MINEIRO

Oia só a prosa qui acunteceu lá nu Cuieté Véio - MG.

O sô izé carroceiro riô a mula, botô na carroça e passô nu buteco do cridinho. Tomô uma cachaça, limpô os beiço, inrrolô um pôco de fumo sabiá na paia e dispois de pitá foi pegano uns cabra bão de bola pra jugá no campo do cataca.

Chegano lá jugaro a vontade, brigaro na bêra do campo e sairo currido, promode de que fizero gol nos cabra de lá e ês num gostaro.

Condo tava chegano no arraiá, o sô Tonho barbero, mais cunhecido como tonh'zinho; preguntô pro izé:

- cumo foi o jogo? - condo ele respondeu...

- Nós fumo e vortemo, juguemo. Num perdemo e num ganhemo, impatemo. Carculeja contos ponto nois fizemo? e compretô: - Quem feiz gol foi só eu e o nicodemo...

Contiço aporveitano a prosa, pidiu o Tonho pra corta o cabelo dizeno:

- indeis de antonte, quêu tô pra vim aqui, pra mode baxá o cabelo...

Nessa hora, intrô um viajante pra fazê a barba e ficô só de zoreia im pé, inscuitano a proza sem falá nada...

O izé se arranchô na cadeira e ouviu o barbero preguntá:

- É curtume, parume ô certume?

- Certume. Respondeu o izé...

O barbêro acertô o cabelo, passô a navaia no pé e preguntô de novo:

- Cê qué arco, tarco ô qué que muia...

- Colé o mió? - preguntô o izé.

- arco dolore o lugá um tiquin, né? - disse o Tonho...

- Passonce só moiá, prumode de quê qui arco arde pra incardi um lado e tarco é coisa de muié...Sô!

Triminado o sirviço, izé levanta e paga dois cruzeiro do corte de cabelo. Era a veiz do viajante que falano pela primera veiz quis mangá dos dois com um rizin de gente lá da cidade:

- Faz mais de uma hora que eu estou ouvindo a conversa de vocês e até agora não ouvi uma palavra certa. Vou fazer a barba, mas antes quero propor uma aposta. Com a primeira palavra certa de qualquer um de vocês eu pago mil cruzeiro...

Os dois; o izé e o tonho sem intendê o que se assucidia naquela proza, olharu um pru ôtro e falaro junto e de uma só vêiz:

- Cuma?

- Perdeu... - mangô o viajante dos dois, sentano na cadêra...

Coçaro a cabeça e muito sério o izé falô pro tonho:

- Esse moço tá é caçuano da gente... Eu vô é simbora... Inté mais vê!

- Inté. dispidiu o tonho.

André Almeida
Enviado por André Almeida em 08/06/2011
Reeditado em 18/01/2014
Código do texto: T3022054
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