Historieta: Os traídos... (Cap. IX)

Depois de uma pausa, Ana continuou:

_ Houve uma grande festa na empresa, pois ela ganhara uma licitação publica e iria faturar bem, e todos estavam comemorando e festejando aquela conquista com abraços...

_ O que foi?

_ Eu cheguei ao escritório no momento em que ele a abraçava e no entusiasmo ele a beijou e ela aceitou. Fechei a porta com força para que minha presença se fizesse notar, meu marido leu a decepção em meus olhos e a jovem envergonhada perguntou quem eu era... A esposa respondia, então pude ver nos olhos dela que ela realmente não sabia quem eu era... Pediu licença e saiu correndo da sala.

_ E você? Fiquei, conversei, chorei e perguntei o que ele queria fazer?

_ E ele? Disse Clara.

_ Adoeceu, pois antes de qualquer coisa é um homem cioso de seus deveres. Entrou em depressão, me relatou tudo o que houve desde o primeiro momento, pediu para tentar-mos nos encontrar novamente, foi então que deixei meu emprego e assumi a vaga de secretaria dele na firma.

_ E a moça?

_ Pediu demissão no mesmo dia, entrou em depressão profunda e mesmo com a ajuda de terapeutas não resistiu a culpa que sentia e morreu, pois se negava a comer, fui visita-la antes dela morrer disse a ela que ninguém podia mandar no sentimento, mas que mesmo amando muito o outro, jamais poderíamos nos permitir atitudes indignas, e que ela só se envolveu porque não sabia e sabe qual foi a resposta dela a essa minha fala...

_ Qual? Perguntou Clara já com dó da moça.

_ “Que ela deveria procurar saber, antes de qualquer envolvimento!” Após a sua morte que pode ser classificada como um suicídio, a depressão de Marcos piorou, pois se sente responsável pelo fim da vida dessa jovem, para amenizar a culpa, pagamos e solicitamos a pensão da moça em nome da mãe, uma senhora idosa que eu sempre visito, para amenizar-lhe o sofrimento da ausência de sua filha, com o agravamento da saúde da senhora, ela hoje se encontra internada num abrigo por nossa conta e todos os dias eu vou lhe ver...

_ Mas ela sabe quem é você? Ou porque sua filha desistiu de viver?

_ Não! Nós não contamos, pra que fazê-la sofrer mais ainda, não tem propósito.

_ Como você pode fazer tudo isso, e ainda lutar pelo amor de seu esposo? Perguntou Clara.

_ É preciso que você compreenda e aceite duas coisas antes de mais nada, primeiro que ninguém é dono do outro, muito menos do sentir do outro; segundo que somos irmãos em jornada evolutiva, se a gente não melhora pra que serve a vida?

Continua...