A ARTE DE APRENDER - AOS PROFESSORES

A ARTE DE APRENDER

Sei que não nasci completo. Nasci com as capacidades e faculdades de aprender e tenho me enveredado por esse caminho. Há algum tempo pensei que não precisasse mais aprender nada. Para mim tudo já estava resolvido e não havia mais o que fazer a não ser continuar a humilde existência do ser humano nesta terra e depois se transcender em busca do que nos aguarda ao findar a vida. Aprendi que aprender é difícil, é uma tarefa árdua e quase que impossível de se alcançar. Mas ainda bem que eu estava enganado, e ainda bem que percebi que estava enganado. Hoje creio estar no caminho da sede do saber. Estou aprendendo cada vez mais e percebendo, claro que muito mais se tem a aprender.

O primeiro passo é perceber o ser humano como um ser que aprende desde o seu nascimento até a morte. A aprendizagem torna-se uma arte porque exige abertura e exige também dedicação por parte daquele que se dispõe a aprender. Os educadores são a glória da humanidade e os aprendizes o seu futuro. Não penso que aprender e ensinar são tarefas iguais, mas também não creio serem desconectadas uma da outra. O processo de ensino-aprendizagem é praticamente único. Ensina-se o que se aprende e aprende-se o que se ensina. Para poder aprender tecnicamente os conhecimentos que movem a humanidade, as ciências, é preciso primeiro mergulhar dentro do contexto de si mesmo e aprender a se conhecer. Já dizia o filósofo que o ser humano precisa conhecer-se na sua profundidade e na sua plenitude. Conhecer-se é talvez a mais difícil das tarefas, visto que temos que lidar com limites, imperfeições, elementos negativos que temos dentro de nós e que nos incomodam coloca-los em exposição, mesmo que para nós mesmos. Mas não tem jeito, o autoconhecimento é o caminho para que possamos ser pessoas bem melhores.

Depois dessa etapa estamos prontos para seguir nossa jornada pela Terra e nos transformarmos em seres mais completos e mais próximos daquilo que Deus preparou para nós. Somos seres quase ilimitados, temos capacidades ainda insondáveis e ainda impensadas, mas a possibilidade de continuar estudando e compreendendo o outro e o mundo que nos cerca tem proporcionado entender que vivemos em conjunto, que somos uma rede da qual cada pessoa deve estar ligado e firme, sob o perigo e o risco de romper-se toda a teia da humanidade. Também como uma corrente, com elos que nos ligam naquilo que temos de comum.

Aprender tem se mostrado uma tarefa complexa, pois, transmite a sensação (real) de que quanto mais aprendemos temos mais que aprender. Parece que não acaba nunca. Isso é bom, aliás, porque permite que deixemos o mundo melhor, porque não queremos deixar para nossos semelhantes que estão por vir, um mundo cheio de injustiças, desigualdades ou completamente inabitável. Aprendemos com a natureza, aprendemos conosco mesmo, aprendemos com nossos mestres, mas, sobretudo, aprendemos que não se pode caminhar sozinho. A partir da observação do outro, da observação do espaço, compreendemos melhor onde estamos, porque estamos e podemos mergulhar dentro de nossa pequenez, e ver dentro dela a grandeza que somos. Aprender é bom, necessário e todos deviam aprender a aprender. Temos visto péssimos exemplos de alunos em escolas que parecem não fazer nada além do que esperar que o ano acabe e se passem para o seguinte. Que triste fim terá a humanidade com quem não quer aprender, com quem não quer melhorar, com quem não quer saber nem de si mesmo.

É realmente uma arte poder e conseguir aprender. Quem dera todos quisessem seguir e trilhar os caminhos do conhecimento. Também eu preciso do esforço para continuar. O tempo, o trabalho cotidiano nos sugam preciosas energias que nos impedem de enxergar um pouco mais além do horizonte. Mas, mesmo quando não o vejo, vislumbro sua existência e corro atrás dele, porque sei que atrás da montanha há um vale, que depois traz outra montanha, uma planície, outro vale e aí vai seguindo o curso. Aprender é transpor montanhas, admirar vales e repousar nas planícies. Por enquanto quero transpor os obstáculos e chegar à planície. Descansar um pouco e admirar por uns instantes as montanhas a serem vencidas. E assim no longo percurso da vida de aprendiz. Até o dia em que não for mais possível, que não estiver mais aqui. Mas até lá, o cansaço da subida e surpreendente vista do alto me perseguem.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 10/05/2011
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