Entre o céu e a Terra I
Entre o céu e a Terra há estrelas que escondem soluções que queríamos ter. Há muito espaço entre esses espaços para não haver argumentações no mínimo sérias sobre o que fazemos em movimento no espaço.
Quando olho para o céu, vejo todas as perguntas que faço desde criança. Vejo-me nascendo e os meus pais assustados com seu primeiro filho. Imagino o que se passava antes comigo e fico questionando se estar aqui não é resultado de uma escolha.
Olhando para cima quero saber se as respostas virão depois da morte e chego por segundos a desejar essa saída. Haverá um sinal de vida depois dessa passagem? Mesmo que não haja uma resposta clara, há sem dúvidas a certeza de que a única saída para todos é essa.
Ninguém é tão bom que possa encontrar outro meio de fazer a passagem. Ela responde tudo, ainda que a resposta seja omissa o suficiente para não chegarmos a lugar nenhum depois daqui. Olhar para o céu aguça minha curiosidade. Ahh como eu gostaria de subir para ver tudo aquilo de perto!
Claro que essa sensação vem à noite quando a escuridão “clareia” o espaço tornando-o mais parecido com o que ele realmente é. Quando isso acontece há um desconforto que parece dizer que a Terra é uma prisão diante de tudo o que existe. Coisas que não sabemos, ao certo, se vamos conhecer.
Quem teria criado tudo isso? E se não foi ninguém, o que teria iniciado essa viagem? Para mim é muito difícil olhar para tudo e para todos e ver que cada tem seus sonhos nessa plataforma, como se essas perguntas estivessem respondidas. Isso parece tão superficial que aponta para a alienação.
Não consigo ver com naturalidade tanto esforço para sabe-se lá o que acontecer no final! As pessoas ficam tão ligadas em seu cotidiano, como se isso não fosse vital. Sinceramente não consigo manter uma boa sintonia com essa realidade.
Aí me pego perguntando se haveria um Deus, já que a fé me parece algo de iniciativa. O sujeito resolver acreditar e acabou. Não se registra nada de fato sobrenatural que prove a existência de alguém que realmente se importa conosco.
Por outro lado, as coisas naturais parecem falar que é muita coincidência haver tudo o que há e nós existirmos com a capacidade de entender tudo o que é material. E constatar ainda que se possa coexistir nesse meio e se alimentar dele.
Tudo o que podemos ver e que conseguimos modificar, ou não, parece dizer que fizeram esse mundo para que realmente vivêssemos nele. Mas falta uma interferência sobre como estamos vivendo e matando tudo o que está em nosso alcance. Pensar isso é como se o rato de laboratório pudesse questionar o seu mundo.
São questões certamente tão antigas quanto a humanidade, mas na mesma profundidade autênticas, ao que me parece. Chegamos e vamos, sem saber de onde e nem para onde. Um dia você já pensou nisso com certeza.