VISÃO DE FUTURO - SOBRE JK

VISÃO DE FUTURO – SOBRE JK

Ainda ontem estava eu olhando uma foto de Juscelino. Uma foto em um livro de história que fala sobre a construção de Brasília. Nela, Juscelino Kubitschek olha para o alto com um largo sorriso no rosto. Podemos resumir todo o seu espírito empreendedor nesta foto, como a olhar para um futuro promissor e para um novo tempo que seu governo como presidente da república iniciaria. É o rosto do otimismo brasileiro e da percepção de que, de fato, um tempo diferente está por vir, e se resume na liderança carismática de um homem que soube fazer do sonho, uma realidade possível. Juscelino Kubitschek soube ousar sonhar e construir o país que muitos de nós também sonhamos. Seu exemplo nos persegue e deve perseguir a todo homem público do Brasil, como um exemplo de quem olha para frente e vê um futuro sempre possível.

A história desse homem começou em Minas Gerais, mais especificamente em Diamantina, uma das mais belas cidades históricas do Brasil e Patrimônio Cultural da Humanidade. Um grande homem merece nascer em uma bela cidade. Era o início do século XX, dia 12 de setembro de 1902, dia em que o Brasil ganhou de presente um dos maiores homens da nossa história. Juscelino Kubitschek viveu sua infância na pequena Diamantina, e penso até que sua "mineiridade" o ajudou a olhar para o futuro. O mineiro, que mora nas regiões montanhosas gosta de olhar o céu, ver o infinito, e como as montanhas impedem de olhar para o horizonte, o mineiro então olha para o alto, para um infinito ainda maior. Juscelino foi também um brasileiro comum, talvez até acima de tudo. Trabalhou como telegrafista e foi médico e se especializou em urologia na França. Certamente como médico, ouviu e sofreu junto as dores do povo e as dificuldades da gente simples em cuidar de sua saúde. Ele ainda foi militar e chegou a alcançar o posto de Coronel-médico. Mas é a partir de 1933 que ele se projeta para o país, ao ingressar na vida pública. Juscelino ocupou vários cargos na sua vida pública. Foi deputado federal, senador da república, prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas Gerais, além, é claro de presidente do Brasil. Em toda a sua vida pública Juscelino Kubitschek demonstrava seu otimismo. Em Minas Gerais ele inicia sua audácia ao construir as obras projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer, como a Igreja de São Francisco, na Pampulha. Homem de futuro, pensa sempre para frente e ousou acreditar no que hoje todos admiram.

Juscelino Kubitschek tem o auge da sua carreira política como presidente eleito do Brasil. E é principalmente quando exerce sua atividade no cargo maior e mais importante do país que ele deixa a sua grande contribuição para a história contemporânea do Brasil. Eleito numa eleição disputadíssima, Juscelino Kubitschek assume a presidência em meio a rumores de golpe de Estado, sem falar no clima de comoção provocado pelo suicídio de Getúlio Vargas. JK, sigla pelo qual Juscelino Kubitschek ficou conhecido, ousar alçar um vôo ainda não imaginado. Definiu seu Plano de Metas, um plano de desenvolvimento que prometia cinqüenta anos em cinco, um slogan arriscado do ponto de vista lógico, porém possível e executável, com a perspicácia, audácia e firmeza da liderança de JK. É bom lembrar que seu Plano de Metas foi cumprido integralmente.

Juscelino Kubitschek mudou a capital federal do Rio de Janeiro, para Brasília, construída sob sua liderança. Fico imaginando o que JK deve ter pensado ou visionado ao chegar naquele cerrado onde jamais alguém, que não ele, teria imaginado uma cidade grande e próspera. Penso que nos primeiros momentos ao chegar ao local, aquele seu sorriso que o acompanha em todas as fotos e na sua imagem pública deve ter sido ainda mais largo do que o de costume. Seus acompanhantes talvez não entendessem, mas Juscelino viu naquele lugar uma miragem que se tornaria realidade: a magnífica e inigualável Brasília. Juscelino visitava inúmeras vezes o local onde estava sendo construída a nova capital, e dizia sempre morar nos céus do Brasil, pois viajava com freqüência e isso dava a dimensão de dinamismo de sua administração, uma espécie de "onipresença" em todos os lugares em que precisava estar. Ele era capaz de colocar um brilho nos olhos dos adultos já descrentes e dos jovens que viam surgir do nada um oásis de beleza e prosperidade. Imagino que Juscelino Kubitschek devia ter um dom especial de antever o futuro. Até mesmo nos dias de hoje, seria impensável construir uma cidade inteira do nada. Provavelmente ele podia prever o futuro e sabia tirar lições de tudo isso. Seu dinamismo político e sua sensibilidade são um legado deixado para a nossa história. Um exemplo de homem público que sonha e faz ser real o sonho.

