O imensurável valor da amizade
Proposta: Fuvest 2007
Tema: Amizade
Gênero: Dissertação em prosa
O imensurável valor da amizade
Dizem que ter um amigo é que nem ter um tesouro. Concordo com o pensamento, e acrescento ainda mais: a amizade é a fortaleza que nos protege do terrível fantasma da solidão. Decididamente é impossível viver na solitária, isolado de tudo e de todos, onde a escuridão ameaça a sanidade física e espiritual.
Sociedades tradicionalistas geralmente demoram mais tempo para construir laços afetivos. No entanto, quando firmados, os elos são preservados com toda cautela que os remete.
Apesar de modificar vários hábitos sociais, o decorrer dos anos não agiu muito sobre os valores sentimentais da amizade. Hoje em dia, o mundo exige que tenhamos cuidado na seleção das pessoas que realmente nos amam, atentando para seus possíveis interesses extra-sentimentais. Não devemos, entretanto, permitir que essas necessárias preocupações atrapalhem nosso desenvolvimento social e psicológico. Há, de fato, armadilhas camufladas em amizades, a exemplo de bandidos que se escondem atrás de admiráveis personalidades virtuais, ou que trajam máscaras referentes ao modismo atual, cativando e enganando conforme sua aparência vistosa; existem ainda os maledicentes, cuja sinceridade baseia-se em pura falsidade, utilizada pelos mesmos em interesses próprios e imundos, normalmente movidos por inveja e despeito.
Embora hajam perigos na seleção, a amizade é intensamente benéfica e acolhedora. Nos faz bem mental e espiritualmente poder contar com alguém para sorrir, desabafar, abraçar... enfim, dividir todos os tipos de emoções. Essa relação afetiva de valor imensurável independe de sexo, raça, cor, etnia, religião e dinheiro. Ela depende apenas da capacidade de amar e respeitar.
Em suma, a amizade é um dos bens mais preciosos da vida, superando a importância de qualquer reino, e tão necessária para nós quanto a poesia para o poeta. Após tanto analisar, concordo com os seguintes versos de Fernando Brant e Milton Nascimento: “Amigo é coisa pra se guardar, / Debaixo de sete chaves, / Dentro do coração [...]”.