Os cachorros em minha vida
Por Valdeck Almeida de Jesus
A primeira vez que eu tive contato com um cachorro foi quando eu tinha seis, sete anos de idade. Em Jequié, onde nasci e morei por muitos anos, minha mãe me arrastava para onde ela fosse, seja para visitar amigos e conhecidos, médico, pedir esmolas etc.
Na Rua Professora Virgínia Ribeiro, no bairro Jequiezinho, a gente sempre passava, pois era caminho para vários lugares. Numa dessas passadas eu estava sozinho, perambulando pela vizinhança, quando um cachorro enorme me viu e não gostou de mim. Todo mundo circulava por ali e somente eu fui agredido. Ele correu pra cima como se quisesse me matar. Não pensei duas vezes e fugi feito louco. A sorte é que vizinhos me salvaram da selvageria daquele monstro. Nem imagino o que poderia ter acontecido.
A segunda vez foi numa fazenda perto de Jequié, onde minha mãe e meus irmãos moraramos por seis anos, depois que meu pai viajou para tratar a saúde em São Paulo. Eu tinha uns dez anos nessa época. Ganhei um cachorrinho o qual eu batizei “Bolinha”, pois era gordo e fofinho. Era meu encanto e companhia para brincadeiras, caminhadas e batalhas imaginárias pelos campos. Voltei pra Jequié para continuar os estudos e quando minha mãe também se mudou deixou Bolinha pra trás: doou meu cãozinho para um qualquer. Chorei tanto que quase sequei a fonte dos olhos...
Daí então eu comecei a ter ódio de cachorro. Para castigo meu fui trabalhar de caseiro para um policial que tinha vários cães imensos. Eu dava comida, cuidava deles mas morria de raiva com a limpeza obrigatória do quintal, que amanhecia infestado de cocô. O cheiro da bosta de cachorro me traz memórias desagradáveis por causa dessa experiência.
Agora moro em Salvador e no prédio tinha um cachorro imenso na casa da síndica. Eles se mudaram, mas a nova administradora do edifício também tem um cachorro que vive no apartamento. O primeiro não me incomodava, mas este atual não me suporta e, ao me ver, late desesperado, como se quisesse me lascar todo no dente. E pra completar tem um cachorro na rua por onde passo para o trabalho todos os dias. Esse é falso. Qualquer um pode passar na rua que ele não se incomoda. Mas basta ele me ver de longe que arregala os olhos e mostra os dentes. Já tentou me agarrar várias vezes, sem sucesso.
Enfim, eu me pergunto todo dia, o que eu fiz àquele desgraçado para merecer tanto ódio? Vai saber.
Por Valdeck Almeida de Jesus
A primeira vez que eu tive contato com um cachorro foi quando eu tinha seis, sete anos de idade. Em Jequié, onde nasci e morei por muitos anos, minha mãe me arrastava para onde ela fosse, seja para visitar amigos e conhecidos, médico, pedir esmolas etc.
Na Rua Professora Virgínia Ribeiro, no bairro Jequiezinho, a gente sempre passava, pois era caminho para vários lugares. Numa dessas passadas eu estava sozinho, perambulando pela vizinhança, quando um cachorro enorme me viu e não gostou de mim. Todo mundo circulava por ali e somente eu fui agredido. Ele correu pra cima como se quisesse me matar. Não pensei duas vezes e fugi feito louco. A sorte é que vizinhos me salvaram da selvageria daquele monstro. Nem imagino o que poderia ter acontecido.
A segunda vez foi numa fazenda perto de Jequié, onde minha mãe e meus irmãos moraramos por seis anos, depois que meu pai viajou para tratar a saúde em São Paulo. Eu tinha uns dez anos nessa época. Ganhei um cachorrinho o qual eu batizei “Bolinha”, pois era gordo e fofinho. Era meu encanto e companhia para brincadeiras, caminhadas e batalhas imaginárias pelos campos. Voltei pra Jequié para continuar os estudos e quando minha mãe também se mudou deixou Bolinha pra trás: doou meu cãozinho para um qualquer. Chorei tanto que quase sequei a fonte dos olhos...
Daí então eu comecei a ter ódio de cachorro. Para castigo meu fui trabalhar de caseiro para um policial que tinha vários cães imensos. Eu dava comida, cuidava deles mas morria de raiva com a limpeza obrigatória do quintal, que amanhecia infestado de cocô. O cheiro da bosta de cachorro me traz memórias desagradáveis por causa dessa experiência.
Agora moro em Salvador e no prédio tinha um cachorro imenso na casa da síndica. Eles se mudaram, mas a nova administradora do edifício também tem um cachorro que vive no apartamento. O primeiro não me incomodava, mas este atual não me suporta e, ao me ver, late desesperado, como se quisesse me lascar todo no dente. E pra completar tem um cachorro na rua por onde passo para o trabalho todos os dias. Esse é falso. Qualquer um pode passar na rua que ele não se incomoda. Mas basta ele me ver de longe que arregala os olhos e mostra os dentes. Já tentou me agarrar várias vezes, sem sucesso.
Enfim, eu me pergunto todo dia, o que eu fiz àquele desgraçado para merecer tanto ódio? Vai saber.