Juscelino Kubitschek constrói uma capital, moderna, com arquitetura revolucionária, assim como é o seu espírito. É algo novo, imprevisível aos olhos dos políticos de plantão. Juscelino sonha com o possível e faz. Novamente, como em Belo Horizonte, recorre ao urbanista Lúcio Costa e a Oscar Niemayer, o grande arquiteto do Brasil que disse uma vez que "as pessoas podem gostar ou não de Brasília, mas jamais poderão dizer que viram algo parecido". Brasília é inédito, é invenção, é criação da mente e da capacidade de um político mineiro e sonhador, audacioso e destemido. JK com a inauguração de Brasília em abril de 1960 fez com que, no Brasil, se inaugurasse um tempo de otimismo exacerbado. O Brasil se concretiza como uma nação próspera e moderna. Os brasileiros, vindos da crise emocional causada pela morte de Vargas e das eleições de 1955, tão conturbadas por rumores de golpe, agora vislumbram um horizonte novo, grande e contínuo como o horizonte de Brasília. O otimismo como era de se esperar, naturalmente atinge a todos os brasileiros e é a marca do presidente bossa nova, ou simplesmente o Nonô, como era conhecido em Diamantina. Tanta energia e entusiasmo se espalhou pela América Latina, quando Juscelino Kubitschek criou a Operação Pan-americana, que despertava os latino-americanos a buscarem forças para conter o subdesenvolvimento do continente. Seu dinamismo parecia não ter limites. Juscelino é o responsável por fazer o brasileiro mergulhar no otimismo e viver tempos de euforia e de esperança. O Brasil se desenvolveu como nunca no período de seu governo. A industrialização cada vez mais crescente e o acréscimo de empresas instaladas no Brasil fizeram acreditar que a solução existe de fato.

Juscelino Kubitschek deixou o governo e com ele deixou o povo com saudade de sua figura carismática. Pouco tempo depois o Brasil mergulharia num golpe militar e Juscelino foi exilado, e quando retornou ao Brasil, aposentar-se não estava em seus planos. Escreveu muito e continuou na vida pública, até que foi pego de surpresa pela morte trágica em acidente automobilístico, em agosto de 1976. JK não esperou a morte e nem contava com ela. Viveu intensamente e morreu no dinamismo de sua vida agitada. A morte, porém não levou seus ideais, e deixou para trás um grande pesar. Juscelino viveu sua vida, no seu tempo e dentro dos limites que existia, mesmo embora ele parecesse não conhecer limites. Contribuiu para a nossa história, nos deixando Brasília, um país mais industrializado e com mais oportunidades de emprego. Deixou ainda seu exemplo de amor pelo país, seu entusiasmo invencível diante de barreiras que pudessem parecer intransponíveis. É marcante para mim, em particular, reler sua fala ao chegar pela primeira vez ao planalto central, onde a capital seria construída, ao dizer que aquele lugar seco e inóspito seria o cérebro da nação e que dali lançava os olhos ao futuro do país. Estamos vivendo um ano de eleições, ano em que nos vemos diante de possíveis mudanças e de busca de novas soluções para problemas antigos. Quem dera nossos políticos de hoje ousassem sonhar um pouco mais alto, como os mineiros que olhar para cima, alçando vôos no infinito do céu, a exemplo de Juscelino Kubitschek. JK nos ensina que é preciso sonhar, é preciso acreditar no futuro e, em cada tempo, é necessário criar soluções, mesmo que tenham que ser inventadas e reinventadas e extraídas de um "planalto central" aparentemente sem chance e sem possibilidade de gerar futuro. Nós jovens gostamos da figura de Juscelino e o admiramos como homem sonhador e como homem sem medo do futuro, sem medo de tudo o que poderá vir. No passado, navegar foi preciso, mesmo contra todos os que se amedrontavam diante do mar desconhecido. Juscelino Kubitschek nos ensinou que sonhar é preciso. Hoje eu diria aos políticos que realizar é preciso. Pois já navegamos e já sonhamos, e JK já mostrou que é possível realizar. O mundo pode ser outro e não mais o de Juscelino, mas os sonhos ainda são os mesmos, desde a pré-história, que é procurar uma vida melhor para si e para os outros. Quem sabe tudo não muda com o nosso jeito de pensar e com a coragem de Juscelino Kubitschek. Seria bom se tivéssemos mais um Juscelino no nosso meio, mas como as pessoas se vão para sempre, resta sua coragem e audácia. Seu exemplo nos impulsiona e não vai nos deixar estagnados no tempo. Vamos em frente, temos um Brasil imenso a ser construído, temos a justiça a ser realizada e uma desigualdade a ser banida. Juscelino Kubitschek nos acompanha com seu exemplo e com seu sonho. Vamos olhar para frente e ver o novo e o futuro que está em nossas mãos. Ah Juscelino! Ah seu Nono! Como é difícil viver sem a tua companhia. Seu sonho não foi em vão. Sua vida não terminou. Seu sonho continua, e nos arrasta para frente para que todos nós possamos ter um sorriso tão largo quanto o seu. E sempre.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 14/05/2011
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