Vamos dar uma 'fugidinha'
Barulho. Tumulto. Engarrafamento. Calor, suor e cansaço. Tudo isso gera o estresse. A frenética correria do dia-a-dia acaba formando um novo tipo social, o estressado. Este tem um jargão: “Estou sem tempo pra nada”. Vive repetindo esta frase, pensa que é bonito dizer que está sobrecarregado, só para ser visto como o eficiente. E o pior, é que isso está caindo no gosto de muitos.
O estresse é visto como um vilão, uma doença que veio para nos fazer sofrer. Mas tudo não passa de um engano, são os usantes da língua que utilizam essa palavra erroneamente, muitas vezes queriam apenas dizer que estavam cansados, fadigados ou com estafa mental, todavia acabam utilizando-a indevidamente. O estresse é uma situação causada pelo próprio organismo para nos dizer quando é a hora de desacelerar. Ele é um conjunto de reações fisiológicas, um mecanismo normal, necessário e bastante benéfico.
Nós mesmos somos os culpados pela nossa vida tumultuada. Nossa falta de planejamento e de organização, acabam nos tirando o tempo que antes era da família e dos prazeres para investir no trabalho. E isso é péssimo. Não temos cuidado e paciência com as nossas emoções, vivemos acelerados, principalmente devido a globalização que encurtou tempo e espaço, estamos automatizados, robotizados, em um ritmo muito veloz, fora da nossa natureza.
Chega! É a hora de desacelerar. Vamos parar de engolir a comida. Por que não fazer da gastronomia um hobby? Vamos parar de pegar atalhos. Por que não ir com calma, ouvindo uma boa música e admirando detalhadamente a paisagem? Vamos imitar a moda, onde menos é mais.
Domenico De Masi criou o conceito de ócio criativo, pois acredita que inteligência e cultura não precisam de horário comercial. Há formas alternativas de fazer tudo que fazemos. Chega de escritórios lotados, de reuniões chatas e de pessoas intoleráveis. Podemos fugir disso tudo, criar novas maneiras de organizar o tempo, cuidar mais de nós mesmos, do corpo e do espírito. Chega de convulsões psicológicas e de estafa mental. Permita-se dar um ‘fugidinha’ da realidade de vez em quando, a final, a felicidade está nas pequenas coisas da vida.