A reunião e a Morte

Seus olhos abriram, mas seu coração continuava parado..

Nas margens do Rio, um pequeno menino estava parado, Peter era seu nome ,ele olhava para um lugar, um lugar além do Rio, Peter parecia concentrado em algo que o seu coração estava omitindo. Em seu rosto havia uma expressão de medo, um pavor intenso e doloroso. Ele voltou para o mundo real, e caminhou em direção contraria ao rio, para um pequeno casebre de madeira, a casa era velha e imunda . Peter subiu os degraus do hall de entrada e lentamente passou pela pequena passagem que libertava uma grande sala de estar. Ele não estava sozinho lá. Ao seu encalço uma jovem mulher o observava, seus cabelos eram extremamente compridos e cacheados e seus olhos eram de um castanho avermelhado, ela usava um grande vestido negro, e possuiu um olhar medonho, era muito linda. O menino agiu com espanto ao perceber quem observava os dois. Parado no fundo da sala estava um velho homem, ele era dono de um olhar assustador e cabelos em tufos e grisalhos, Peter sabia quem era, Seu Tio. Ele possuía um ar de Superioridade e Antipatia, quando Peter ouviu sua voz, também descobriu que era igual:

- Menino, O que você faz aqui?

- Senhor, desculpe pensei que a Reunião havia acabado!- Peter falou com um ar de espanto.

- Seu imprestável, suma daqui. Rápido.

Peter correu para dentro da casa em direção a uma pequena escada que localizava-se no canto esquerdo de um corredor. Ele subiu rapidamente e chegou em um cômodo muito apertado, um corredor. Mas Peter conhecia esse corredor, era o corredor que levava até seu quarto, ele caminhou até uma das ultimas portas e entrou em seu quarto. Era pequeno comparado ao de seu tio, mas era o único lugar que ele podia chamar de seu. Peter caminhou até sua pequena cama bagunçada e sentou-se nela, pegou seu livro na cabeceira da cama, Seu “ventos dos morros uivantes” era velho e a capa grossa era folheado a um tipo especial de papel. O menino começou a ler de onde parara da ultima vez, era uma história surpreendente, mas alguma coisa estava lhe dizendo que ele não conseguiria termina-lo. Quando Peter começou a ficar entediado, o livro rapidamente foi fechado. Peter precisava fazer alguma coisa, alguma coisa que fizesse o tempo passar, ele precisava saber se queria que o tempo passasse. Peter precisava verificar se a reunião finalmente havia acabado, mas se seu tio descobrisse, ele levaria outro xingamento. Peter caminhou lentamente até a porta e abriu-a para o corredor. Ele ouvia vozes desta vez, chegou em frente a escada e desceu apenas alguns degraus, ficando visível apenas as costas de seu tio conversando frente a frente com a linda mulher. Por sua expressão, o menino soube que ela ainda não havia-o visto. Era um bom sinal. Peter tentou fazer o máximo de silêncio para ouvir a conversa.

- Belinda, não admito que falhe outra vez.

- Claro senhor. Peço perdão por não realizar seu pedido corretamente! Faltou-me coragem na ultima hora. – A mulher falou.

- Vou lhe conceder uma ultima chance. Se falhar não posso fazer mais nada a não ser mata-la. - O coração de Peter ofegou. Aquilo não podia ser verdade, seu tio matar alguém. Ele correu de volta para seu quarto e debruçou-se na cama. Peter pensou, pensou e acabou dormindo ...

Quando seus olhos lentamente abriram, percebeu que aquilo não fora um sonho e os zumbidos ainda continuava, mas desta vez era em um tom de voz maior. Ele tomou a caminhar até as escadas para escutar o que acontecia; a mulher estava sentada em uma poltrona com uma xicara de chá nos lábios. Desta vez ela o vira, mas não fez nada a não ser piscar. Peter entendeu que ela só queria ajudar, continuou a ouvir o que o seu tio, que estava sentado desta vez em um lugar onde ele não podia ver.

- Belinda, Preciso de outro favor.

- Claro, senhor.

- Preciso que leve uma mensagem a alguém, Rodolfo Tumnos, para ser mais exato. Fale para ele que seu pedido já foi concluído, Charles está morto.

- Sim, senhor. - A mulher não hesitou ao ouvir a palavra “morto”, mas Peter sim. Ele queria saber quem era seu tio. Aquele que o criou a vida inteira, ele sabia que não era, ele nunca mataria alguém. Peter sabia que nunca mataria. Peter confiava nele, ele o amava, ele quem havia lhe dado proteção em toda sua vida. Mas ele também sentia que após a morte de sua Tia, Julieta, sabia que seu tio ficara sombrio e triste. Ele a amava como ninguém, intensamente, eternamente.

- Belinda, também avise que seu próximo desejo está mais perto de se realizar. Beatriz irá morrer o mais rápido possível.

- Claro, senhor.

Peter foi tomado por um horror, ele sabia quem era Beatriz, era filha de uma mulher da aldeia próxima dali. Ela era uma criança, mas também todos sabiam que sua família disputava em uma guerra de heranças. Seu tio não poderia estar falando sério, matar uma criança, Ele só poderia ser um monstro. Um devorador de almas.

Peter tinha que tirar isso a limpo, tinha que saber se era verdade. Mas ele sabia que não era, sabia que não poderia ser. Peter desceu as escadas totalmente e se viu de frente a seu tio, ele possuía uma expressão estranha. Seus olhos estavam muito vermelhos, havia olheira e seus lábios estavam amargos. Quem estava assustado agora era o velho, ele não podia imaginar que seu sobrinho sabia de tudo. Ele não queria fazer o que era preciso, mas não havia outra opção.

Ele ergueu-se rapidamente, agarrando a pequena mesa próxima ao sofá e bateu com a ponta e dela se desprendeu uma lasca de madeira. O velho caminhou rapidamente até Peter, ele estava muito assustado. A mulher também levantou-se do sofá e tentou segurar o velho, mas já era tarde. O velho Rapidamente enfiou uma estaca no coração do menino. Ele respirou uma ultima vez e logo houve silêncio.

No rosto da mulher havia lagrimas, de arrependimento, de raiva e de culpa, tudo ao mesmo tempo. O velho também estava chorando, mas em seu rosto também havia sorriso, um sorriso aterrorizante. O velho era louco, ele começou a caminhar pela sala, sem direção certa. A mulher indignada fez algo, que depois arrependeu-se. Caminhou até o velho, mas antes agarrara a estaca que estava presa no coração do menino, havia sangue. Ela caminhou até ele e lhe roubou um beijo, ela lhe roubara muita coisa, enfiou uma estaca próximo ao seu pulmão. Ele tinha que sofrer, ela movimentou a estaca para que ele sofresse o máximo possível. E finalmente retirou a estaca e cravou-lhe no coração.

Seus olhos abriram, mas seu coração estava parado..

Tainan Oliveira
Enviado por Tainan Oliveira em 23/06/2011
Código do texto: T3052300
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