do norte, venta do leste;

e o coração pulsa...;

parece que virá alguém do céu,

em descida, não de apocalipse mas de magia,

parece mesmo, é esse o sentimento, a sensação.

Mas há mais outras, bem sentidas, embora pouco nítidas, às vezes.

O segundo momento dá-se na noite.

Coloque-se no alto do plano,

20 metros é o suficiente.

A combinação do frio com as imagens são algo inexplicável,

agora os amarelos estão desmaiados, foscos um pouco,

precipita-se uma garoa, ora neblina; é magico.

O silêncio vai avançando aqui no ponto em que estamos;

ao longe há barulho, pouco sensível aos ouvidos.

Ao longe, não muito, há muita vida.

Lá, um pouco mais adiante do ponto,

Sitio Cercado, uma cidade,

Pinheirinho, começo de coisas,

adjacências, começo de muito.

Lá estão os polacos, judeus pobres misturados aos muitos.

Gente da labuta,

há os da pôse,

há os nortistas do comercio,

Curitiba se cosmopolitou nesses novos tempos.

Muitas gentes sem vida,

alguns sem vida, muitos outros pensam viver bem ;

outros ainda vivem mesmo bem, vivem vida;

Há disso em todos os lugares.

E ali,

logo mais, um pouco mais à frente,

é caminho de fartas pistas, generosas.

É encantador fazer esse caminho, à noite em especial,

de vidros abertos, desaconselhados, braços para fora,

coração lá dentro enlouquecido, sem saber em que pensar,

mis caminhos para o exploradouro.

Mas fique aqui.

Hoje fique aqui.

Saia um pouco, mas volte logo.

Daqui é especial.

Disponha então de uma grande janela,

para ti e tua alma,

levante os braços, arfe,

consuma teus pulmões, feche os olhos,

abra-os para não esquecer a paisagem.

De olhos fechados levante um pouco a cabeça,

não faça nada,

já está tudo feito; alí, Sul de Curitiba.

Amo-te.

Ah, não faça nada disso sem música ao fundo.

Voce vai sentir que algo está para acontecer.

www.teobaldomesquita.zip.net

Teobaldo Mesquita
Enviado por Teobaldo Mesquita em 06/12/2006
Código do texto: T310849