O MENDIGO

Ali estava ele, sentado sempre no mesmo local, a espera de uma alma bondosa para ajudá-lo. Com roupas maltrapilhas e sujas que deixavam aparecer visivelmente os seus pés descalço e cansados de tanto vagar.

Um homem aparentemente jovem, mas um tanto envelhecido pelo sofrimento, era alto e muito magro, parecia ser de boa família. A cor de sua pele era duvidosa, pois estava manchada e maltratada pelo sol. O cabelo era preto, liso e bastante denso. O seu rosto emitia uma aparência repulsiva; demonstrava tristeza, mas de vez em quando recebia uma moeda e esboçava um sorriso de agradecimento, o qual fazia aparecer a falta de alguns dentes. O nariz era adunco e largo. Tinha olhos grandes e penetrantes, vazios, talvez pelo destino que a vida lhe reservou. A sua boca era composta por lábios finos, e sempre que passava alguém, ouvia-se um murmúrio que destonava sua voz fraca, pois há vários dias não comia.

Ele chamava a atenção de todos, pela sua quietude e paciência, mesmo sendo um mendigo tinha um carisma impressionante, atraía os olhares inquietantes das pessoas que por ali passavam. Expressava-se muito bem e tinha um toque de humor e lirismo em suas palavras, por isso, os curiosos o admiravam e o respeitavam.

Aquele mendigo era especial, pois guardava em sua memória um passado e lembranças de um poeta renomado da sociedade, eis aí a razão de transmitir tanta sabedoria, e ao mesmo tempo uma lição de vida, pois a bebida tinha sido a sua perdição. Conhecê-lo naquela situação foi cruel, porém, guardo até hoje a emoção daquele momento e as nobres palavras de um ser tão autêntico.

ESPERANÇA VAZ 07/04/2011.

Esperança Castro
Enviado por Esperança Castro em 08/04/2011
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