Magia do pé de feijão

Menina da roça que cresceu na cidade, com o tempo fui perdendo o contato da terra.

Cada vez a mente voava mais e mais com as descobertas mirabolantes da ciência e tecnologia, a mente ia com o homem à lua e voltava sôfrega para o cubículo de concreto.

No teto desenhava demente, imagens que estonteava a alma...

Depois tinha a sensação de aquilo tudo desabando em cima da minha cabeça, e entre a loucura da criação e o pânico da coisa desabando, sempre me via na agonia.

Certa feita, fui passar umas férias na casa da tia Cida, em Minas Gerais.

Manhãzinha da segunda, pós café com bolo de milho verde e tudo, resolvi ir com ela para a roça. Ela ia carpir feijão. Eu não me lembrava de um pé de feijão e muito curiosa, lá fui eu com ela, campos afora...

Quando vi o pé de feijão pela primeira vez, encanto me tomou de forma plena. Que coisa mágica!!!

Depois vi outros frutos, flores, pássaros, borboletas... Mas aonde estava o pé de macarrão? Minha tia riu muito e me explicou que aqueles grãos de trigo é que serviriam, depois de triturados, como massa para se fabricar o macarrão.

Acho que muitas crianças do nosso tempo, como eu, naquele tempo, não sabem o que é um pé de feijão, como é a vida do homem do campo, que acorda com o sol para preparar a terra, semear o grão, cuidar da granadura e colheita daquilo que vem à sua mesa, empacotado por processo industrial. Acho que a metade do ciclo mágico da vida, fica aquém de suas vãs filosofias. E quanta falta faz se saber de como a vida funciona para se bem viver.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 18/04/2011
Reeditado em 14/03/2014
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