Mãe e filha entraram no majestoso prédio da justiça. A menina contava três anos, os cabelos estavam caprichosamente penteados em cachos e emolduravam a tez morena, ornava-lhe um lindo e florido vestido de algodão com laço na cintura , o par de alpergata de couro enfeitava-lhe os pequenos pés. Ainda que na tenra idade, não lhe escapou a angústia da mãe. Sentia- a porque a mãe apertava-lhe a mãozinha de maneira estranha,  ela não lhe sorria como de hábito, a voz dela não ecoava alegre junto àquelas pessoas...Sim, havia algo errado, apreediam os olhinhos infantis...Foram levadas a uma grande sala, um homem ocupava uma mesa central. A criança percebeu que falavam dela, as pessoas adultas vez ou outra olhavam-na, e tal era a seriedade deles que ela não lhes sorriu...As mãozinhas permaneciam presas nas da mãe, que as apertava cada vez mais...Doia aquele aperto, não na mão, mas  no peito da menina. Sentiu em sua inocência a  inexplicável dor que a mãe sentia...A conversa dos adultos terminara, alguém disse algo para a mãe, que se voltou para a filha, sem a olhar nos olhos, e a abraçou, abracou, abraçou...A criança sentia que estava no lugar certo, nos braços da mãe, em seu colo, sentindo a fragância dela (Alfazema), mas o abraço que a mãe lhe costumava dar, não era assim, tão doloroso, tão dolorido...E ela, em sua inocência, também apertava com os bracinhos curtos, forte, cada vez mais forte, a querida mãezinha..."Eu já volto" disse-lhe a mãe, enquanto colocava-a sentada em um banco no corredor daquele lugar, ao lado de uma estranha mulher...Ela sentou-se obedientemente,  viu a mãe entrar em outra sala... a porta que se fechou atrás de sua mãe, tornou-se o seu altar de adoração...O tempo passou, a porta abriu-se,  não foi a mãe que veio ao seu encontro, mas outra estranha... A menina levantou-se, correu para o interior da sala, em busca da mãe amada, não a encontrou, ela havia partido...Os pequenos olhos marejados recusaram-se a verter as lágrimas, era como se soubessem da inutilidade do sentimento...Levantou os olhos  para as estranhas, que a conduziram pelos longos e frios corredores daquele palácio...Os passos dela e das estranhas ecoavam ...sinal de silêncio...


Angela...:)