Humanização dos animais
Cachorro. Como um filho para grande parte dos brasileiros. Ou simplesmente um aperitivo de muito apreço nas mesas coreanas. A forma como a sociedade cuida de seus bichos é, portanto, o reflexo de sua cultura e história. Todavia, no geral, os indivíduos tendem a humanizar os animais à medida em que se desumanizam.
A globalização alterou drasticamente a vida afetiva dos indivíduos, pois as relações interpessoais estão cada vez mais estreitas devido à falta de tempo e, com isso, a sociedade sente-se solitária. Nesse interim, os bichos de estimação são uma forma de suprir a carência do contato com os seres humanos.
A relação homem-animal é antiga e, quando analisada sob uma óptica biológica, percebe-se um nítido benefício para ambos, uma simbiose. O contato com os bichos faz o corpo liberar um analgésico natural, a endorfina, que é relaxante e melhora o sistema imunológico. Por essa razão, alguns doentes recebem visitas de animais, como cachorro e coelho, para reduzir o tempo de hospitalização.
A convivência com os animais nos faz enxergar neles traços humanos. Surge, então, o perigo. Transplantar nossos hábitos e vontades a eles é tentar modificar as leis naturais. Passar perfume, por exemplo, é um hábito humano que não conduz à realidade animal, uma vez que ele conhece o mundo por meio do olfato. Logo, "o perfume é para o animal o que uma venda é para os olhos de uma criança".
Dessa forma, é necessária a consciência de que não temos as mesmas necessidades, e é isso o que nos torna essencialmente diferentes. O cachorro, ainda que bom companheiro, não é capaz de substituir a presença humana.