Adaptação Escolar
Texto elaborado para reunião entre pais e professores no ínicio do ano letivo de 2011. Turma: Maternal III - idade 2/3 anos.
Crianças chorando, pais preocupados e ansiosos se espremendo na porta da sala de aula para certificarem que seu filho já se acalmou. Esse é um cenário comum no início do ano na escola, pois todos desejam que seu filho sinta-se bem no ambiente escolar e que sua adaptação seja tranquila.
Primeiramente, é importante enfatizar que a escola compartilha dos mesmos objetivos dos pais, que é o bem-estar da criança em um espaço que para ela é novo, portanto, um acolhimento de qualidade é essencial para adaptação dos pequenos alunos.
Baseada nos questionamento dos pais, procurei elucidar o que significa o tão mencionado período de adaptação. Afinal, o que significa essa palavra: “adaptação”? Quando posso considerar que meu filho está adaptado?
Palavra simples de entender, mas difícil de vivenciar. A adaptação escolar envolve basicamente experimentar situações novas que, muitas vezes, causam estranheza e medo.
Imaginemos a seguinte situação: você recebe uma nova proposta de emprego e resolve aceitá-la. Quando chega ao ambiente do seu novo trabalho tudo é diferente: seus colegas, a política da empresa, sua chefia, suas atribuições profissionais... Até os adultos têm sentimentos que demonstram ansiedade e receio, pois experimentam a transição entre o que era familiar e se veem em uma situação desconhecida.
Agora, imaginemos o que significa essa transição entre o familiar e o desconhecido para uma criança. O que acontece com as crianças quando entram na escola não é tão diferente com o que acontece com um adulto. Elas são inseridas em um ambiente desconhecido e começam a conviver com pessoas também desconhecidas. São tantas novidades que a primeira reação é o medo, a timidez, o olhar desconfiado... Todos esses comportamentos vão variar de intensidade e frequência, mas todas as crianças sentirão o mesmo.
Diante do exposto, precisamos ter em mente que a adaptação é processual. Não acontece em duas horas, nem em três dias. O trabalho do professor é durante todo o ano.
De modo geral, pode-se afirmar que a criança está adaptada ao ambiente escolar quando a mesma sente-se segura na escola.
Neste ponto introduzo outra questão de extrema importância para uma adaptação de qualidade: os adultos de referência para a criança precisam demonstrar tranquilidade e segurança no momento de deixá-las na escola.
A segurança para a criança está na sua família, dentro da sua casa, acompanhada de pessoas que ela conhece. Os pais devem estar cientes de que a decisão de colocar o filho na escola significa apresentá-lo a um ambiente novo e, por isso, estranho. Para amenizar o impacto da mudança de ambiente (casa/escola), explique para seu filho o significado da palavra “escola”, tentando apresentá-la sempre como um lugar agradável. Converse com ele e conte que, na escola, encontrará outras crianças com quem poderá brincar e divertir.
É igualmente importante que os pais demonstrem confiança nos profissionais e estejam certos de que a decisão de colocar seu filho na escola foi a melhor diante do contexto de cada família. Para exemplificar como essa relação de confiança pode tranquilizar seu filho, imaginemos outra situação: o professor aguarda a chegada do aluno e, no momento de despedir do seu filho, ele presencia a mãe ansiosa, com lágrimas nos olhos, deixando-o nas mãos de uma pessoa que ele conheceu há poucos dias. Provavelmente, ele pensará: “esse lugar é ruim e perigoso!” E quem quer ficar em um lugar “ruim” e “perigoso”? Chorar será a primeira reação!
Por esse motivo, a primeira conduta é demonstrar que confia no profissional que acolherá seu filho. Mostrar-se seguro, pois o adulto é a referência de segurança da criança. Quanto mais inseguros ficam os pais, mais insegura ficará a criança.
O choro é comum no momento da despedida e costuma durar dias. Logo que os pais e/ou responsáveis saem da escola, o choro cessa. Claro que cada criança se expressa de uma maneira e, se o choro for persistente, cabe ao profissional identificar os motivos e conversar com os pais. A parceria entre escola e família é essencial.
Por fim, a adaptação é um processo em que todos estão inseridos. Por vezes, é mais doloroso para os pais do que para os filhos esse período em que ficam separados.
O melhor caminho é sempre tirar as dúvidas e questionar a forma com que a escola conduz seu trabalho. A palavra-chave é confiança! Quanto mais consistente é o vínculo de confiança dos pais com os profissionais da escola, mais segura a criança estará e mais tranquila acontecerá a adaptação.