A Luz

Vejo nuvens no meu céu.

Não consigo enxergar a luz.

O que me mantém de pé, o sustento de minhas pernas e a força que me permite caminhar vem desta luz.

A fé que move e remove montanhas porque não pode retirar as nuvens?

Paradoxo... Afinal, se retirasse, não seria fé.

A fé consiste em acreditar naquilo que não se pode ver.

Isto não quer dizer que tudo será perfeito.

As perdas acontecem da mesma forma que com qualquer outra pessoa e, como resultado disto, a tristeza tem seu lugar, a escuridão invade o quarto e tudo fica difícil.

A melhor parte em ser cristão é saber que existe um céu para quem se foi, a tristeza logo dará lugar para a saudade e que para a escuridão não precisamos de muito, uma vela já basta.

Me doo demais. Isto maltrata porque não tenho a recompensa à mesma altura. Vem a decepção e o medo de amar outra vez.

Morro dia a dia esperando a ressurreição.

O maravilhoso nisto tudo é que com a chegada da maturidade percebo que morri para ver outra pessoa ressuscitar.

Então a tristeza vai embora e não leva nada consigo.

Não me levou o amor que eu tenho porque o amor, para ser multiplicado, precisa ser dividido.

Não me levou as forças porque a cada queda fortaleço meus joelhos, isto estende a caminhada.

Não me levou a alegria em viver porque acredito que ser para os outros é a melhor forma de ser para mim mesmo.

E, por fim, não me levou a fé.

Sei que por mais que hajam nuvens, a luz está lá.

Não posso vê-la mas posso sentí-la.

Ela aquece o meu corpo, inflama o meu coração.

Douglas Pimenta
Enviado por Douglas Pimenta em 18/07/2011
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T3102249